Você é a inspiração

162 36 83
                                    

Sábado

Ponto de vista de Toya

Finalmente o sábado chega. Nós ficávamos no telefone praticamente todas as noites, a noite inteira, conversando. E eu ia dormir com borboletas no estômago, pensando nele, lembrando dos toques, dos beijos e pensando em tê-lo comigo. Em nossa última noite juntos, ficamos abraçados, desejando nunca precisarmos nos separar novamente.

Eu tinha até sugerido a ele que se mudasse de uma vez para a minha casa. Mas Eduardo queria me dar tempo de se acostumar com ele, de conhecê-lo. Eu não precisava de nada disso. Eu só precisava dele. Eu nunca senti tantas saudades de alguém.

E aqui estou eu, no aeroporto, esperando por ele. Eu deixei as coisas prontas lá em casa, mas sabia que ele ainda tinha muito para arrumar na nova casa dele. De qualquer forma, eu não saio de perto dele até precisar ir para o trabalho na segunda.

Vejo que o avião acaba de pousar. E eu estou tão ansioso. As pessoas começam a sair da área de desembarque, mas nada de Eduardo. Eu estou tenso e pensamentos destrutivos começam a tomar conta de mim. E se ele mudou de idéia em relação a mim? E se tudo não passou de uma brincadeira sem graça? Ou então, com a distância, ele percebeu que não vale a pena ficar com alguém como eu?

Quando ele aparece, olhando diretamente em minha direção e caminhando para mim, as dúvidas  desaparecem. Eu estou preso àqueles olhos fantásticos e indo ao encontro dele, que larga as malas e me abraça apertado.

- Oi, lindo! Eu estava sentindo tanto a sua falta... - e afunda o rosto em meu pescoço.

- Não mais que eu... me diz, como eu posso viver sem você??? Você agora é o ar que eu respiro...

- Lindo, você precisa me avisar quando for tão romântico assim. Meu coração não aguenta... - e ele ergue meu queixo e cola seus lábios nos meus.

Tudo começa a girar ao meu redor e eu me agarro ainda mais a ele. Ficamos assim algum tempo, no meio do aeroporto, até que eu penso que ele deve estar cansado e precisando ir para casa.

- Eduardo, vamos? Você deve estar cansado. Eu vou te ajudar a se organizar.

- Vamos, lindo. Eu tenho uma surpresa para você.

- Tem? O que é?

- Toya, amor, qual foi a parte da surpresa que você não entendeu? Em casa você vai ver. Prometo.

Passamos o caminho inteiro conversando, como se não o tivéssemos feito desde que nos separamos. Ele estava com a mão em minha perna, e eu precisei de muito autocontrole para não parar o carro e agarrá-lo. Porque mesmo que o toque dele me dê segurança e conforto, ele acende o fogo nos recônditos mais profundos do meu ser.

Eu estaciono no prédio dele e levamos as malas para cima. Era a primeira vez que eu entrava em seu novo apartamento. Ele é uma pessoa muito organizada. O apartamento tinha móveis de muito bom gosto. A decoração era feita em tons neutros, com alguns detalhes coloridos.

- Você decorou tudo sozinho?

- Sim, lindo. Inclusive a estante fui eu quem fez. Você gostou?

- Você é muito talentoso! Está tudo lindo demais!

Eduardo poderia ter sido um arquiteto de sucesso. Talento não lhe faltava. Mas algo mais chamou minha atenção no ambiente, me deixando em choque. Na sala, em lugar de destaque, estavam duas pinturas grandes. A primeira, retratava um dia de primavera em um campo florido.  Ao longe, via-se um rio.

Mas não era qualquer campo. E nem qualquer rio. Era o campo onde eu passei minha infância e adolescência, na casa de minha avó. A pintura era perfeita, até nos mínimos detalhes.

Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora