O sexteto - parte 2

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Sábado
Ponto de vista de Arthur

Nós saímos 15 minutos atrasados para encontrar os amigos de Daichi. Eu não estava contando dele me pegar em flagrante terminando a escultura. Eu ia muito com ele à praia e a idéia de fazer a peça veio num destes dias, logo depois de, oficialmente, começarmos a namorar. Eu tirei então algumas fotos e optei pelo bronze como material. Apesar de ser pequena, com 30 cm de altura, foi bem difícil fazê-la, já que nós não nos desgrudávamos um minuto. E eu queria fazer surpresa. Desse modo eu usava as horas antes do amanhecer, enquanto ele estava dormindo e voltava antes que ele acordasse.

O encontro dos amigos seria em um restaurante à beira mar. No colégio eles eram inseparáveis, mas os compromissos e a vida agitada não permitiam tantos encontros quanto eles gostariam. Eu conhecia quase todos os amigos de Daichi, exceto por LinCheng Wang, que mudou de cidade para ficar perto de sua namorada. Os outros vieram me visitar assim que eu tive alta do hospital. Rafael e Fernando também apareceram assim que voltaram da viagem de lua de mel. Quanto mais os conheço, mais gosto deles. Além dos amigos, Maja e Philip, irmãos de David, também estariam presentes. Era uma multidão!

Tomyo, namorada de LinCheng foi apresentada a todos. Era sua primeira vez na capital e ela viera conhecer a família Wang. Fernando e Rafael chegariam um pouco atrasados porque iam pegar o primo de Fernando, que havia se mudado para a capital, depois de alguns anos no exterior.

Quando eu vejo Rafael se aproximar eu abro um enorme sorriso. Nós ficamos realmente amigos e eu o admiro por seu jeito brincalhão e generoso de ser. Mas meu sorriso dá lugar à perplexidade quando vejo que, ao lado de Fernando, caminha um passado que eu pensei ter deixado para trás depois da minha primeira noite morando aqui.

No segundo seguinte, Daichi está ao meu lado, enlaçando minha cintura possessivamente.

- Oi Arthur! Você está melhor? - Eu me recupero do choque e abraço Rafael.

Eu estou sim! E com vocês?

- O de sempre. Mas hoje o dia promete!

- Oi Arthur, oi Daichi! Este é Cláudio, meu primo. Cláudio, estes são Arthur e Daichi.

Eu não consigo desviar meu olhar de Cláudio e de relembrar a famigerada noite em que eu resolvi ser de quem me quisesse. Será que ele vai falar alguma coisa?

- Olá Arthur, olá Daichi! É um prazer revê-los.

- Revê-los? Vocês já se conhecem? - Fernando pergunta, intrigado.

- Nós nos vimos em um bar e conversamos um pouco. Mas isso foi há alguns meses já, Fernando. - O próprio Cláudio resolve a situação.

- Interessante a cidade ser tão grande e vocês três terem se esbarrado. - Diz Rafael, totalmente alheio à tensão do momento.

- A vida é realmente curiosa... - Diz Cláudio piscando para nós.

A mesa era enorme e ainda assim eu acabei me sentando entre Cláudio e Daichi, e claro que não pude evitar as lembranças daquela noite, para meus pesares. Cláudio é bastante astuto e percebe meu nervosismo. Todavia, ele me surpreende ao dizer para mim, baixinho.

- Não fique assim nervoso! O passado é passado, e eu percebi aquele dia que vocês são muito compatíveis. Fico feliz por estarem juntos! E eu não me importaria de ganhar dois amigos, se vocês quiserem.

Aquelas palavras me acalmam e me deixam mais confortável. Eu olho em seus olhos e respondo com sinceridade:

- Claro que queremos.

Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora