Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)

Karaokê

Ponto de vista de Daichi

O resto da semana passou depressa e sem conflitos. Arthur ainda insistindo em manter o que tínhamos em segredo e eu tendo que me controlar a cada 5 segundos para não arrancar Toya e o Milton de cima dele aos socos.

Incorporamos as visitas à praia após o trabalho em nossa rotina. E eu passei a deixar uma calça de pijama no apartamento dele e ele fez o mesmo no meu apartamento. No fundo, eu queria dizer a ele que podíamos ficar no mesmo apartamento. Até porque eu não dormia sem ele mesmo. Mas não queria que ele se sentisse obrigado a morar comigo assim. E eu ainda não tinha juntado coragem para dizer as palavras que Arthur precisa ouvir de mim. 

Quando a sexta-feira chegou, junto com a tal saída depois do expediente, eu comecei a ficar inquieto. Eu gosto de todos no escritório, mas eu realmente estava desesperado para ficar a sós com ele.  Eu queria uma noite com ele, sem precisar acordar cedo no dia seguinte. Estávamos dormindo, em média 4 horas por noite, porque não conseguíamos conter o desejo. E Arthur sabe bem como me fazer perder o controle. Eu não consigo negar nada a ele.

Estou saindo da minha sala, pronto para me juntar ao pessoal, quando vejo Toya e Milton disputando a atenção de Arthur. Mas será possível? Na noite anterior eu havia conversado com ele sobre isso, mas ele me garantiu que, da parte de Toya, era apenas amizade. O que Arthur tem de lindo, tem de cego. Se Toya quer apenas amizade, eu sou o imperador do Japão.

Quanto ao Milton, Arthur garantiu que pode se cuidar. Iori disse que eu era uma raposa velha porque não conheceu o sujeito. Eu me mantinha discreto, mas já ouvira falar sobre o comportamento dele com outros funcionários. E isso não me agradava. Mas Milton era extremamente esperto e jamais fazia nada que pudesse complicá-lo. Além disso, ele era altamente bajulador com otousan e com o sr. Lopes, que não viam seu verdadeiro caráter.  Mas se ele se meter com Arthur e o machucar, ele será um homem morto.

Ponto de vista de Toya

Sexta feira e estamos a caminho do karaokê que escolhemos. Eu estou animado, porque assim vou poder conhecer o Arthur fora do escritório. Eu fiquei em cima dele a semana inteira, mas também precisava dar conta do meu trabalho. Por isso minha felicidade com a chegada do fim de semana. Ainda mais porque ele concordou em sair comigo no domingo.

Já fazia tempo que eu não namorava. Meu último relacionamento durou muito pouco e ele não estava interessado em algo duradouro, como eu. Eu já tenho 29 anos e não quero mais ficar brincando por aí. Arthur parece um cara muito legal, além de lindo. O único problema é que Milton está em cima dele. Aliás, Milton parece uma ave de rapina. Assim que vê Arthur, ele gruda nele. Sinto que Arthur está desconfortável com as atenções de Milton, mas tenta manter a simpatia e postura.

O grupo está animado, todos conversando e Laura e  Carla, abraçadas, pareciam que iam a um show internacional concorridíssimo. Gustavo estava conversando com Túlio e Seiji. Daichi ia mais atrás, calado. Roberto conversava com John e Pedro, que é engenheiro da equipe de John. Ricardo e sua equipe não puderam comparecer, mas marcaram outra saída em algumas semanas. Eu andava ao lado de Arthur e Milton, claro, estava grudado em nós.

Ponto de vista de Seiji

A esta altura o Iori está chegando. Imagina a surpresa dele quando for pegar a chave. Está bem, eu brinquei de cupido!!!Eu falei com David, consegui o endereço da Júlia, vi que o apartamento ao lado estava para alugar e fiz minha mágica. Eu sou muito bom nisso. Basta Iori não meter os pés pelas mãos com sua timidez. Júlia é realmente perfeita! E nós ficamos amigos. Foi como um encontro de almas. E amizade é algo que não dispenso, já que amor parece estar fora da minha vida. Eu ainda não encontrei meu destino. E não foi por falta de tentativa. Mas com minha sorte, não o encontrarei tão cedo. Talvez nunca...