Arthur?

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Ponto de vista de Toya

Como eu pude me iludir dessa maneira? Eu deveria ter adivinhado! Arthur é uma pessoa boa e, como tal, não iria fazer nada para me magoar. Eu não fui claro o suficiente nas minhas tentativas de fazê-lo me notar.

Se ele tivesse percebido, teria me dito na hora que está apaixonado por Daichi. Ou pelo menos que está envolvido com outra pessoa. Ele não confirmou seu amor por Daichi, mas eu vi nos olhos dos dois na sexta. Estava muito claro o envolvimento romântico deles. Daichi nunca foi de se envolver com ninguém, mas via-se que, com Arthur, é diferente.

Por isso eu nem procurei Arthur para o cinema hoje. Eu jamais me meteria entre os dois! Mas quando ele me ligou, eu fiquei tão contente! E iludido. Eu achei que talvez eu tivesse uma chance. Mas estava enganado. Bem, pelo menos não ficamos com um clima estranho. E, para ser sincero, estou aliviado que não tenha dado certo. Não sei exatamente por que... O importante é que continuaremos amigos. Só que eu continuarei sozinho. E estar só é muito triste...

Amanhã eu tenho trabalho, mas estou realmente precisando afogar minhas mágoas. Não por causa do Arthur, mas por causa da solidão. Não vou beber demais, mas vou me permitir sofrer um pouquinho. Amanhã eu coloco meu melhor sorriso, como se nada disso tivesse acontecido. É, eu sei que vai dar muito certo. Não há porque não dar certo.

Eu entro no primeiro bar que eu encontro e peço logo uma dose de conhaque. Eu prefiro cerveja ou vinho, mas hoje vai ser algo mais forte. Fico um bom tempo olhando ali o copo, até tomar coragem de tomar tudo de uma única vez. O líquido cor de âmbar queima minha garganta e eu começo a tossir. Mas logo estou bem de novo e peço mais um.

- Oi, eu posso me sentar ao seu lado?

Fico sobressaltado com a voz sexy e rouca ao meu lado. Quando levanto a cabeça para ver quem é meu interlocutor, levo um choque.

- Arthur?

- Do que foi que você me chamou?

- Por favor, me perdoe. Eu não disse nada. Sente-se por favor.

O estranho era muito parecido com Arthur. Meu coração estava batendo feito um louco. Não sei se do susto ou porque aqueles olhos verdes eram espetaculares. Bem mais que os de Arthur...

- Você vem sempre aqui? Mora perto?

- Eu... na verdade não. E você?

- Eu venho de outra cidade. Mas estou de mudança, então estou resolvendo algumas coisas. Estou em um hotel aqui perto e resolvi descer para tomar alguma coisa.

- Você não tem baixa tolerância ao álcool? - Não sei o que me fez perguntar isso a ele, mas eu ainda estava incrédulo.

Se for o Arthur querendo fazer uma pegadinha eu vou descobrir. Mas pode ser que eu já esteja sob o efeito do álcool e não esteja vendo o estranho direito. Talvez seja algum tipo de alucinação.

Eu também ouvira falar que todos nós temos um sósia em algum lugar do planeta. Talvez ele fosse o sósia do Arthur? O pensamento inusitado quase me fez rir.

- Eu? Não! Eu posso beber bastante e continuar sóbrio. Mas e você? Não me parece que você aguenta muita coisa. - Ele aponta para meu segundo copo pela metade.

- Pode ser, mas eu hoje vou afogar minhas mágoas. - Digo já não me importando com o que ele saiba sobre mim. Nada mais importa.

- E pode me dizer por que está querendo afogar as mágoas?

- Porque eu estou sozinho. Ninguém me quer.

- Como assim ninguém quer um colosso como você? Eu quero.

Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora