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                              Any Gabrielly
Hoje tive o belo prazer de acordar com os berros da minha mãe dizendo que a gente estava atrasada, e um dia na minha vida depois de anos consegui acordar feliz, sabendo que iria pra longe do meu pai. Levantei da cama num pulo e me olhei no espelho, ABERRAÇÃO é a palavra que me define agora. Oque adiantou as quatrocentas skin cares de ontem?

Tomei um banho rápido no chuveiro mesmo, sem molhar o cabelo, e assim que sai passei a máscara removedora de cravos, com o treco gelado na olheira para ao menos tentar disfarçar.Logo botei minha roupa, optei por uma confortável, vão ser no mínimo três horas e meia de viagem num carro apertado, por mais que eu tenha insistido que mamãe tentasse usar o jatinho do meu pai, mas não funcionou.Coloquei uma calça de moletom cinza, com meu tênis Air Force que Sav me deu, a blusa preta de gola comprida e alguns (muitos) acessórios pra complementar o look.

Estou pronta.

Desci minhas 3 malas pro andar de baixo, usando o elevador porque não sou boba, e tive o desprazer de encontrar com meu pai tomando café na mesa.A posição que ele sempre fica, segurando a xícara de café com a mão esquerda e o dedinho levantado, e na mão direita o jornal que ele faz questão de comprar por si próprio.

— Sente-se para tomar um café da manhã adequado Gabrielly. — Meu pai disse, mesmo que sem tirar o olho do jornal.

—Não estou com fome, portanto não tem necessidade de me sentar.

—Eu estou mandando que sente, por acaso lhe pareceu que fosse um convite? — virei os olhos encanto puxava a droga da cadeira para sentar. — Você irá ficar 3 meses fora e eu lhe peço com todo meu coração para que tente não manchar a história do seu sobrenome. Não estarei lá para te impedir de usar esses biquínis horrorosos em público, e nem para te alimentar corretamente. Deixei o seu cronograma com sua mãe, e aí de você de não segui-lo!

—E eu já te aviso que não vou seguir! Estou indo para lá justamente para ficar longe de você, longe se tudo isso! Você me da nojo pai, nojo!— Num impulso meu pai levantou da cadeira e segurou meu queixo com força.

—Eu te dou nojo Gabrielly?Te olhar no espelho não te da nojo? Ver seu cabelo, seu corpo completamente horríveis não te da nojo? — Apertou com mais força, já estava me machucando — Eu passei toda minha fodida vida sustentando você, cuidando para que você não virasse uma obesa nojenta, e é assim que você me agradece? — por favor mãe aparece —Eu deveria ter te jogado naquele rio quando tive a oportunidade, e eu ia fazer questão de nadar naquelas águas todos os dias e agradece-las por terem te matado.

O jeito que essa frase me atingiu nunca conseguirei descrever.Meu próprio pai passou toda sua vida desejando minha morte, me odiando, me maltratando, eu não aguento mais. O meu queixo dói, dói muito, mas essa angústia no coração dói bem mais.

—Any, vamos?— Sequei a maldita lágrima que insistiu em descer e a respondi.

—Sim mãe!Estou indo.— Meu pai me soltou e fez questão de acenar com aqueles dedos enrugados, e eu, fiz questão de mandar o dedo do meio enquanto dizia " Que você se foda " em português, ele nunca ira entender mesmo.

Smith, nosso fiel escudeiro carregou nosso carro e estávamos prontas pra ir.Minha mãe teve que parar no primeiro posto para encher o tanque, enquanto do carro eu fungava todo o cheiro de gasolina que entrou nele, eu juro por Deus que compraria um perfume com esse cheiro pra lascar no meu quarto.Minha mãe entrou no carro novamente e seguimos estrada. Por ser muito cedo, ainda conseguimos captar um nascer do sol incrível, e espero que esse seja o primeiro de muitos, sem meu pai.

Bood Intentions - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora