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                              Any Gabrielly

Finalmente chegaram minhas férias, finalmente me vejo livre daquele inferno de tortura que chamam de escola, eu já não aguentava mais acordar cedo, colocar uma máscara no rosto e fingir que tá tudo bem. Agora estou em casa, e só falta uma prova pra eu sair dessa droga! Pelo menos aqui, só preciso aguentar meu pai, e não as 500 pessoas que também me odeiam na escola.

Eu nunca vou entender como alguém normal consegue gostar de frequentar esse lugar, não pode ser somente eu que nunca viveu um momento mágico nela, ou então nunca me vi feliz em qualquer canto dela. A única coisa que me trouxe de bom foram minhas únicas amigas, Savannah e Shivani. Elas são literalmente meu tudo, não me vejo sem elas daqui pra frente.

Mas infelizmente de qualquer modo iremos nos separar, queremos faculdades diferentes, cursos diferentes e rumos de vida diferentes, mas minha vó sempre me diz e eu levo isso pra vida, um amigo de verdade é como um irmão, você não pode simplesmente esquecê-lo ou esquecer tudo que viveu com ele como um vestido.

—Gabrielly faça o favor de descer aqui!

Meu pai, voltamos nele novamente. Desde que eu era pequena, meu pai tem um certo ódio de mim por não ter nascido menino igual ele sempre sonhou, mas nos acostumamos a viver com isso, mas com o passar do tempo, ele começou a me ver como seu manequim perfeito. Já fiz aulas de etiqueta, de endireitamento de coluna, sou obrigada a fazer exercícios todos os dias e não posso comer nenhum tipo de doce na frente dele.

Como se isso já não fosse o suficiente, escuto 500 horas por dias xingamentos, julgamentos e olhares de desgosto do meu pai quando simplesmente levanto da cama e não troco o meu pijama pra ir dormir, ou quando não arrumo meu cabelo "que parece um bombril assado" da maneira "correta" perante aos olhos do meu pai que se acha Deus.

Me machuca ouvir isso do meu próprio pai, óbvio que machuca, mas sempre que choro tenho minha mãe pra me confortar, ela é minha melhor amiga, a minha irma mais velha, as vezes sinto que ela sabe que meu pai está errado, mas tem medo de falar e eu entendo, consigo aguentar isso por mais um tempo, eu acho.

—Oi Pai.

—Primeiramente, arruma essa coluna toda torta, tenha modos para falar com seu pai, todos aqueles meses pagos para você na aula foram em vão?

—Talvez tenha sido.

—Oi?

—Eu nunca quis fazer, fiz apenas pra te agradar.

—Claro Gabrielly, me agradar coisa nenhuma, fez pelo seu bem porque sabe que anda de um jeito horrível, pavoroso. — Ele suspirou fundo — E me faça somente o favor de arrumar esse cabelo ridículo!Como tem coragem de sair do seu quarto assim?Você deveria ter vergonha de cogitar continuar com um cabelo assim.

—Pai eu já pedi educadamente para você não falar do meu cabelo assim. Eu amo ele do jeito que é por favor..

—E eu já disse que tenho vergonha de ter uma filha como você!

—Pai.. — dei meu máximo para segurar meu choro

—Pai... que palavra mais estupida!

—Leonardo por favor não fale assim com sua filha. — minha mãe disse enquanto descia as escadas toda encolhida.

—Filha? HAHAHAHAHA Por acaso EU LEONARDO PEDI PRA TER UMA FILHA, UMA FILHA ALGUMA VEZ NA VIDA PRISCILA?

—É o fim pra mim...

Subi as escadas com as lágrimas já em meus olhos, bati a porta do meu quarto e gritei no travesseiro na tentativa de não ouvir oque diziam na gritaria lá em baixo.Eu costumo não enfrentar, mas ele tocou no meu ponto fraco, eu nunca pedi pra ser filha dele, por mais que eu o amo, nunca pedi pra vir mulher, eu queria poder mudar e fazer ele feliz, mas sei que é impossível então...

Bood Intentions - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora