Capítulo 6

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Passei o resto da manhã enfiada em minha sala. Toda vez que me recordava da reação do senhor Cooper mais cedo, praguejava comigo mesma tentando esquecer aquele momento constrangedor. Para evitar gastar mais energia do que o necessário naquilo, coloquei uma música nos fones de ouvido e me joguei de cabeça nas tarefas do dia. No entanto, um pouco antes das onze, recebi um e-mail dele pedindo alguns relatórios da semana. Na última linha do texto, estava escrito: Passe na minha sala antes do almoço.

Juro que senti meu coração parando por alguns segundos quando li aquela frase. Desde então, meus impulsos não me deixavam parar de olhar as horas no relógio. E, por Deus, nunca vi os minutos passarem tão depressa!

E se eu fingisse que não vi o e-mail?

— Droga, Eivy! Não seja tão covarde! — murmurei comigo mesma — Você não é assim! Vamos lá. — Me levantei decidida a ir até a sua sala. Entretanto, uma leve batida na porta me faz contrair o corpo e sentar novamente.

Quando vi cabelos loiros ao enfiar a cabeça pela fresta da porta, relaxei o corpo na cadeira. Era só a minha amiga.

— Oi, Emma. Pode entrar.

— Só vim pra te perguntar se não quer almoçar aqui. Estava pensando em pedir comida, o que acha?

Nós sempre comíamos juntas. Virou um hábito desde que nos aproximamos. Todos os dias na hora do almoço, escolhíamos um restaurante e ficávamos conversando até o horário de voltar para o trabalho. Isso quando não íamos ao shopping comer fast food e fazer compras.

— Acho ótimo. Quero algo bem gorduroso hoje. Amanhã vou procurar uma academia pra cuidar da saúde. Você acredita que estou ofegando ao subir uma escada de dez degraus?

Ela gargalhou adentrando mais na sala.

— Também estou precisando. Pena que não moramos próximas para irmos juntas.

Abri a bolsa pra lhe dar a minha parte do dinheiro.

— Como está o humor do senhor Cooper? — questionei como quem não queria nada, só para sondar se o ambiente estava hostil demais para eu ir até lá.

— Por incrível que pareça, ele não falou comigo hoje, mas por que? Aconteceu alguma coisa?

Dei o dinheiro em sua mão e sorri sem jeito.

— Ele mandou eu passar lá na sala dele.

— E? — ela ergueu as sobrancelhas, confusa.

— Sei lá. Fiquei pensando se ele não achou que eu estivesse... — limpei a garganta — dando em cima dele.

Emma sorriu fechando a porta atrás de si.

— Você dando em cima do senhor Cooper? De onde tirou isso? Perdi alguma coisa?

— Ai, sei lá... Hoje mais cedo ele ficou estranho depois do lance do perfume.

— Claro, né, Eivy. Você enfiou o nariz no pescoço do homem!

Senti meu rosto esquentar ao relembrar.

— Para, Emma! — Pus as mãos nas têmporas, sorrindo. — Você sabe que não foi minha intenção. Não fico com um homem desde o Matheus. E não ia dar em cima do meu chefe.

— Eu sei, relaxa. Mas..., você não acha que está na hora de seguir em frente amiga? Sei lá..., ficar com alguém não quer dizer que está traindo a memória dele.

Respirei fundo mostrando meu incômodo com aquela conversa. Aquele não era o motivo principal de não me relacionar com outra pessoa, mas o fato era que mesmo depois de um ano da morte do Mat, não senti atração por ninguém e nem tinha pensado nisso. Por muitas vezes me senti vazia. A solidão não me incomodava tanto quanto antes.

A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora