capítulo 23

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Fomos eu, minha mãe e Emma no carro do Dylan, enquanto Cat e Aleff vieram logo atrás, nos seguindo.

Pelo que entendi, passaria um tempo na casa do meu chefe até eu me recuperar e as coisas ficarem seguras. Mal acreditei que minha mãe havia concordado com aquilo. Nós duas ficaríamos um mês morando com os Coopers, e só quando eu estivesse completamente curada, ou o Sebastian preso poderia retornar para meu apartamento.

Eu achei um completo absurdo, tentei argumentar, mas eles estavam irredutíveis.

Assim que chegamos à mansão, não pude deixar de notar o quão luxuosa era. Todo o ambiente interior contava com obras de arte, uma decoração homogênea com as cores da parede e muita iluminação entrando pelas janelas de vidro.

Mesmo achando o lugar aconchegante, não me senti tão à vontade, como ficava em meu apartamento.

Os quartos eram todos no segundo andar, mas fui informada por Denise que Dylan transformou seu escritório em uma suíte para eu não ter que subir as escadas.

Achei atencioso da parte dele.

O local contava com um banheiro pequeno, uma cama espaçosa e duas cômodas grandes. Não era tão grande.

Me senti tão mimada por aquilo tudo que perdi as contas de quantas vezes agradeci aos anfitriões. Depois de ver onde seria meu quarto, minha mãe foi se acomodar no andar de cima, deixando eu, Emma e Cat desfazendo minhas malas.

Dylan e Aleff conversavam sobre negócios na sala e Denise subiu com minha mãe para lhe apresentar o quarto dela.

Entre uma conversa e outra, Emma abriu uma das minhas bolsas menores e dela caiu alguns brinquedos sexuais que raramente eu usava.

— Por que diabos trouxeram isso?! — sussurrei olhando para a porta que estava entreaberta.

As duas riram alto e eu arregalei os olhos, abanando com as mãos para que guardassem antes que alguém visse.

— Sei lá, vai que você precise... — a loira insinuou.

— Aqui? Tá louca?

— Ah, amiga, e qual o problema? De repente você e o Dylan... — Catharine deu de ombros e deixou o comentário no ar.

— Eu e o Dylan nada, Cat! E, Emma, guarda logo esse vibrador antes que alguém veja.

— Você não era tão recatada assim, Eivy. Afinal, você e o Dylan estão juntos ou não?

— Não sei... — suspirei derrotada e deitei com dificuldade na cama. — Não sei de mais nada. Viram o jeito frio que ele me recebeu?

— Acho que é o jeito dele, Eivy. Talvez ele não saiba demonstrar o que sente. Mas quando você estava desaparecida, o senhor Cooper ficou muito mal, nem comia. A Denise me disse que ele nem se importou muito em provar a inocência. O Jones estava muito preocupado com o amigo, me falou que não sabia se o senhor Cooper seria inocentado. — Emma completou enquanto devolvia os instrumentos de prazer para a bolsa.

— Seja o que for, não temos nada.

— Mas gostaria de ter? — Cat me surpreendeu.

Fiquei em silêncio me fazendo o mesmo questionamento enquanto ela se aproximava da cama.

— Eivy..., você precisa seguir em frente, amiga. Sei que pode estar achando cedo por causa do Mat, mas olha pra você... Quase morreu. Sem contar que já faz um ano e três meses! Não é como se fosse cedo demais pra isso. Se seu coração diz que está pronta, para de resistir! Não tem que se sentir culpada por estar gostando de outro cara.

Como ela conseguia fazer aquilo? Como resumia em poucas palavras a guerra que eu estava travando na minha cabeça?

— Não é qualquer cara, é o meu chefe... — sussurrei encarando o teto.

— Não escolhemos por quem nos apaixonamos, amiga. E, olha, acho que vocês formam um belo casal.

— Sempre sonhando alto, não é, Catharine? E para sua informação, não estou apaixonada. Foi só sexo. Um intenso e gostoso sexo.

Naquele momento, a porta se escancarou exibindo a presença dos dois homens, que pararam de conversar assim que entraram no quarto.

Meu rosto queimou de forma descomunal. Tinha certeza de que estava pálida.

Por que essas coisas sempre aconteciam comigo?

Olhei para Emma sentada no chão e notei que se esforçava para prender o riso.

— Como estão? — Aleff cortou o silêncio constrangedor.

— Muito bem, já estamos terminando — Cat respondeu primeiro. Desviei do olhar de Dylan, que me encarava com as sobrancelhas erguidas. — Daqui a pouco, vamos deixar Eivy descansar.

Aleff assentiu de forma rápida e se retirou com o amigo, que dessa vez, fechou a porta ao sair.

Respirei fundo e tapei o rosto com as duas mãos. Nunca me acostumava em passar vergonha na frente dos outros.

— Eivy...

— Não fala nada! — Cortei Catharine antes que concluísse sua frase. — Já sei o que vai dizer. E não, eu não vou conversar com ele.

— Mas...

— Fora de questão. Nem quero pensar nisso agora. Preciso é de um banho.

Emma se prontificou em achar algum moletom de dormir, enquanto minha outra amiga me ajudava a tirar a roupa com cuidado.

Tomei um dos banhos mais desconfortáveis da minha vida. Praticamente toda hora batia a mão nos ferimentos. E quando fui me vestir, quase caí.

As meninas estavam finalizando os últimos produtos em cima da cômoda quando saí do banheiro.

— Querida, vamos te deixar descansar agora. Dá pra notar que está caindo de sono.

— Obrigada, Emma. E a você também, Cat. Obrigada por tudo. Amo muito vocês! — Nos juntamos em um abraço confortável e quentinho.

— Também te amamos, mas agora vai pra cama, dona Eivy Louise, e descansa, tá? Provavelmente quando você acordar, já terei ido para o hotel, mas mais tarde ligo pra saber como está.

Assenti e obedeci as ordens de imediato. Deitei na cama e me cobri com um dos edredons cheirosos que estavam na cama.

❤️❤️❤️

Acordei ouvindo um diálogo sussurrado ao meu lado. Me virei devagar e encontrei Denise conversando com minha mãe, ambas sentadas em poltronas grandes de tom escuro.

— Ah! Você acordou!

— Oi, Denise... — respondi ainda sonolenta e com a visão turva.

— Como está se sentindo? — A morena se sentou na cama.

— Muito melhor... — Senti a boca seca. — Mãe, pode me trazer um pouco de água?

— Claro, meu bem. Só um instante.

Fiquei conversando um pouco com a Denise sobre morarmos juntas e o sono logo passou.

Ela tinha um espírito muito jovem e contagiante. Apesar de ter traços mais finos que o Dylan, quando sorria, pequenas meias luas surgiam nos cantos da boca, a deixando muito parecida com o irmão.

Depois que minha mãe retornou com a água, as duas me convenceram a jogar baralho. Passamos horas brincando e papeando.

Dona Fernanda me fez várias perguntas sobre o gato misterioso. Gargalhei com o apelido que tinha dado ao Dylan. Me fiz de sonsa e esquivei de tudo. Sem contar que ela esquecera que estava na frente da irmã dele. Rapidamente fiz o assunto tomar outro rumo. Falar sobre o que eu sentia pelo gato misterioso ainda era complicado.

A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora