Capítulo 7

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— Vamos, querida? — Emma entrou em minha sala com sua bolsa em mãos.

Olhei o relógio do computador e me ssurpreendi com o horário.

— Caramba! Já são cinco e vinte.

— Muito trabalho?

— Não, na verdade eu que estou com a cabeça no mundo da lua... — desliguei o monitor.

— Foi por causa do que rolou com o senhor Cooper?

— Sei lá... Tem muita coisa na minha cabeça, e além disso nem consigo falar com Catharine. O celular tá fora de área ou desligado.

— Fica tranquila, já já ela deve estar te retornando. Mas agora vamos comemorar seu aniversário! Vamos ficar alegres, pois não é todo dia que se faz vinte e oito anos!

Sorri para ela ao pegar a bolsa e me dirigir à saída.

— Vamos lá.

— Cadê a felicidade?

— Êhhh! — ergui os braços fingindo divertimento, e ela gargalhou.

— Dá pra melhorar, mas já é um começo.

A empresa já estava praticamente vazia. No elevador, encontramos alguns funcionários, todos descontraídos conversando sobre o que iram fazer no fim de semana com suas famílias.

— Pra onde vamos mesmo? — perguntei assim que saímos do prédio.

— Primeiro, vamos a um barzinho tomar uns drinques. Depois, vamos ao parque que chegou semana passada na cidade. Por último, vamos ao hotel dos nossos chefes.

— Fazer o quê lá? — questionei confusa.

— Hoje tem uma atração brasileira! Você acredita nisso? No dia do seu aniversário! É o destino, amiga. Vamos assistir a um showzinho de voz e violão, tomar uns drinques e finalmente encerrar a noite. Gostou da minha programação? — Emma parecia tão empolgada que me fez rir.

— Só não entendi o parque no meio disso tudo.

— Bem..., digamos que o parque é mais por mim do que por você.

— Ah, tá, agora está explicado!

— Mas você vai gostar, tenho certeza.

— Ahã... Veremos.

Emma saiu correndo atrás de um táxi e eu a segui depressa. Vê-la sorridente e agitada me lembrou de mim mesma dos tempo antigos. Eu era exatamente assim, só que tudo acabou. Não sentia mais tanta vontade de frequentar festas, bares e de madrugar na rua como antes. Adormeci a velha Eivy dentro de mim e achei que seria difícil conseguir acordá-la de novo.

O jeito que estava levando a vida também não era ruim. Na verdade, passei a dar mais valor a pequenas coisas. Sentia muita saudade da minha mãe, da Cat e até do papai, que, aliás, não sei como, lembrou do meu aniversário e mandou uma mensagem aquele dia mais cedo.

Como não fiz muitas amizades além da Emma, ficava mais em casa nos finais de semana. Tinha também o gato do meu vizinho. De vez em quando, nos encontrávamos e ficávamos conversando sobre banalidades. Descobri que ele era personal trainer, morava sozinho com um gatinho chamado Tom, e quase toda semana tinha uma garota diferente em seu apartamento.

Não o julgava. No seu lugar, faria o mesmo. Afinal, a vida é para ser vivida da melhor forma possível. E se ficar sem compromisso funcionava para ele, quem era eu para falar o contrário. Na verdade, sou totalmente a favor da pegação. Só não me enquadrava mais naquele jeito de viver. Mas ainda assim pensava em fazer um teste. Só para ver como seria beijar outra boca depois de tanto tempo em luto.

Decidi que não queria mais compromissos. Nunca mais iria passar por aquilo de novo. Se eu não amasse, não correria o risco de perder algo que eu não tinha.

Certo?

— Chegamos! — Emma anunciou.

Após pagar o motorista do táxi, descemos em frente a um bar não muito grande e bem colorido. Em sua faixada, estava escrito Be At One. A decoração do lugar era muito agradável aos olhos, haviam algumas mesinhas com banquetas de madeira e outras cadeiras de frente para o balcão do bar. Em um dos cantos, um sofá de couro marrom bem grande em forma de L com algumas mesas em sua frente me chamou a atenção. Nele, havia um casal entre beijos e muitos risos. A iluminação não clareava o ambiente completamente, mas parecia deixar o local mais agradável. Alguns lugares estavam ocupados por pessoas bem animadas, a maioria jovens.

Dois Bartenders faziam drinques enquanto curtiam a música baixa que estava tocando. O astral daquelas pessoas me animou.

— Vamos ficar aqui no balcão mesmo? — Emma perguntou sentando em uma das banquetas.

— Vamos.

O cardápio era muito variado. Haviam tantas possibilidades de drinques que foi difícil escolher só um. Optei primeiro por um Mojito, um coquetel que leva rum, limão, açúcar, sal e algo a mais que não identifiquei. Emma pediu um chamado mimosa, coquetel feito com espumante seco e suco de laranja.

Começamos a conversar e lhe contei de um porre que tive uma vez numa boate. Vomitei numas três pessoas e quase apanhei de uma das mulheres por isso. Minha sorte foi um cara com quem eu tinha ficado um pouco antes que me defendeu e chamou um táxi para eu ir embora.

— Nem parece a mesma pessoa, Eivy. Você é tão séria.

— Nem queira saber como eu era, amiga. — Virei minha bebida.

— Então hoje quero descobrir­ — ela também virou seu coquetel em um único gole, fazendo uma careta no fim.

Gargalhei alto. Os bartenders me fitaram.

— Se você tá fazendo essa careta com esse suco, imagina com uma tequila ou um rum.

— Não costumo beber muito. Na verdade, minha intenção hoje era tomar só chope.

— É, mas se você quiser acompanhar a velha Eivy, vai ter que caprichar um pouco mais. Por favor!­ — me dirigi ao homem que preparava uma bebida pra um rapaz que havia chegado com alguns amigos. — Duas doses de rum.

­ — Só quero acertar o caminho de casa tá? Minha tia tá me esperando sóbria! — Emma disse observando a bebida ser servida.

Sorri animada, pegando o copo.

­ — No três a gente vira.

— Certo, vamos lá!

Começamos a contar e viramos a bebida, que desceu como fogo pela minha garganta. O gosto me trouxe muitas recordações divertidas, como em uma noite quando fiz a Cat beber um pouco e ela só faltou cuspir tudo de volta no copo.

­ — Minha nossa! Essa é muito forte e ruim, Eivy! Como é que você ta rindo? Não quero mais não!

— Fica tranquila — tirei o copo de sua mão. — Na terceira, você nem nota mais o gosto. Mais uma rodada, por favor!

A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora