Capítulo 17

499 69 8
                                    

Por Eivy

Acordei confusa tentando assimilar se os barulhos que ouvia eram reais ou fruto de um sonho. A escuridão do meu quarto me fez querer voltar a dormir, mas novamente escutei fortes batidas na minha porta.

Peguei o celular próximo à escrivaninha e, depois de sentir os efeitos da luz repentina, pisquei, ofuscada. Eram quatro e vinte da madrugada.

Quem estaria fazendo barulho uma hora daquelas?

Meu corpo entrou em alerta com a possibilidade de ser um assalto. Mas lembrei que assaltantes não batem na porta. Me levantei apressada, pois as batidas estavam se intensificando a cada segundo.

— Já vai! — gritei calçando minhas pantufas de panda.

Passei pela sala. Me debati no sofá até alcançar o interruptor e acender a luz.

Ao abrir a porta, me surpreendi com a imagem do homem de cabelos desalinhados, colarinho da camisa aberto e as mangas arregaçadas até os cotovelos.

— Dylan? O que... — Me interrompendo, ele entrou bruscamente.

— De onde conhece o Sebastian?

— Quê? Dylan o que houve? Por que está na minha casa às quatro da manhã? — Fechei a porta meio assustada, meio sonolenta.

Ele apertou os lábios enquanto fechava os olhos por alguns segundos. Parecia furioso. Quando voltou a abri-los deu um longo suspiro.

— Louise, de onde conhece Sebastian Dullin?

Tentei me recordar se conhecia a pessoa tão importante que o fez invadir minha casa as quatro da manhã, mas não me veio nada.

— Eivy, não mente pra mim... por favor — sua voz soou dramática demais para Dylan Cooper.

— Mas que merda é essa, Dylan? Não estou entendendo nada. Não conheço ninguém com esse nome... — Um vislumbre do fim da tarde me veio a memória. — A não ser...

— A não ser? O quê?

— Um cara que me salvou hoje. Mas eu nem o conheço. O que está acontecendo?

Eu já estava ficando impaciente com tanto questionamento e pouca explicação.

— Como assim te salvou? — ignorou mais uma vez minha pergunta. — Por acaso foi esse homem? — Ele procurou o celular no bolso da calça e me mostrou uma foto onde apareço conversando com o tal Sebastian.

Por que diabos ele tirou essas fotos toscas? Pensei avaliando minhas caras e bocas nas imagens.

— Está me vigiando?

— Claro que não, Eivy. Só preciso saber de onde conhece esse filho da... — suspirou. Deslizou a mão pelos cabelos.

Ele realmente devia estar furioso, pois não me lembrava de vê-lo xingar ou perder o controle daquela maneira.

— Olha, não sei porque está assim, mas se quer mesmo saber, hoje quase fui atropelada na saída do trabalho e esse cara pulou na frente do carro e me salvou.

Dylan deu um sorriso irônico e guardou o celular.

— Bem a cara dele fazer isso.

— Você não vai me explicar nada? Entrou na minha casa às quatro da manhã feito um maluco me perguntando se eu conheço esse homem, me mostra fotos de mim mesma saindo do trabalho... O mínimo que mereço é entender tudo isso, não acha? Por acaso você é algum psicopata possessivo?

Ele olhou ao redor e pôs as mãos nos bolsos. Parecia desconcertado e um pouco mais calmo. Limpou a garganta e mordeu o lábio inferior.

— Ok. Descobri que a pessoa que vem me ameaçando com aquelas cartas é o Sebastian. É... olha, Eivy... Desculpa entrar assim na sua casa, mas eu precisava ter certeza.

— Como sabe que é ele quem está mandando as cartas?

— Contratei um investigador para descobrir quem estava por trás disso tudo e hoje recebi essas fotos.

De repente a ficha caiu. Franzi a testa e pus as mãos no peito, como se estivesse levado uma facada.

— Você pensou que... que eu estava por trás disso?

Ele me avaliou, parecendo notar minha decepção.

— O que queria que eu pensasse Eivy? Droga! — Ele alterou o tom da voz. — Num dia, nós temos um lance e no outro, recebo fotos suas com el...

— Você acha que eu teria coragem de fazer mal a você e à Denise?! — gritei ofendida.

— Porque acha que estou aqui? Não quis acreditar nessas fotos, Eivy. A primeira coisa que fiz quando recebi essas imagens foi pegar um avião em Washington pra te perguntar, olhando nos seus olhos.

— E?

— E o quê?

— Ainda acha que quero ferir você e sua irmã?

— Claro que não — Ele abaixou a cabeça e suspirou pesadamente. — Me desculpe.

Encarei-o por alguns segundos. Minha vontade era de dar um soco em sua cara por pensar daquela forma a meu respeito, mas a verdade era que entendia seu raciocínio, mesmo achando um absurdo.

Me rendi. Dylan estava notoriamente confuso. Passei por cima da minha vontade de expulsa-lo e usei meu bom senso.

— Senta aí vai, vou fazer um café. — ele juntou as sobrancelhas parecendo surpreso.

— Não sabia que sabia fazer café. Outro dia pediu ajuda a srtª Davis com a máquina para repor o pó.

Olhei-o com as sobrancelhas franzidas.

Ele reparou naquilo?

— Não sei. Vou inaugurar a cafeteira agora. E essa é mais simples.

— Ah.

Pus a água e o café na máquina e sentei na banqueta amarela, ao lado dele.

— E então, vai me explicar toda essa confusão?

Após fazer aquela pergunta de forma tão direta e informal, me questionei sobre o momento em que aquilo se tornou real. Como e quando chegamos àquele ponto? Durantes todos aqueles meses, eu mal dirigia a palavra ao Dylan, a não ser quando o assunto era trabalho. E agora, em um intervalo de uma semana, já havíamos brigado, transado, nos reconciliados e estávamos tomando café de madrugada na minha casa?

Como assim, Brasil?

Ele começou a falar e eu voltei a prestar atenção.

— Conheci o Sebastian há alguns anos. Ele tinha um negócio de contabilidade que prestava serviços pra mim. Um dia, descobri que havia desviado alguns milhões do caixa da C&M. Então o denunciei. Fiz com que me pagasse tudo e garanti que não conseguisse mais nenhum cliente. Eu queria o punir. Ele entrou em falência e cumpriu dois anos de prisão. Quando saiu prometeu se vingar. — Ele respirou fundo e segurou minhas mãos. — Me desculpa por ter te colocado nessa confusão.

— Você não tem culpa, esse cara é louco...

— Ele está tentando me atingir de qualquer forma, procurando pessoas próximas. Provavelmente viu nossas fotos na noite do evento beneficente.

— Será que ele pensa que temos algo? — Engoli em seco.

Dylan me fitou sem desviar o olhar e eu me senti hipnotizada. Quando sua língua molhou os lábios, comecei a suar as mãos.

— Ele sabe que não eu seria visto com uma mulher, se não tivesse algo a mais. — sussurrou um pouco rouco.

— Co... como assim?

A cafeteira apitou, anunciando que o café estava pronto. Mas ignoramos a máquina.

Ele se aproximou do meu rosto e passou a mão por minha nuca. Meu peito parecia explodir de nervosismo. E como nos clichês de Catharine, eu senti as malditas borboletas na barriga quando seus lábios tocaram os meus. Mais uma vez, estava rendida a ele.

Deixa um comentário! Não dói nem agride🔥 e ainda inspira essa autora🤭✨

A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora