Capítulo 16

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Por Dylan

Depois da noite anterior, não consegui ir trabalhar normalmente. Confesso que foi irresponsabilidade da minha parte transar com uma das minhas funcionárias. Mas não consegui resistir àquela mulher.

Não parava de pensar nela. Nunca fui o tipo de homem que se comportou como um adolescente, ansioso e impulsivo. Na verdade, abomino comportamentos assim. Nunca dei espaço para nenhuma das funcionárias sequer achar que poderia ter algo comigo. Em contrapartida, havia acabado de foder com uma. E o pior é que não me arrependia.

Tudo bem que Eivy Louise não era qualquer uma. Na verdade, ela estava longe disso. O problema era que não queria compromisso com ninguém naquele momento, principalmente pelo fato de estar sendo ameaçado por sabe-se lá quem. E ainda tinha o fato de que Eivy não merecia um filho da puta como eu. Ela já tinha sofrido demais com a morte do ex. E sem dúvidas, eu a faria sofrer também. Como já fiz com várias outras que passaram por minha vida. Sempre acabava me enchendo delas e terminando o relacionamento. Às vezes, concordava quando minha irmã dizia que eu ia morrer sozinho, pois não me prendia a ninguém.

Entre mim e a srta. Louise existia muitos contras e poucos prós.

— Você não vai me dizer mesmo por que decidiu vir tão em cima da hora? Aconteceu alguma coisa? — Jones me perguntou novamente.

Se eu estivesse bem alucinado, talvez contaria o que aconteceu pra ele, mas o conhecia o suficiente para saber que não me deixaria em paz com aquele assunto.

— Não aconteceu nada.

— Foi por causa do lance do assalto?

— Não — suspirei cansado —, só estou pensando no lance das ameaças... — menti para que desviasse a atenção e eu não acabasse soltando detalhes sobre a noite anterior.

— Ah..., isso é uma droga mesmo. Mas você não contratou um investigador ?

— Sim, ele me disse que iria entrar em contato hoje à noite pra me atualizar. Gostaria de saber quem está fazendo isso. Não consigo imaginar ninguém.

— Nem eu, Dylan... — Ele se sentou ao meu lado no sofá do quarto em que estávamos hospedados.

Conheci Jones há muitos anos. Ele foi um dos poucos que ficou ao meu lado enquanto eu passava pela perda dos meus pais. Me ajudou com a Denise nos piores momentos, acreditou nos meus sonhos e investiu neles. Desde então, construímos nosso império juntos.

Às vezes nos desentendemos, muitas delas por causa de seu senso de humor exagerado, no entanto sei que faria qualquer coisa por mim e pela minha irmã, por isso suporto todas as suas brincadeiras e infantilidades. De baixo de tanta gracinha tinha uma amizade a qual eu jamais abriria mão.

— Como foi com a Eivy ontem? Não comentou nada...

— Porque não tem nada para ser dito, Jones. Vamos focar no que realmente interessa: na reunião de hoje. Precisamos fechar contrato com esses investidores para expandir nossa...

— Então não se importa de eu chamá-la para sair e tomar uns drinques?

Aquela pergunta me pegou de surpresa.

— Como é?

— Acha que tenho chance com a ruivinha?

— Nem ouse, Jones! Ela é sua funcionária e...

— Calma bonitão! — ele esboçou um sorriso debochado — Tô brincando...

— Por que você é tão idiota as vezes, hein? — esbravejei.

— Eu? Mas eu não fiz nada! Você que ficou bravinho aí por causa da Eivy... Assume que está caidinho por ela logo, Dylan.

Até parece... Eu, Dylan Cooper caidinho por alguém. Era só o que me faltava.

— Só saem asneiras dessa sua boca?

— Mas ela é um mulherão! Bonita, inteligente, gentil, carismática. Acho até que é muita areia pro seu caminhãozinho amigo.

— Eu não disse que ela não era isso tudo... Mas não vou ficar com ela de novo.

— Espera, espera... De novo?

Ah, Merda... suspirei pesadamente. — Esquece, Jones. — me levantei depressa, caminhando até a cozinha.

— Não, não, não! Você disse DE NOVO!

— Não disse, não.

— Disse sim! Quando rolou? Você nem pensou em me contar?

Com as mãos nas têmporas, sentei sobre a banqueta de frente para o extenso balcão de mármore.

— Rolou ontem à noite, mas não vai dar em nada.

— Por que? — Ele se sentou ao meu lado, com um olhar avaliador. — Pensei que gostasse dela.

— Quê?

— É, amigo... parece que eu te conheço melhor do que você mesmo.

— Lá vem — revirei os olhos.

— O quê? Acha que eu não percebi como fica esquisito quando ela está no mesmo ambiente que você?

— Esquisito? — Ri em negativa.

— É! Costuma se retrair, fica mais sério e rígido. Parece que chupa um limão em toda reunião com a equipe. O que quer fazer? Assustar a coitada?

— Eu não faço isso.

— Faz. Há muito tempo, se quer saber. O que acho uma grande besteira. Ao invés de se afastar, deveria tentar conquistá-la.

— Você não entende? — Me levantei inquieto — Além dela ser minha subordinada, ainda estou enfrentando toda essa situação das ameaças. Não quero colocar ela em perigo também. Já basta a Denise. Sem contar que a Eivy já perdeu o namorado e, pelo jeito que me olhou ontem depois que... você sabe. Parecia arrependida.

Jones suspirou.

— Até entendo essa preocupação com a segurança dela, mas quanto a trabalhar pra você, não vejo problema. Agora, se ela vai te querer... aí realmente já é outra história.

— Nossa. Muito obrigado pelo apoio.

— Não há de quê! — Jones me deu um tapinha nas costas e se dirigiu a cozinha. — Se eu fosse você, não ficaria pondo tanta dificuldade em algo que nem aconteceu ainda. Deixa rolar cara!

Deixar rolar... Como se a solução para meus problemas fosse cair do céu.

❤️❤️❤️

Após passar o dia em reunião com investidores, retornamos ao hotel. Nosso objetivo foi bem sucedido. Breve iriamos expandir nossa rede de hotéis para Washington. Para celebrar, pedimos uns drinques.

Um pouco depois das sete, meu telefone tocou. Era Edmund, o investigador que contratei para descobrir o remetente das ameaças.

— Senhor, verifiquei todas as câmeras de segurança próximas aos locais onde recebeu as cartas. Em duas delas próximas a sua casa, vi que um homem aparece em dias diferentes, e o que me chamou atenção foi que os horários batem com os mesmos que o senhor me relatou que as recebeu.

Finalmente eu pegaria o desgraçado que vinha me atormentando. A noite estava finalizando da melhor maneira, até então.

— E de quem se trata? Conseguiu identificar? — perguntei inquieto.

— Demorei um pouco, mas hoje pela tarde o vi em frente a sua empresa. Tirei algumas fotos, já estou enviando. Entrei em contato com alguns conhecidos e consegui a identificação.

Meu celular notificou com a chegada das imagens. Sem demora, abri os arquivos.

Prendi a respiração ao ver o conteúdo das fotos. Meu coração chegou a parar por segundos, tamanho foi o susto. Eivy ao lado de Sebastian, o homem que há mais de um ano jurou se vingar de mim.





A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora