Capítulo 26

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Se passaram duas semanas desde que fui pedida em namoro. Minha mãe estava radiante por me ver com outra pessoa novamente. Sem falar nas minhas amigas. Diariamente, recebia visita delas. Costumávamos sentar na varanda e conversar por horas sobre bobagens.

Sofri com suas gracinhas por dias. Apesar das brincadeiras, era nítido o quanto estavam felizes por mim. Não podia negar que também estava. Apesar de sério, Dylan me surpreendeu pela forma tão carinhosa e atenciosa que me tratava. Todas as noites, entrava em meu quarto para dormirmos juntos. E quando algo ia mal na empresa, se recolhia para seu quarto alegando que não queria descontar seu mal humor em mim. Quanto a isso, eu não tinha do que me queixar.

Os ferimentos estavam bem cicatrizados. Tomei todos os cuidados necessários para ficar boa e voltar a morar em meu apartamento. Por mais que na casa do Dylan todos me tratassem bem e o conforto fosse impecável, toda vez que espirrava alguém entrava correndo no quarto, como se eu fosse uma pétala frágil.

Na minha primeira semana em recuperação, recebemos a notícia de que Sebastian havia sido preso tentando sair do país. O alívio ao saber que o pesadelo havia acabado era inexplicável.

Na segunda semana, fizemos um jantar para nos despedirmos de Catharine e Aleff. A grande surpresa da noite foi o pedido de casamento de Aleff. Minha amiga ficou muito emocionada, afinal, sempre foi seu sonho conhecer um amor, como os dos seus livros. Catharine, mais do que ninguém, merecia ser feliz. Seu passado de perdas e traumas ditou por muito tempo sua forma de viver, mas desde Aleff, ela estava mais alegre e mais bonita. A felicidade faz isso com as pessoas. Nos últimos dias que a vi estava radiante, pois além de tanta notícia boa, seu último romance recebeu uma proposta para virar um filme.

Em contrapartida, na noite do jantar, enquanto Emma se trocava no meu quarto, percebi uma mancha roxa em sua costela. Ao questionar o que havia acontecido, ela disse que caiu da escada. Aquilo não me convenceu, principalmente por que notei olheiras inchadas e escuras em seus olhos. Sem contar que seu estilo havia mudado um pouco. Ela sempre teve bom gosto para a moda e seu estilo era marcado por cores vivas, mas ultimamente usava cores escuras e que cobriam todo seu corpo. Nem recebendo flores do seu admirador secreto novamente, se animou. Aquilo me intrigou, mas mesmo insistindo, ela alegava que não havia nada.

❤️❤️❤️

— Dylan! — O chamei assim que entrou no quarto. Levantei pra lhe dar um beijo e me sentei na cama.

Apesar de notar seu visível cansaço, decidi não postergar mais o que eu tinha para falar.

Fazia um mês que estava em sua casa. Minha mãe, Cat e Aleff tinham voltado para o Brasil e eu não via mais motivos continuar a morar com o Dylan e a Denise. Meus ferimentos já estavam quase curados e eu me movimentava bem e sem dor.

— Preciso falar com você.

— Aconteceu alguma coisa, amor?

Meu estômago ainda contraía ao ouvi-lo me chamar assim.

— É que... está na hora de retornar pro meu apê. Estou muito bem fisicamente e o perigo já passou. Amanhã mesmo farei minhas malas.

Ele ficou me encarando de forma fria, enquanto folgava a gravata.

— Não vai dizer nada?

— O que quer que eu diga? A decisão é sua. — Seu tom foi ríspido. — Não quero que vá, já conversamos sobre isso.

— Sim. E eu já te expliquei que preciso do meu espaço.

— E aqui não tem espaço suficiente?

— Não é isso... — Cruzei os braços irritada. — Por que está chateado?!

— Eu não estou! — gritou e depois inspirou fundo, fazendo uma longa pausa. — Desculpa, Eivy, é que foi um dia muito estressante. Tudo bem se quer ir. Amanhã te ajudo com a mudança, não se preocupe.

— O que aconteceu? — Me aproximei dele.

— Tive uma péssima reunião com os acionistas hoje, mas não quero falar sobre isso. — Ele me puxou para seu colo. — Já que é sua última noite aqui, o que acha de saímos para fazer algo?

— Jantar?

— Pode ser.

— Ótimo, estou morrendo de fome.

— Tá, então às sete e meia saímos.

— Ok. — Corri para tomar um banho.

Me arrumei em cerca de trinta minutos, coloquei um vestido preto de seda e soltei os cabelos, me abstendo da maquiagem para não nos atrasarmos.

Assim que chegamos ao restaurante, alguns conhecidos do Dylan que ocupavam a mesa vizinha vieram cumprimentá-lo. E a todos eles, fui apresentada como sua namorada. Me senti uma boba. Era a primeira vez que saíamos juntos em um local público desde que começamos o namoro.

Após jantarmos, decidimos caminhar um pouco nas ruas úmidas e bem iluminadas com decoração natalina. Já era dezembro, minha época favorita do ano. Mas apesar disso, não estava tão animada para festejar. Havia passado por tanta coisa ao longo do ano que quando chegou ao final dele, só queria descansar.

Ao caminhar por uma pracinha bem movimentada, escutamos uma música sendo cantada por um homem de voz surpreendente. Abraçados, nos juntamos a um grupo de pessoas ao redor do músico. Quando ele começou a cantar I'm Not The Only One, do Sam Smith, fiquei emocionada. Ouvia muito ela com Catharine quando estávamos com algum problema. Comprávamos sorvete, vestíamos nossos pijamas e ouvíamos músicas tristes como aquela.

— Amo essa música — comentei.

— É?

— Ahã...

— Quer dançar? — Dylan me surpreendeu, segurando em minha cintura e se posicionando em minha frente.

— E você dança? — Ele sorriu com minha pergunta.

— Só com você.

Tímida, encostei minha cabeça em seu ombro, me movendo ao ritmo lento.

— Você é incrível... — sussurrei. — Obrigada por tudo.

Ele permaneceu quieto, e percebi outros casais se juntando para dançar também.

— Eu te amo — o ouvi murmurar e congelei.

— O que...o que disse? — Parei de dançar e encarei seus olhos azuis, que brilhavam pelas luzes.

— Isso mesmo que você escutou.

Abri e fechei a boca tentando falar algo, mas nada saiu. Pensei que nunca fosse ouvir aquilo de novo, ou melhor, nunca iria sentir. Jurei que não iria me apaixonar, mas falhei. Falhei miseravelmente.

Tentei me manter firme, mas algumas lágrimas escorrem por meu rosto.

— O que foi? Não devia ter dito isso? — ele me encarou e demonstrou estar apavorado.

— Não é isso... — sorri. — Como fala isso ouvindo uma música sobre traição? — Bati em seu peito e intensifiquei o riso.

Ele arregalou os olhos e olhou para o cantor.

— É verdade...

Entre lagrimas e risos, eu o beijei.

— Eu também te amo, Dylan Cooper.

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A Minha Vez, Eivy - Livro 2 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora