Lady Louise Longman

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Escócia, 1810

Castelo Longman.

Lady Louise Longman possuía apenas duas certezas na vida: a morte, a qual todos irão sucumbir um dia e que, definitivamente, não ficaria bem de verde nem se tivesse nascido como a mais exuberante das árvores escocesas.

Ou em qualquer outra cor que fosse.

E era justamente esse fato que prejudicava absolutamente toda a tentativa, até agora miserável, de arranjar um marido.

Louise encarava o espelho com afinco, tentando se convencer, sem muito sucesso, que não estava parecendo um pinheiro malcuidado. Abigail, uma de suas criadas mais antigas, terminava de domar seu grande e volumoso cabelo cacheado em um penteado digno da primogênita do Duque de Longman.

Pena que ela não conseguia se sentir digna desse posto.

Não que fosse uma pobre coitada, longe disso, reconhecia que levava uma vida mehor que muitas mulheres. Afinal, com seu pai no exterior, e morando em uma cidade pequena, ela comandava todo o castelo sem ninguém ali para lhe dar ordens, e como era de conhecimento geral sua falta de vida social ou de pretendentes, não era como se alguém esperasse que ela se casasse.
Ou esperasse qualquer coisa dela que fosse.

Louise até tinha feito um amigo recentemente, um tanto estranho, mas não era como se ele fosse pedí-la em casamento.
E estava tudo bem.
Claro que estava bem...
Absolutamente bem...

- Verde é uma bela cor, senhorita. - A criada tentou amenizar a situação enquanto prendia o último cacho no topo da cabeça de Louise.

- De fato, acho que ficaria belíssimo em outra jovem. - Proferiu conformada.

Louise tinha sofrido em suas últimas três temporadas em Londres por não estar no padrão de beleza inglês. Embora se destacasse facilmente por sua aparência que se diferenciava das outras jovens e tivesse um dote avantajado, ela era "exótica demais" para uma nobre segundo eles: pele escura, olhos castanhos, cabelos naturalmente cacheados e uma aura excepcionalmente madura para uma jovenzinha inocente em busca de casamento.
Seu belo corpo até chamou certa atenção no início, mas não era o tipo de atenção que ela desejava.
Ela podia resumir em uma palavra seu debute a sociedade: desastre.

A criada tentou levantar o ânimo dela, mas a cada frase, ficava apenas pior.

- A senhorita tem uma beleza diferente. Creio que pele e cabelos escuros fiquem na moda inglesa daqui um tempo, basta esperar. Nós também podemos tentar cobrí-la com pó de arroz enquanto isso...

- Eu ficaria cinza, já tentaram isso no meu debute quando eu morava na Inglaterra, creio eu que pele cinza certamente jamais ficará na moda em Londres, a não ser que você esteja em um caixão.

- Ah... A senhorita fica belíssima em tons mais vivos e- Interrompeu-se ao escutar batidas frenéticas na porta.

Duas pequenas figuras iguais e enérgicas entraram no quarto sem sequer esperarem a permissão de Louise.
Adam e Alam, seus dois irmãos gêmeos de onze anos, mal se continham de alegria e entusiasmo enquanto falavam se atropelando nas palavras.

- Ise! Vimos uma carruagem pela janela! Andrew chegou! Andrew está de volta! - Anunciaram quase aos berros e um sorriso instantâneo apareceu no rosto dela.

Finalmente uma notícia boa.
Andrew, o segundo filho do Duque Longman, era o próprio carisma encarnado em uma pessoa, ele conseguiu salvar até a pobre criada de Ise daquela conversa pavorosa.

Os três se dirigiram à porta, as crianças correram sem se importar com regras de etiqueta e comportamento enquanto Ise andava rápido demais para uma dama. Os gêmeos partiram em disparada e pularam no irmão assim que o mordomo abriu a porta. Andrew caiu para trás com os irmãos grudados em si enquanto sorria engasgado de alegria e surpresa.
Louise admirou a cena com o coração aquecido.
Era incrível a semelhança dos gêmeos com Andrew. Os três puxaram o pai: pele clara, olhos verdes, cabelos escuros e um terrível descaso com regras.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora