O excruciante grito de desespero

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Seis horas atrás.

Depois de três horas revistando a cabine, Ise deduziu que Eanraig não era um capitão muito inteligente. Ou que simplesmente confiasse demasiadamente na vida, que seria boa demais para com ele a ponto de nunca precisar esconder ao menos uma mísera adaga em baixo do colchão.

Tudo que conseguiu fazer fora pegar uma das cadeiras. Bateu-a no chão repetidas vezes até que a perna partisse, fazendo com que pontas afiadas se formassem devido à quebra por meio da força.

- Terá que servir. – Escorou a cadeira na parede tentando fazer com que o capitão não notasse a falta de uma das pernas da cadeira de imediato.

Começou a andar de um lado para o outro, pensando em alguma estratégia que a faria sair dessa situação. Ele a queria, disso ela sabia. Mesmo não entendendo muito bem o que ele faria, ela podia ter uma certa noção do que aconteceria, e não gostava nada daquilo.

Tinha que ser racional, calma, calculista e o mais controlada que conseguisse.

Respirou fundo. Pense, Ise...

Se o esperasse em pé, teria mais chance de correr, o que apenas adiaria sua ruína. Poderia perfura-lo com a madeira quando estivessem na cama, mas dificilmente conseguiria imobilizá-lo por muito tempo, só conseguiria deixa-lo irritado daquele jeito.

Teria que se esconder atrás da porta e ataca-lo.

Ise tentou calcular onde conseguiria acertá-lo e chegou à conclusão que a perna da cadeira que havia quebrado seria inútil naquela situação. Ela precisaria de algo maior e pesado.

Olhou para a cadeira que ainda não havia sido desmembrada: Era aquela.

Escutou passos se aproximando e olhou para janela vendo a sombra dele passar.
Correu para pegar a cadeira e foi para o lado da porta.

Escutou o barulho de chaves e a porta sendo destrancada.

Segurou a cadeira acima da cabeça já se preparando para acertá-lo.

A maçaneta girou...

Ise segurou a cadeira com toda a sua força.

A porta abriu.

O capitão caiu no chão.

Ise ficou imóvel com a cadeira acima da cabeça, olhando para o homem caído enquanto piscava atônita.

- O que...

A porta fechou atrás de si. Olhou para a janela, vendo o homem que a tinha trancado lá antes voltando para o convés. Provavelmente tinha vindo acompanhar o capitão até o quarto.

Ise escutou um ronco alto vindo do chão. Olhou para baixo, encarando o homem dormindo bêbado. Devolveu a cadeira ao chão, sequer tinha precisado dela. Se ajoelhou no chão, o revistando tentando achar algum molho de chaves extra.

Sem sucesso. Suspirou frustrada.

Se tentasse ataca-lo enquanto dorme, seria executada logo de manhã pelos outros piratas. Se quisesse sair dali, precisava armar um plano com o grupo. Teria que arrumar um jeito de contata-los amanhã.

Pegou a estaca de madeira que tinha feito antes e caminhou em direção a cama. Subiu nela, bem longe de onde o capitão estava dormindo e ficou sentada em posição de defesa, duvidava muito que ele acordasse, mas achou melhor se precaver antes de o sono e o cansaço mental vencê-la.

           

           

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O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora