A Hora Do Chá Das Senhoras Fofoqueiras

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Exatamente dez pessoas estavam reunidas para se despedir do corpo de Wallace. Outros passageiros circulavam pelo convés vez ou outra, mas todos pareciam ter seus próprios problemas para resolver. Alguns apenas assistiam um pouco curiosos de longe e outros sequer passavam perto.

Apenas o grupo, o capitão e três homens de sua tripulação estavam focados na despedida. Todos concordaram em deixar a enorme caixa de madeira que abrigava Wallace fechada. As balas desfiguraram o corpo e o cheiro era quase insuportável.

Ninguém do grupo conteve as lágrimas.

O dia estava bonito, novamente o ambiente estava fazendo contraste com o que estava acontecendo.

O céu limpo e ensolarado. As nuvens brancas e fofas impediam que o belo azul fosse o único protagonista, mas certamente o que roubava a cena era a luz que emanava de cima. O Sol não estava forte, mas iluminava de forma tão divina que o branco e o azul pareciam reluzir. Ise e Nathaniel pensaram nunca ter visto um dia tão belo assim.

Era estranho, e nenhum deles se atreveu a falar em voz alta, mas parecia que Wallace estava com eles

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Era estranho, e nenhum deles se atreveu a falar em voz alta, mas parecia que Wallace estava com eles. Como se aquele esplendido dia estivesse brilhando em sinal de esperança.

Calmo, silencioso, sábio, perceptivo e surpreendentemente caloroso. Era assim que se lembrariam dele. Wallace foi amigo, irmão e pai durante anos naquele grupo. Sentiriam muita saudade, mas lutariam para serem felizes como ele gostaria que fossem.

- E por fim, rezo para que Deus receba a alma desse homem honrado junto a Ele nos céus. - Disse o capitão finalizando uma oração.

- Amém. - Disseram todos.

O capitão Eanraig estava no centro, de frente para o caixão com seus subalternos ao lado. Do outro lado estavam Davina, Ian e Doug de mãos dadas e olhos fechados. Bruce estava ao lado de Ise no centro com o braço em volta dos ombros dela enquanto a inglesa segurava a mão dele que estava repousada em seu ombro esquerdo.

- Chegou a hora... Alguém quer dizer mais alguma coisa? - Indagou Eanraig.

Ninguém disse nada.

Cada um orou silenciosamente de cabeça baixa durante a oração longa do capitão. Tinham muito a dizer, mas nada saía.

Nathaniel estava na ponta, o mais distante e silencioso de todos. Ele levantou a cabeça devagar e se aproximou ainda mais do caixão.

Fixou o olhar e repousou a mão sobre a tampa de madeira. Ise notou que os dedos dele tremiam levemente, era quase imperceptível, mas tremiam. O inglês ficou calado por alguns segundos, como estivesse escolhendo as palavras para dizer.

Todos já esperavam uma oração ou alguma fala, mas ao invés disso Nathaniel fez uma reverência até que sua testa encostasse no dorso da mão sobre o caixão improvisado.

- Muito obrigado por tudo... - Sussurrou audível.

Todos do grupo se aproximaram mais e também colocaram uma das mãos sobre o caixão, como se pudessem tocá-lo uma última vez. Cada um sussurrou um agradecimento com a voz embargada antes que os homens do capitão fizessem uma mesura em respeito e erguessem o caixão sobre vários engradados e se aproximassem da borda.

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