O Príncipe Perdido

Raios, febre e um belo arremesso

– ATCHIM.

Doze.

Doze espirros que Doug dera nos últimos trinta minutos.

– Chega, já está escurecendo e Doug não parece estar muito bem. Vamos montar acampamento aqui. – Nathaniel dava orientações enquanto tirava uma bolsa das costas e depositava no cão.

Não ouve objeções.
Bruce retirou alimentos e mantas das bolsas. Wallace pegava as armas para montar tocaia enquanto Davina e Ian cuidavam de Doug, e Ise... estava quieta demais. Nathaniel estranhou.

– A madeira daqui está um pouco úmida, vou pegar algumas mais secas para fazer uma fogueira. – Ela permaneceu calada – Alguém quer vir comigo? – Normalmente não ia querer que ela o seguisse, mas já fazia algumas horas que estava calada demais para o seu gosto. Não sabia se ela se abriria com ele, mas não custava tentar. – Lady Longman?

Ela finalmente o olhou.

– Sim, Alteza?

– Venha comigo, por favor. – Pediu enquanto a analisava.

– Ah, claro...

Nathaniel foi na frente mostrando o caminho enquanto ela o seguia alguns passos atrás.

O breu já começava a tomar conta do local. As luzes finais do dia invadiam por entre as folhagens das árvores, o vento soprava um pouco mais devagar trazendo o cheiro de terra à tona. 

Se fosse em qualquer outra situação, Nathaniel teria parado para admirar a paisagem, mas estava agitado demais para tal feito.

– O que está acontecendo com a Senhorita?

– Do que está falando, Alteza? – Foi levemente para trás.

– Quando falei que ia pegar lenha a Senhorita não fez nada. – Ela piscou parecendo não entender muito bem – Lady Longman, vais dizer que normalmente não viria comigo contra minha vontade?

– Talvez eu tenha aprendido a acatar as ordens de Vossa Alteza sem teimosia. – Cruzou os braços o fitando com um sorriso inocente.

– É mais fácil Bruce e Ian virarem melhores amigos e tomarem chá juntos do que Senhorita me obedecer sem teimosia.

– Seria estranhamente satisfatório vê-los assim.

– Realmente... – Parou para imaginar a cena – Não me enrole. A Senhorita está calada há horas.

– Não sabia que Vossa Alteza gostava tanto da minha voz.

– Sua voz é realmente bela, mas não foi isso que eu quis dizer.

– O que queres dizer então?

Nathaniel notou que ela ia cada vez mais para trás embora ele continuasse no mesmo lugar.

– Quero dizer... – Foi em sua direção – Que a Senhorita está estranha... – Ela engoliu seco e se afastou mais – Não falou sequer uma palavra nas últimas horas e nem pediu para vir comigo...

– Sem ofensas, Alteza. Mas acho que sua personalidade é um pouco estranha, finalmente o deixo em paz e então me chamas para vir junto? Ou talvez seja a pancada na cabeça que o fez ficar assim? Descanse um pouco no acampamento, vamos voltar...

Tentou olhar firme nos olhos dele, mas não dera certo. Sua visão estava um pouco turva. Optou chegar mais para trás, porém acabara pisando em uma pedra, caindo sentada no chão.

Nathaniel aproveitou a chance, se ajoelhou rapidamente e pousou a mão na testa dela.

– Você está com febre. Por isso não pediu para vir junto e estava se afastando de mim? Para que eu não descobrisse que estava doente? – Ise tentou negar com uma resposta inteligente, mas sua cabeça doía demais para isso.