Duelo De Teimosia X Nobres Corados

707 155 148
                                    

Viagens, em geral, costumam trazer valiosas lições de vida. Apenas o ato de sair de seu ambiente costumeiro já traz certa mudança interior para o viajante. E Lady Louise Longman, certamente, não é exceção.

Nos últimos dias ela vivera experiências que jamais sequer cogitara passar, e se jogar num lado gelado era uma delas.

Doug era pequeno para sua idade, o que fez o instinto protetor da inglesa duplicar de tamanho. Não deu tempo de pensar, apenas se tocou do que estava fazendo quando sentiu a água gelada causar arrepios por todo seu corpo.
O menino se debatia, espirrando água por todos os lados.
Ise se agarrou em uma pedra mais próxima e o puxou pela mão.

– Calma, Doug. Estou aqui, você vai ficar bem. – Tentava falar tranquilamente, mas era difícil.

Ele se agarrou no corpo dela com força para não afundar. Ise tentou subir, mas seus braços não aguentavam seu peso e o de Doug juntos.

– Hei, me escute. Você terá que me escalar. – O menino apertava os olhos com tanta força que Ise temeu que ele estivesse assustado demais para escutá-la – Vai ficar tudo bem, não se preocupe. – Seu queixo já estava batendo de tanto frio – Abra os olhos – Ele obedeceu a ordem lentamente – Não tenha medo, apenas vá.

– M-mas e você, moça? – Os lábios dele tremiam de frio.

– Eu conseguirei subir sozinha quando você estiver fora da água. – Afirmou.

Ele assentiu e começou a escalar pelo corpo de Ise, Doug levou suas mãozinhas para os braços dela e posicionou as pernas em sua cintura, mas o medo dele de cair tornou a escalada dolorosamente lenta, demorando e hesitando a cada passo para cima.
Ele seguiu até apoiar os pés nos ombros dela, agarrar a pedra e fazer impulso para cima.

Ise sentiu seu corpo ficar mais leve, mas seu braços estavam mais cansados, ardendo e tremendo pelo esforço.

Ela tentou aguentar e esquecer a dor até escutar Doug caindo em terra firme e respirar copiosamente.

– Você está bem? – Indagou.

Ela agarrou a superfície da pedra com as mãos trêmulas e colocou força para se impulsionar para cima.
Sentia o corpo inteiro tremer e doer. Tentou apoiar as pernas na barragem, mas elas estavam dormentes. Se rastejava pelo corpo da pedra enquanto fazia força com os braços.

Já havia quase conseguido tirar as pernas da água gélida quando olhou para frente e avistou Doug no chão, encolhido e tremendo de frio.

– Dou...

Suas mãos escorregaram.
O coração disparou e o corpo paralisou.

Estava caindo de costas.

Sentiu o ar escapar de seus pulmões e a mente resetar em desespero.
Apertou os olhos e gritou.
A água gelada queimou suas costas, o medo entorpeceu seus sentidos e só conseguia se debater tentando nadar.

– Moça!

Pôde escutar a vozinha de Doug a chamando, mas não tinha condições de responder. Tudo parecia rápido demais.
O desespero total arrombou a porta de seu âmago.

Já não conseguia prender a respiração.

O nariz e a garganta ardiam por respirar água. Tudo que via era o céu distorcido. Sentia o corpo pesado e caindo lentamente como em uma tortura.

Estava ficando escuro e ela só conseguia pensar nos irmãos.

Sua jornada acabaria ali.

Os olhos se fecharam e a consciência começou a se esvair devagar.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora