Nathaniel acordou sentindo que seu corpo havia sido atropelado por cinco carruagens de uma vez.
Apoiou as mãos no chão tentando se sentar, o peito ainda dolorido pelos chutes dificultou o processo.Olhou para trás vendo o chão da cabine manchado pelo sangue que escorria na lateral de sua cabeça. Procurou algo ao redor para morder, mas não encontrou. Suspirou pesaroso, precisava tirar a camisa.
Tirou-a devagar tentando fazer o mínimo de movimentos possível, a cada centímetro que avançava, seu corpo dolorido sofria espasmos. Colocou a camisa na boca e a mordeu forte. Não poderia fazer barulho.
Tentou se levantar e chegar mais perto da parede para apoiar a cabeça, mas não conseguiu, teria de ser ali mesmo. Respirou fundo e começou a socar o próprio estômago com força.
Uma, duas, três, quatro vazes...
Mordia a camisa tentando não denunciar sua dor.
Juntou todas as forças que ainda lhe restava e se socou pela quinta vez.
Sentiu um bolo de sangue subindo rapidamente pela garganta. Cuspiu a camisa ao chão e suspirou aliviado ao ouvir o anel caindo.
Caiu para o lado, respirando fundo enquanto tentava ignorar o gosto de sangue na boca. Encolheu as pernas exaustas para perto e fechou os olhos. Ao menos por cinco segundos, queria não pensar em nada. Não queria sequer existir naquele momento.
Jogado naquela cabine completamente sozinho e ensanguentado, Nathaniel esgotou todas as suas forças.
Queria estar com ela. Sua fonte de força inesgotável, mas ela não estava mais com ele.
Ela detestaria vê-lo daquele jeito, mas não conseguiu evitar. Mais tarde ele pensaria em uma forma de sair dali e armar um plano com o grupo, lutaria para chegar a Londres e cumprir as promessas que fizera, mas naquele momento não.
Depois continuaria tentando ser o príncipe herói, mais tarde, com certeza, mas não agora, nem pelas próximas horas.
Naquele momento, Nathaniel apenas deixou os braços caírem ao lado do corpo e chorou como nunca na vida. O corpo tremia pelos soluços enquanto sua alma era lavada de dentro para fora.
Medo, desespero e a dor que sentia por toda a situação ficaram maiores na ausência dela.
Apesar de não estarem juntos desde sempre, Ise havia assumido uma posição em sua vida que Nathaniel precisava dela. Sentia uma necessidade gigante de estar com ela naquele momento.
Mesmo que o mundo estivesse ruindo, tudo dando errado e ele entrando em crise, quando ela estava com ele, sentia ter o poder de resolver todos os problemas.
Mais uma vez, Nathaniel sentia ter perdido tudo.
- Como se sente? - Indagou Ian a Davina.
A escocesa pálida se limitou a olhar para o noivo com os olhos vermelhos de tanto chorar e o rosto molhado de lágrimas.
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O Príncipe Perdido
RomanceAs luzes do fogo que queimava as tochas enfurecidas dos aldeões estavam se aproximando, o desespero consumia Lady Louise Longman com a mesma rapidez de um raio cortando o céu. Ela estava condenada até um estranho encapuzado surgir tão rápido e cert...