Anseio por ti

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Uma semana inteira havia passado.

Sete dias, sete noites, vinte e uma refeições e zero palavras trocadas entre Ise e Nathaniel.

Os ingleses quase nunca saíam de suas cabines, o que irritava e preocupava o resto do grupo que passava a tarde falando dos inglesinhos tontinhos, apelido o qual Ian fizera questão de colocar neles.

Já passava do meio dia quando Ise abriu a porta o bastante para que apenas seu olho direito conseguisse ver o convés.

Ninguém a vista. Suspirou aliviada.

Sabia que estava sendo egoísta e infantil, mas simplesmente não conseguia agir de outra forma. Podia andar por um salão de baile inteiro com olhares julgadores queimando suas costas, administrar o Castelo Longman sozinha desde a adolescência, atirar flechas e balas em direção aqueles que a querem morta, mas, definitivamente, não conseguia lidar com um sentimento tão forte e irritante que a fazia perder o controle de suas emoções tão facilmente a ponto de não conseguir ficar na presença do homem que seria o futuro rei e se casaria com Lady Cecília ou alguma outra dama que trouxesse benefícios políticos para a Grã-Bretanha.

No final, ela seria apenas uma amiga que lhe desejaria felicitações em seu casamento.

- Eu sou tão egoísta... - Sussurrou para si mesma enquanto encostava a tez na porta.

- Por que se ofende desse jeito? - Indagou Bruce de repente.

Ise não conseguiu conter um grito espantado.

- Por que me assusta? Virou seu passa-tempo favorito? - Indagou um tanto irritada. Bruce chegava de repente e a assustava com muita frequência ultimamente.

Desconfiava que ele estivesse querendo falar algo, mas nunca ia ao ponto.

O escocês escorou o braço na porta e a abriu totalmente. Se inclinou um pouco para baixo, ficando na altura da inglesa e sorriu. Muitas mulheres derreteriam com aquela imagem. Um belo escocês de cabelo ruivo puxado para o castanho, provocantes olhos verdes e um sorriso estupidamente alinhado. Mas Ise só conseguia inclinar a cabeça para o lado desconfiada.

Ela era inteligente demais para se deixar enganar por aquela falsa inocência e atitude mansa do amigo, os olhos sempre o entregavam.

- Como ousas me acusar de algo tão horrendo o qual eu claramente sou culpado? - Colocou a mão sobre o coração dramático.

Ise revirou os olhos.

- Não quero treinar hoje. Tenha um bom dia. - Fez para fechar a porta, mas Bruce a impediu.

- Ele não está no convés. - Pronunciou lentamente, ansioso pela reação da amiga.

- Não sei do que está falando. - Respondeu estreitando os olhos.

Passou por baixo do braço de Bruce e foi até a borda do barco mais próxima de sua cabine. Respirou fundo aproveitando a liberdade momentânea do cárcere que criara para si mesma.

Olhou para cima admirando o céu, um hábito que havia criado sem perceber. O Sol brilhava fracamente naquele imenso azul.

Azul...

Impossível não lembrar dos olhos dele. Ficavam limpos e brilhantes quando sorria. Nublados e escuros quando estava aflito ou falava sobre o passado. Ele estava bem? Não ficou sabendo de mais nenhuma crise dele, mas ainda assim se preocupava.

- Ele está bem na medida do possível. - Falou Bruce adivinhando o que se passava na cabeça dela enquanto se dirigia para seu lado - Sinceramente, não acham que estão sendo infantis? Se trancarem no quarto é ridículo.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora