Depois da Tempestade

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- Você está bem? Está meio febril... – Falou Bruce abraçado a Ise com uma das mãos em sua testa.

- Estou me acostumando a quase morrer com frequência. Ver vocês restaurou as minhas forças. – Tentou sorrir para não demonstrar a fraqueza que se instalava em seu corpo. Sua memória era preenchida diversas vezes pela sensação da água invadindo seu corpo e tirando seu ar, a fazendo tremer.

- Você teve muita sorte, Inglesinha. Pessoas demoram mais tempo para morrerem em água salgada. Wallace me contou isso uma vez, mas não achei que fosse verdade. – Ian falava com as mãos firmer nos ombros dela.

Se vissem de fora, seria uma cena um tanto cômica. Depois de ter se recuperando do chute, Bruce se levantou e empurrou Ian do abraço, tomando seu lugar e firmando seus braços nas costas dela enquanto fitava o escocês como se dissesse “Agora é minha vez”.

Ian cogitou soca-lo, mas temeu que acabasse machucando Ise também, então limitou-se a pousar as mãos nos ombros da inglesa para também marcar território.

A maturidade de homens de quase trinta anos era fascinante.

- Você duvidou de Wallace? – Ise e Bruce indagaram em uníssono desacreditados.

- Também duvidariam se dissessem que pessoas conseguem ficar cerca de dez minutos se afogando no mar. – Se defendeu cruzando os braços. O olhavam como se fosse um vilão desalmado.

- O filho descrente... – Sussurrou Bruce.

Ian levantou a mão para bater em sua cabeça, mas Bruce se agarrou mais em Ise e sorriu como o olhar provocativo. Você não teria coragem...

Ian cerrou a mandíbula.

- Realmente... – Falou Ise com a voz abafada entre os dois escoceses – Quando estava me afogando no lago foi mais rápido...

Os dois encararam a inglesa com um olhar de pena. Chegar ao nível de poder avaliar o tempo em situações em que quase morreu era, no mínimo, triste.

- Podem me explicar como vieram parar aqui agora? – Indagou dando tapinhas nos dois amigos, clamando espaço para respirar.

Ian e Bruce se olharam mais uma vez, assustados. Ambos se lembrando da situação que estavam.

- Temos que ir ou vamos morrer. – Falou Bruce apressado enquanto Ian revirava os bolsos tentando achar o papel que a noiva lhe entregara.

- Esperem. Quero saber como os outros estão. – Pediu se colocando a frente da porta.

- Doug está doente, Davina está bem, Nathaniel foi espancado, mas não é grave. – Explicou Bruce de forma embolada – Dê licença, sim? Também estávamos com saudades, mas não temos tempo para tomar um chá agora.

Ise cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.

- Chá... Eu sou inglesa... Suas piadas eram melhores antes.

- Nunca foram. – Interrompeu Ian – Tome. – Entregou o papel nas mãos dela – Leia isso e saberá o que fazer. Temos mesmo que ir agora. – Firmou as mãos nos ombros da inglesa novamente e a arrastou para o lado, a tirando da porta – Não faça nada imprudente e seja boazinha, sim? – Pediu a olhando nos olhos como se estivesse falando com uma criança travessa.

Ise reviraria os olhos se a preocupação na voz dele não fosse tão evidente.

- Eu prometo. – Foi sincera.

- Lindo, magnífico. Vamos. – Frisou Bruce impaciente.

- O capitão deve estar assustador. – Comentou Ise ao ver o desespero dos amigos.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora