O Príncipe Perdido e a Bruxa de Mil Libras

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A vida de pessoas que viajam em barcos clandestinos costuma ser calma e monótona, e esse até seria o caso se a sociedade privada do chá escocês não estivesse envolvida. Não era sequer oito e meia da manhã e Davina, Ian e Bruce corriam pelo barco.

Muitos dizem que o amor une as pessoas, outros a ganância, laços de sangue e até mesmo o ódio, mas, certamente, o maior causador de união do ser humano é uma palavra pequena, de sílabas repetitivas e pronúncia engraçada. A única, ácida, conflituosa e chamativa: Fofoca.

Os três corriam vindo de direções opostas, indo ao encontro uns dos outros, ansiosos. Mal tinham se aproximado, mas falavam ao mesmo tempo, causando uma confusão de vozes histéricas.

- Eles se beijaram! - A voz aguda de Davina se sobressaiu.

- Estão noivos. - Falou Bruce ainda sem acreditar - Desgraçado. Ele não disse que pretendia fazer o pedido ontem. Ele sequer disse que pretendia fazer um pedido.

- Não acho que foi planejado. - Opinou Ian - Ele não devia estar aguentando mais e se declarou.

Davina piscou e se aproximou do noivo com os olhos cerrados.

- Então ele não contou para vocês como aconteceu? - Indagou provocativa, se divertindo com a expressão de curiosidade dos dois.

Ian pigarreou e cruzou os braços, tentando disfarçar a necessidade que sentia de saber o que havia acontecido noite passada. Já Bruce agarrou os ombros da escocesa e só não a sacudiu porque lembrou que estava grávida.

- Mulher, não faça isso conosco. - Implorou.

Davina sorriu e esperou alguns segundos antes de responder, os torturando.

- O que vocês sabem até agora? - Cantarolou.

- Eu fui a cabine deles hoje de manhã. Ian já estava de pé, estávamos conversando, Nathaniel acordou. - Resumia rapidamente - " Nós nos beijamos ontem à noite, estamos noivos. Sem mais perguntas" e voltou a dormir. Agora nos conte o que sabe.

O sorriso de Davina desmanchou na hora. Sacudiu os ombros tirando as mãos de Bruce e se afastou irritada.

- Céus. - Bateu o pé no chão e soltou um grunhido de frustração - Vocês também não sabem de nada. O que foi isso? Os dois combinaram de não contar? Achei que ao menos Nathaniel tinha revelado alguma coisa.

Ian e Bruce olharam embasbacados para a escocesa.

- Você nos enganou para descobrir o que aconteceu ontem. - Acusou Ian.

- Eu me sinto manipulado. - Dramatizou Bruce.

- Louise estava tão sonolenta que falava enquanto dormia, foi assim que eu soube. - Sentou-se em cima do engradado mais próximo - Eu queria pular em cima dela, acordá-la e descobrir o que aconteceu. - Suspirou - Pensei que talvez vocês omitiriam algum detalhe por lealdade a Nathaniel, mas, pelo visto, vocês também não sabem de muita coisa. - Abanou a mão como se estivesse os descartando.

- Nos enganou por que achou que éramos fieis? - Bruce praticamente rira diante aquela suposição.

Ian apenas observava a discussão deles enquanto lutava contra os dois sentimentos que prevaleciam em seu âmago: respeitar a privacidade do amigo ou pensar em uma forma de fazer Nathaniel contar como foi o pedido.

E, logicamente, como o homem adulto e maduro de vinte e cinco anos que era, escolheu a segunda opção.

E, logicamente, como o homem adulto e maduro de vinte e cinco anos que era, escolheu a segunda opção

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