O espaço daquele banheiro parecia estar se tornando cada vez menor à medida que o ômega respirava. Sua respiração estava rápida e os seus olhos permaneciam concentrados no objeto em mãos já há algum tempo. A ficha não havia caído ainda, de maneira alguma.
Desacreditado, ele arrastou suas pernas, que estavam bambas no momento, para o chão limpo e frio do azulejo branco e encostou as costas na parede também branca. À medida que sua atenção se concentrava nos dois riscos, mais eles ficavam embaçados com as lágrimas que agora preenchiam seus olhos. Ele não queria as derramar, mas isso já estava se tornando difícil.
Levantou a cabeça, agora forçando os olhos a olharem para outra coisa: o teto branco do banheiro. Largou o objeto pequeno e níveo no chão, naquela altura, ele já havia deixado as lágrimas rolarem pelo seu rosto, os soluços vieram acompanhados de uma avermelhada no nariz. Seus braços cobertos por um moletom cinza foram para os seus joelhos, os levando até o meio do peito que subia e descia de maneira vertiginosa.
O desespero tomou conta quando a ficha realmente caiu. Ele seria pai, estava grávido e aquilo não deveria ter acontecido, de forma alguma. Tudo aquilo parecia um pesadelo e como queria, como queria que pudesse acordar e olhar para o chão e não ver o teste de gravidez com os malditos dois traços pequenos.
E sua mente trabalhou, e como. Pensou primeiro no pai rígido e lesivo que tinha e de que maneira ele reagiria ao saber daquilo e de saber também que o outro pai da criança era o filho de um dos homens que mais tinha sua ira. Ele o mataria, com certeza. Depois Shouto pensou no que faria caso fosse expulso de casa.
Pensou no outro pai da criança, no cara que ele fazia sexo sem compromisso desde o ano passado. Ele não o conhecia o suficiente, não tão bem ao ponto de considerá-lo um amigo ao menos, ao não ser de suas preferências na cama, então não conseguia imaginar o que ele diria ou faria, e isso começou a lhe dar muito medo. E céus, ainda era um universitário.
Sua mente entrou em colapso, parecia que o ar havia faltado em seus pulmões por conta do jeito desesperado que procurava respirar. Mesmo o banheiro, sendo de estrutura grande, parecia tão pequeno e sufocante que ele queria sair dali e ver o céu aberto para tentar conseguir respirar corretamente, ao mesmo tempo que queria ficar ali e se esconder até aquilo tudo se tornar magicamente uma mentira.
Com um último fio de coragem olhou para baixo, para onde estava o teste com dois riscos, aos poucos surgiu um bolo horrível na garganta, sua boca amargou. Eles tinham tanto cuidado e fora somente uma vez que não tiveram, semanas atrás, no aniversário de Ochako, uma amiga em comum deles que fez uma festa com muitas pessoas e com muitas bebidas, ambos beberam, transaram e muito provavelmente não usaram proteção alguma.
A solução fora a pílula do dia seguinte. Logo depois que Katsuki saiu às pressas do quarto onde estavam devido a uma ligação do pai, Shouto se questionou se haviam usado preservativo, chegando na conclusão que não sabia, ele não se lembrava, de imediato ligou para o Bakugou e perguntou, recebendo a mesma resposta que pensou, ele também não lembrava. Com isso em mente, no mesmo dia ele procurou sua amiga, Ochako, em seu quarto e pediu uma pílula do dia seguinte. Ela, sendo uma ômega, sempre gostava de estar prevenida para essas coisas.
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CONSTANT BLOOM | Bakutodo
FanfictionTodoroki Shouto era um ômega sem muitas ambições para com a sua vida. Ele sempre viveu em um ambiente familiar onde o pai, Enji, sempre o olhou com repulsa e contempto por ele ter nascido ômega, e tirando seu irmão mais velho, Touya, ele sempre tamb...