05. Alguém exaurido

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Entrou no lugar apertado rapidamente, as mãos trépidas seguraram a borda de porcelana do vaso sanitário e os joelhos descobertos foram de encontro ao chão frio do banheiro, e por fim o estômago expulsou toda a comida que havia ingerido pela manhã,...

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Entrou no lugar apertado rapidamente, as mãos trépidas seguraram a borda de porcelana do vaso sanitário e os joelhos descobertos foram de encontro ao chão frio do banheiro, e por fim o estômago expulsou toda a comida que havia ingerido pela manhã, seus olhos lacrimejaram levemente enquanto seu rosto estava quase que, praticamente, dentro do vaso.

Ao terminar de vomitar ficou um tempo sentado no chão com um olhar de desânimo, Shouto não via a hora do quarto mês chegar e aqueles enjoos e vômitos pararem, nem que seja um pouco, ele já estava se cansando disso. Puxou o ar, soltou e puxou de novo muitas vezes, e levantou-se, colocando as mãos na pia feita de mármore, ligando a torneira e aparando com as mãos a água que saía, molhando o rosto.

Pegou uma escova de dente recém-comprada pela a sua mãe e começou uma escovação a fim de tirar o gosto ruim da boca por conta do recente vômito.

Já fazia cinco dias desde o almoço catastrófico. Shouto ainda estava se acostumando com tudo que andava acontecendo em sua vida, e nesses quatro últimos dias ele passou maior parte do tempo comendo, vomitando, pensando, dormindo no sofá suspendido no teto, chorando e vendo o sol se pôr no fim das tardes, tudo isso nessa mesma ordem. Isso até explicava um pouco o seu semblante de cansaço, mesmo não fazendo nada que consideravelmente deixaria alguém exaurido, ele se sentia mais esgotado emocionalmente, especificamente nas vezes que pensava demais.

Os pensamentos iam de, sobre o bebê que carregava, para o trabalho que ele, possivelmente na sua cabeça, estaria dando para a mãe naquele momento e terminando em, se ele diria sim ou não a notícia para o outro pai sobre o ser que carregava. Era como uma avalanche, uma massa acumulada de neve, gelo, detritos, pensamentos disfuncionais e problemas que estavam se movendo de forma rápida e violenta para cima de si.

Ele pensava sobre o futuro dele e do bebê, de como seria dali em diante, como ele lidaria com um ser que a partir dali dependeria dele para tudo. Shouto se sentia em desespero, e não se sentia felizardo com tudo que estava acontecendo, para ele, o ser que carregava era um estranho, somente um erro dele e de Katsuki, erro esse que ele ainda pensava se arcaria com as consequências sozinho ou não. Somente ao pensar nisso ele sentia vontade de chorar.

Ao terminar a escovação, secou as mãos e o rosto em uma toalha azul pendurada perto de sua cabeça. E antes que pudesse seguir caminho até os fundos da casa onde ficava o quintal, e onde sua mãe, que já havia chegado do seu trabalho, estava cuidando de plantas e flores, ele sentiu uma leve perda de equilíbrio que o fez segurar na pia com firmeza.

As coisas, o teto, as paredes e objetos ao seu redor ficaram desfocados, voltavam ao normal e retornavam a ficarem não nítidas novamente, seguindo essa mesma frequência aflitiva. Tudo parecia girar. O ômega fechou os olhos bicolores com força, seus dedos permaneceram fixados na pia de mármore e ele passou a respirar de maneira um pouco desesperada.

CONSTANT BLOOM | BakutodoOnde histórias criam vida. Descubra agora