03. Sem chão

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Depois de horas conduzindo o carro pelas ruas sem rumo nenhum, o desespero tomou conta de Shouto, e de maneira devastadora

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Depois de horas conduzindo o carro pelas ruas sem rumo nenhum, o desespero tomou conta de Shouto, e de maneira devastadora. Ele somente conseguia pensar em formas de resolver tudo aquilo que estava acontecendo consigo, e dentre o caos que se instalava em sua mente algo específico veio, algo que o conduziu parar o carro de repente em uma rua qualquer de um bairro bem distante do prédio luxuoso que Katsuki morava e o fez pensar tanto que as mãos tremeram no volante.

Ele pareceu decidido quando se direcionou para um lugar, que encontrou na internet, e seguiu rota sem nem pensar muito a respeito, parecia está conformado que aquela seria a decisão certa enquanto dirigia pelas ruas em rumo ao seu novo destino naquele fim de tarde, mas foi somente quando parou o carro do outro lado da rua da clínica de aborto que sua mente entrou em uma guerra de pensares.

Pensou que depois de feito ele não precisaria lidar com o seu progenitor, nem com o outro pai do bebê e se fosse expulso ele não teria que se preocupar com dinheiro e coisas semelhantes, e muito menos passar por uma gravidez indesejada, correndo o risco de não ser um bom pai, e de até mesmo abandonar o bebê em um orfanato. E não, deixar o bebê nos braços de Katsuki não era diferente de um abandono, e ele tinha medo das consequências que esse abandono traria e não se via conseguindo lidar com um ser crescido nutrindo rancor por si.

Quem o garantia que depois de enfrentar tudo, passando por todos diversos obstáculos ficaria tudo bem? Que as coisas iriam se encaixar da sua maneira, e que ele conseguiria dar um lar, um lugar de acolhimento, que ele nunca teve, para aquele ser? Ele conseguiria lidar com tudo isso com força e garra sem depender de terceiros? Shouto sentiria algum tipo de vínculo afetivo e sentiria que o ser, ainda sendo gerado, era parte dele ao segurá-lo nos braços?

Com toda essa balbúrdia na mente, sentiu seus olhos começarem a lacrimejar aos poucos e seu lábio inferior era imprensado por alguns de seus dentes enquanto levemente tremia. Suas írises iam da entrada da clínica para frente, ainda decidindo se iria entrar ou seguir caminho para ir embora do lugar de estrutura pequena e localizado em algum lugar bem longe da mansão luxuosa em que morava, lugar este que tinha algumas pessoas do lado de fora que seguravam cartazes e não hesitavam em abordar ômegas e betas que entravam ou saíam da clínica.

Shouto abriu a porta do carro com uma coragem momentânea que se apossou em seu corpo, mas ele somente conseguiu colocar os pés para fora, sentindo a respiração ficar um pouco sem regularidade aos poucos, e sentindo também um leve tremor pelo o seu corpo. Seu peito doía tanto, havia um peso ali e ele só queria uma mão segurando a sua naquele momento.

Pensou em ligar para Emi, mas sabia que a esverdeada estaria ocupada e ele se sentia mal por estar tomando o tempo dela, aquele erro fora dele e ele quem arcasse com isso. Acabou pensando em Katsuki. Pegou seu celular e o ligou indo rapidamente para o aplicativo de contatos, uma lista de contatos nem um pouco cheia, e ficou encarando a tela ligada do seu celular tentando criar alguma espécie de coragem para iniciar uma ligação.

CONSTANT BLOOM | BakutodoOnde histórias criam vida. Descubra agora