Capítulo 7.

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— Eu não te segui, Chloe. Estranhei que você não havia chegado, fui ver se estava pelo bar e te vi saindo com outro cara... tudo bem se você tinha outros planos, era...

— Não, não. O Oliver é o meu ex e nós nos...

— Eu não me importo com quem ele seja, ou o que vocês dois são. Você não precisa me dar satisfação alguma, só fiquei preocupado quando ouvi a discussão.

— Você ouviu?

— Vi, e resolvi te acompanhar e sugerir uma conversa, para você não sair de cabeça quente e acontecer algo ruim.

Vitor era um fofo, a sua postura diante as situações eram maduras. E eu gostava muito disso.

Observei a cidade enquanto estávamos encostados no capô do carro de Vitor, que se encontrava parado naquela depressão de terra. Era realmente uma vista linda, um lugar calmo e agradável, seria um lugar ideal para ele me matar.

Mas ele não seria capaz... eu espero.

— Você costuma vir sempre aqui? — virei o rosto para olhar o barbudo, que permanecia com o olhar nas luzes dos prédios a metros de distância.

— Sempre é uma palavra forte. Eu venho quando preciso refletir, é um lugar especial, mas nunca vim à noite, é incrível. — ele me olhou e sorriu. O brilho nos seus olhos eram tão intensos quanto as luzes da cidade.

Verdes e brilhantes. Eram como uma jade.

— Foi uma boa escolha, eu gostei. Não conhecia essa parte da cidade, quieta e longe de todo o caos.

— Hora ou outro o lugar me lembra você. Quieto, silencioso, bonito... — ele se aproximou um pouco mais, de forma que a lateral do seu corpo se encostasse no meu.

— Eu sou quieta e silenciosa? — ri. — Você acha mesmo isso?

— Acho! Pelo menos quando estamos juntos. Eu não sei nada sobre você, Chloe. Só sei que você é a garota que invadiu o meu escritório e ia me dar um bolo hoje. — ele disse e eu arregalei os olhos na hora. — Você não me enganou no dia da tatuagem, eu gravei seu rosto, é difícil esquecer seus olhos, eles parecem querer dizer muita coisa, mas você não me disse quase nada.

A cada palavra dita, eu ia me derretendo inteira por ele. Ele era delicado, as frases pareciam ser calculadas uma a uma, o jeito que os seus lábios mexiam e as suas expressões faciais eram... perfeito!

Eu não sabia o que dizer, acho que eu não precisava falar muito coisa se a minha vontade era de beijá-lo.

— Vitor... — falei, em um tom acanhado, enquanto inclinava o corpo e automaticamente o meu rosto. — Eu preciso mesmo falar sobre mim agora? A noite é tão curta...

Apoiei as mãos no seu peitoral e segurei na sua camisa social, ela estava com os primeiros botões - de cima para baixo - desabotoados, o que facilitou a pega e o puxar para mais perto. Vitor era bem mais alto do que todas as pessoas que beijei, ficar nas pontas dos pés era fichinha para alcançar seus lábios. Ele segurou firme a minha perna e logo o seu rosto foi chegando mais perto, se encaixou perfeitamente entre o meu pescoço e o trapézio, roçou o nariz pequeno de ponta fina.

Naquele momento senti a sua respiração calma. Naquele momento eu quis que os seus beijos arrepiassem a minha nuca.

— Você não acha que está um pouco tarde? — ele cortou totalmente o clima se afastando, me olhou sem jeito e coçou a cabeça.

— Hum... é talvez esteja um pouco tarde. — respondi, enquanto cruzava os braços por conta do frio, mas principalmente pela vergonha de ter levado um fora.

Você foi broxante, Vitor.

— Você quer que eu te acompanhe até em casa... quer dizer, vou te acompanhar, não vou deixar você sair daqui sozinha a essa hora.

— Vitor, eu estou de carro.

— Eu sei disso. — ele sorriu. — Vai na frente, eu te acompanho.

[...]

Ainda irada com o fora aos 45 minutos do segundo tempo, permiti que Vitor me acompanhasse, ri comigo mesma enquanto dirigia, ele realmente merecia o bolo que eu dei. Pelo menos consegui informações e vou finalizar a matéria, só falta improvisar o que vou falar para Louis por não ter publicado no prazo, espero que ele entenda.

Observei o carro pelo retrovisor, tive a leve lembrança da BMW que supostamente me seguiu, mas resolvi deixar os pensamentos de lado, pode realmente ser coisa da minha cabeça. Chegando em frente ao prédio e bem antes de parar o carro, Vitor parou antes de mim, estacionou e eu instintivamente fiz o mesmo. Desci do carro e bateu a porta.

— Como sabe que moro aqui? — arqueei uma sobrancelha e caminhei até o seu carro, o parando antes que ele pudesse descer e falar qualquer coisa.

— Eu... eu não sabia. Você deu a seta e percebi isso. — riu, parecia incomodado.

— Não, eu não dei a seta. Você parou primeiro, não sou louca.

— Calma. Eu não estou dizendo que você é louca. É uma coisa meio óbvia, passamos por diversos prédios, casas, você reduziu a velocidade logo quando nos aproximamos. Me precipitei e deduzi que fosse aqui. — ele encostou a porta do carro e se direcionou a calçada.

Sua lábia é ótima, Vitor, mas eu sou mais esperta do que você.

— Ok, então... — sorri de canto e caminhei em direção a entrada do prédio. — Isso é um 'boa noite', você já pode ir se quiser.

— Você está brava? — perguntou e eu me virei para olhá-lo. — Acha que eu sou um stalker e sei onde você mora porque sou obcecado na sua vida?

— Não, eu não acho isso. Mas estou começando a desconfiar. Você é perfeito e esperto demais para ser verdade. — respondi, irônica e rodando a chave do carro no dedo indicador.

— Não quero causar essa impressão, Chloe. Eu gostei da sua companhia, das nossas conversas, mas... eu não sei o que te fez pensar assim. Me desculpe se me precipitei e comecei errado, eu realmente só queria te conhecer. — deu de ombros e se direcionou ao seu carro. — Eu vou levar o perfeito e esperto como elogio.

Acabei me dando conta que peguei um pouco pesado, ele até que estava se esforçando para não ser um babaca igual aos outros que conheci. Respirei fundo, minha mente estava traumatizada demais depois de tudo que aconteceu. Será se Vitor realmente não merece uma chance.

— Vitor. — falei, e ele virou-se para me olhar. — Boa noite, se cuida.

— Boa noite, Chloe. Descansa a cabeça, espero que tenha um bom dia amanhã. — ele abriu um largo sorriso, parecia aliviado, entrou no carro e se foi.

Perdi o gatinho de vista, mas ganhei a matéria.

Antes de entrar no meu apartamento, ouvi gritos... não, gemidos vindo do apartamento de Artur. Um fio de ciúmes passou pelos meus olhos, mas era só a vizinha nova, Artur deve estar a léguas de distância daqui, transando com uma ou duas putas peitudas.

Entrei em casa e vi algumas caixas no chão, o ronco de Hermione era tão perceptível quanto os palavrões vindo do apartamento ao lado. Olhei para as caixas, eram as coisas de Artur, canetas, livros, um ursinho de pelúcia - isso não era o estilo dele -, um sabonete, cobertores... eram muitas coisas, minha curiosidade era enorme, mas a responsabilidade e a necessidade de continuar empregada era maior. Meu notebook me chamava em cima do sofá e a noite mais uma vez seria em claro, na correria para publicar uma boa matéria.

Meu Inesquecível Vizinho Onde histórias criam vida. Descubra agora