Meu Inesquecível Vizinho

Capítulo 26.

Ele mudou os meus dias, os últimos meses e acho que mudará a minha vida inteira. O futuro nunca é certo, mas o que estou aprendendo e vivendo com ele fará parte de toda a minha história, eu nunca imaginei que viajaria o mundo ao lado de um cara que criei laços em tão pouco tempo. Mas ele me prometeu o mundo, e estava cumprindo com a sua promessa e fazendo valer a pena na cidade do amor, em Paris, na França.

Foi estranho, porque passou pela a minha cabeça que o meu mundo estaria acabado depois que sai da revista, mas nunca me senti tão livre para escrever como me sinto agora, claro que eu ainda preciso cumprir com o contrato exclusivo, mas não há nada mais que eu ame do que escrever, expor minhas ideias, os fatos, o mundo. O que está sendo mais difícil nesse mês, é ter deixado a Jade em um hotel para cachorros, eu sei que ela iria amar o pinique em frente a torre Eiffel, as luzes de Paris e todos os passeios que ainda faremos na Itália.

Me acostumar sem ter Artur também é diferente, não que eu o espere todas as manhãs, mas creio que ainda não perdi o hábito de nos vermos todos os dias, e implicar e insistir na competição de quem duraria mais tempo sem querer voar no pescoço do outro, seja para matar, seja para encher de beijos e arranhões. Talvez eu esteja me desapegando dele, Vitor está me fazendo uma mulher tão feliz e realizada, como se essa fosse a sua única missão do mundo, como se eu tivesse sido feita exatamente para ele, como se os meus defeitos fossem perfeitos para ele e isso nos tornasse um casal esplêndido.

— É estranho a Jade não estar aqui. — ele olhou para o spitz que estava sentado no colo de uma senhora na mesa ao lado.

— Nós combinamos não lembrar da Jade nos passeios. — levei a taça de vinho até a boca e arqueei a sobrancelha, enquanto o encarava, e ele suspirou.

— Sim, nós combinamos. — ele riu e coçou a cabeça, voltou a fixar o seu olhar verde em mim e beliscou a comida estranha que foi servida a pouco tempo, mas continuava sendo gelada e nojenta, Vitor não parecia se familiarizar com aquilo, tampouco eu, que estava temendo uma reação alérgica, como no dia do camarão. Escargot e camarão tem algo em comum? — Mas eu queria que ela estivesse aqui, sabe? Ela faz parte da nossa vida agora, precisa presenciar os momentos especiais. — suspirou. — Será se quando voltarmos, ela ainda vai lembrar da gente? Se ela esquecer quem nós somos? Acho que precisamos voltar logo. Com certeza precisamos!

— Você está tenso. — ri, e acariciei a sua mão, que estava largada na mesa juntamente dos cotovelos, como de costume.

— Você quer pular para a sobremesa? Eu odeio essa comida! — resmungou e sorriu de canto.

— Nós podemos, né? Pedir um pétit-gateau e depois procurar algum Food-Truck com hambúrguer e batata frita. — olhei para os lados, procurando o garçom. Americano é uma droga, né? Em um puta de um restaurante chique francês, prefere hambúrguer... mas quem não?

O garçom se aproximou, com uma bandeja coberta e um lenço pendurado no antebraço, deixou o prato sob a mesa e eu e Vitor nos entreolhamos.

— Não pedimos ainda. — falei, meio sem jeito e ele retirou a tampa redonda que ainda cobria o prato, o empurrou com delicadeza na minha direção e saiu. Era o famoso bolinho de chocolate com sorvete, muito chocolate e sorvete de creme, parecia delicioso, mas ao lado, bem no canto do prato, a caixinha aveludada de cor púrpura, que logo foi pega por Vitor, que se aproximou e se ajoelhou a minha frente.

— Eu sei que você estava esperando a sobremesa e... — ele disse, sorriu e voltou a me encarar. — Isso foi meio clichê, eu sei. Eu estava esperando irmos para a Itália, você me disse que era o seu sonho ir até lá, mas eu não aguentava mais esperar por isso.

O meu coração começou a errar as batidas, as minhas pernas tremeram, as minhas mãos ficaram frias e a minha respiração se descontrolou. Levei as mãos até a boca, não conseguia conte o sorriso e a emoção, ninguém nunca havia feito um pedido assim, e isso estava prestes a acontecer. O homem mais incrível estava ajoelhado a minha frente segurando as alianças.