Capítulo 12.

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{ouçam a música antes, durante ou depois do capítulo)

"E pela luz do sol que me ilumina, não existe nada mais que me fascina, que te ver chegar."

— Você tem certeza disso? — Vitor perguntou pela milésima vez, enquanto abria a porta de casa e os meus lábios estavam sob o seu braço.

— Vai demorar? — perguntei, entediada enquanto observava ele perdido no emaranhado de chaves, me segurando para não dizer que ele era broxante.

— Consegui, consegui! — comemorou baixo. — Vamos.

Já estava virando comum ele me puxar pelo braço e me guiar até o local do seu desejo, dessa vez, para dentro da sua casa, tão linda e cara quanto o seu carro, o seu bar... estava super bem organizada, exceto pelas malas no chão e duas cervejas deixas sob a mesa de centro na sala de estar.

— Está um pouco bagunçado, eu sei. — ele sorriu de canto e tentou catar uma coisa ou outra que estava fora do lugar. — Eu odeio desfazer as malas.

— Achei que você não bebia. — disse, enquanto deslizava o meu dedo pela estante sobre a lareira empoeirada.

— Estou tentando parar, isso não é de hoje. — Vitor pareceu meio envergonhado e tirou as cervejas, se direcionou até a cozinha.

A poeira no local era nítida, o armário da cozinha era antigo e rústico, a mesa havia marcação de copos, a pia pingava sem parar e denunciava a parede molhada por infiltração. Ele parece ser tão desleixado para um libriano, ou acabou de se mudar e não teve tempo de fazer os reparos, parecia uma casa abandonada.

— Você quer ir até o quarto ou algo do tipo?

Claro que quero, você quer me comer na mesa da cozinha?

Assenti com a cabeça e deixei um sorriso incomodado escapar, Vitor era lento, ele não pareceu ser tão bunda-mole assim quando socializou comigo no estúdio de tatuagem, quando saímos juntos do seu bar, mas parece que depois que ele alcançou o seu objetivo, estancou.

Entramos no quarto escuro e frio, as grandes janelas estavam abertas e as cortinas balançavam, a única luz que estrava ali era a da lua e de alguns postes do pátio do condomínio, Vitor ligou uma meia luz e eu percebi que o quarto estava diferente do resto da casa, estava organizado, limpo, e parecia que realmente uma pessoa dormia ali. Vários quadros de paisagens na parede, beisebol, e Elvis Presley estava em destaque bem no meio. As fotos pela mesinha ao lado da cama e em uma estante com vários livros chamava atenção de qualquer pessoa, caminhei devagar ao lado das fotos observando as mesmas. Vitor esteve na Itália, em Londres, Brasil, Canadá, Portugal, Cancún, Grécia... não sou tão boa em geografia para identificar os outros milhares de locais, mas ele parecia feliz em todas as fotos, quem não estaria conhecendo o mundo inteiro?

— É estranho estar de volta à Nova York depois de todos esses anos por esses lugares. — ele se aproximou e segurou uma foto, a encarou e em seguida colocou de volta. — Chile. Um dos meus lugares favoritos.

— Por que é estranho estar aqui? — me virei e o olhei, ele estava com as mãos no bolso e sorriu.

— É tudo muito... prédio, barulho, luzes, pessoas, metrô, lojas. É sufocante, superficial.

Falou quem dirige uma BMW e usa sapatos de dez mil dólares.

— Você não gosta de estar perto das pessoas? E quando viajava, não estava perto de ninguém? — me aproximei aos poucos e dedilhei o seu peitoral sob a camisa enquanto fixava os meus olhos nos dele.

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