Capítulo 18.

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Estar na casa de Vitor e olhar detalhe por detalhe, sempre me guardava uma surpresa, eu sempre descobria que ele conheceu mais e mais lugares, ele é aquele tipo de pessoa que sempre vai ter uma história boa para contar, e as suas histórias me distraíam enquanto eu só conseguia pensar em Artur.

— Espera, deixa eu ver se entendi. Depois que você passou duas pontes e uma vaca correu atrás de você, e chegou até a tal cachoeira, não era uma cachoeira, era um esgoto cheio de viciados em heroína, um deles se apaixonou por você e te ameaçou com uma agulha suja... meu Deus, que rolê louco. — comecei a rir e tentei raciocinar como isso havia acontecido em um curto período de tempo.

— Eu recebi algumas informações falsas. — Vitor levou a mão até a testa e abriu um sorriso, ele me olhou e deu um gole em uma taça com chá gelado, desviou o seu olhar para o chão em seguida e deixou a taça entre as suas pernas, se encostando na parede e voltando a me olhar. — Tem uma reserva legal na cidade dos seus pais, não é?

— Sim, é ótimo para fazer uma caminhada, o lugar é lindo.

— Você costumava ir lá? — ele arqueou uma sobrancelha e se levantou, sentou na cama ao meu lado.

— Ah... eu não fui tantas vezes, eu amava ir para a casa dos meus avós, ver meus tios, meus primos, mas eu sempre preferi ficar aqui. — envolvi os meus braços em seu pescoço e me aproximei, sentei no colo de Vitor e ele beijou o meu rosto.

— Deve ser bem legal lá.

— Você quer ir com a gente, Vitor? — arqueei uma sobrancelha, ele passou a noite inteira dando indiretas sobre essa viagem, a minha consciência estava pesando e eu me sentindo uma mal educada por não convidá-lo.

— Eu adoraria! — seu sorriso abriu largamente e as covinhas eram evidentes, isso acabava comigo.

Ele reverteu a nossa posição e deixou o seu corpo sob o meu, estando em cima de mim ele me encarou, e eu me vi encurralada no meio do seu olhar verde enquanto o mesmo me encarava, a sua destra tocou o meu rosto e acariciou, fechei os olhos para sentir todo o seu carinho, mas quando abri eu não o vi mais ali, o sorriso que agora me encarava era aquele sacana, de dentes perfeitamente alinhados, os olhos quase fechando ao sorrir e os lábios finos e vermelhos dava um belo contraste. Eu enxerguei Artur, somente Artur, o meu coração bateu mais forte e eu sabia que aquilo não era real, eu queria voltar a realidade o mais rápido possível porque sabia que aquilo me machucava, a minha mente mais uma vez estava a me sabotar.

Encostei as mãos no peitoral de Vitor, eu estava sufocada, o empurrei para o lado e me sentei na cama ofegante, como se eu tivesse corrido uma maratona.

— O que aconteceu? Você está bem? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado, o olhei e tive a pior sensação do mundo.

— Não estou. Estou com uma sensação ruim. — tentei puxar o ar, mas ele não vinha. Uma crise de ansiedade do nada era o que eu estava precisando.

— Tem certeza? Você quer ir para casa? — Vitor parecia preocupado, ele me encarava a todo momento e tentou encostar no meu rosto, mas eu desviei. — Está tudo bem?

— Vitor, eu... eu estou com uma sensação ruim desde que conversei com a senhora Evans, depois que ela te viu. Você tem certeza que não quer me contar nada? — a sensação de ter quase certeza que eu precisava saber de alguma coisa me rasgava por dentro, eu estava falhando como jornalista e esse era mais um motivo. — Eu sinto que tem algo que eu não sei, mas é importante e preciso saber.

— O que você quer saber? Acha que estou mentindo? — seus lábios entortaram com uma expressão de decepção no rosto, mas ainda buscando o meu corpo para acariciar com a destra.

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