Capítulo 27 [RETA FINAL].

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Eu não queria ter estragado um dos melhores momentos da minha vida, mas pensar em Artur era inevitável, a minha preocupação era alarmante, eu achei que que iria ficar nos braços de Vitor a noite inteira, tentar conter as lágrimas e dormir na angústia e na incerteza do que realmente aconteceu com Artur. Mas eu estava errada, meu namorado parecia mais preocupado do que eu, os seus braços trêmulos o entregavam, mesmo que o seu tom de voz fosse calmo, ele não conseguia disfarçar a sua ansiedade para checar o celular de cinco em cinco minutos. As teorias vieram à tona, mais uma vez, e isso não me deixava nem um pouco feliz, lembrar da foto da família Evans e da fotografia dos dois irmãos no antigo quarto de Artur. Partes de mim queriam acreditar que Vitor era inocente e que não era o Tyler, mas tudo dentro de mim gritava, me alertando que eu estava presa a minha autosabotagem.

Pesar as pálpebras e dormir foi a missão impossível da noite, me remexi quinhentas vezes e não consegui parar de encarar o homem ao lado, que dormiu com o celular sob o peito. O sol raiou às 06:56 em ponto, não mais do que isso e nem menos, e eu sei porque como Vitor, chequei o celular a cada segunda esperando uma nova notificação de Artur, não que eu a aguardasse com tanta certeza, mas me acostumei com o gesto. Estava enjoada, com enxaqueca, querendo fazer as malas e voltar para Nova York, convencer a senhora Evans a fazer uma investigação ou até mesmo irmos juntas atrás do Artur, quem sabe eu colocaria as mãos no fogo e o Aaron contra a parede, para que ele confessasse o que fez. Comuniquei Hermione e Will do acontecido, eles estavam em uma festa na casa da Gio, eu precisava deles mais do que nunca, até mesmo para ouvir as ideias de doido dos dois, que sem pensar duas vezes, me incentivaram a pegar o celular de Vitor, e falaram que eu estraguei com o plano: não se envolver.

— Vitor. — dei dois tapas de leve em suas costas, ele permanecia inerte, dormindo e roncando. — Vitor, acorda.

Após algumas chacoalhadas, ele abriu os olhos e limpou a boca, franziu a testa e me encarou.

— Droga, dormimos demais e perdemos o avião!? — levantou-se em um pulo, pegou a primeira calça que estava em cima da mala e começou a se vestir.

— Não, o nosso voo é à tarde, são... oito e quinze. — suspirei. Sempre foi o meu sonho conhecer a Itália, o Vaticano, Verona e Veneza, ver a Capela Sistina com os meus próprios olhos e encarar a Pietà. Mas eu não iria aproveitar nada se o meu pensamento estivesse em Artur, eu queria mesmo era comprar uma passagem para Pembroke, talvez. — Não estou me sentindo bem.

— O que está sentindo? — ele se aproximou, colocou um joelho na cama e se inclinou, sua mão tocou o meu rosto e me fixei nos seus olhos verdes.

— Enjoada, com dor de cabeça. Talvez seja o estresse da viagem. Eu estava pensando... você pode ir até à farmácia? O seu francês é melhor e mais convincente para comprar remédio sem receita. — forcei um sorriso e fechei os olhos, sentindo todo o seu carinho e já me arrependendo das minhas próximas atitudes.

— Podemos adiar as passagens para a Itália, se preferir. — ele sentou-se ao meu lado e me olhou, preocupado. — Você não quer um chá? Eu sempre preferi no lugar de remédio, sempre funcio...

— Vitor, vai comprar remédio, por favor. — levei as mãos até o rosto e ele se afastou, finalmente pareceu ter entendido e se vestiu rapidamente. — Eu vou ficar bem, e viajaremos hoje à tarde.

— Tudo bem. — respondeu e engoliu seco, ouvi a porta sendo batida. Eu fui grossa com o meu neném, não fui?

Rapidamente me levantei, esperei um minuto antes de abrir a porta novamente e olhar pelo corredor, sem sinal algum de Vitor, me tranquei no quarto e fui até o banheiro. O espelho entregava as olheiras, os olhos inchados e o calafrio batia no corpo ao pensar que, talvez, eu não fosse mais ouvir a voz mais debochada e sexy do mundo.

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