Capítulo 32 [FINAL].

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— Eu havia esquecido como um táxi é nojento. — Artur resmungou, saindo de dentro do carro amarelo com as malas e limpando a roupa. — Tem cheiro de cachorro molhado e sardinha.

— Artur, você pode por favor esquecer que um dia andou em um carro importado de milhões e admirar o nosso prédio? — perguntei, o puxando pela camisa com um largo sorriso no rosto, arrastando-o pela calçada enquanto carregava a mala de mão.

— Nossa, uau! Que prédio... rústico, exótico, velho. — comentou, o olhei de cara feia e ele balançou os ombros. — Foi um bom prédio.

Me soltei dele e fui saltitando em direção a porta com o vidro manchado, o porteiro como sempre assistia a qualquer coisa na pequena televisão e nunca estava muito atento ao movimento, mas eu estava feliz, muito feliz. Iria chegar de surpresa, não via a hora de ver Hermione, depois encontrar Will e o meu irmão, e ainda tinha esperanças de ver a Jade. Subi a escada correndo, não liguei se vinha ou não um Artur com mais de cinquenta quilos de bagagem logo atrás de mim, estava com muita pressa para pegar o elevador e acho que ele nem sequer pensou nisso. Parei em frente a porta de casa, ofegante e risonha, levava a mão na intenção de bater e depois tornava com ela de volta para detrás do corpo.

— Meu Deus. Eu não acredito! — falei comigo mesma. Bati na porta várias vezes seguidas, era o que a minha amiga mais odiava, queria provocá-la só para depois ver o seu sorriso quando ela percebesse quem era.

— Que inferno. Perdeu alguma coisa aq... — abriu a porta já tagarelando, como sempre explosiva, mas dessa vez, diferente. O rosto já estava inchado, a sua barriga estava enorme e ela apoiava a mão na lombar como quem acabou de travar tentando fazer um agachamento errado. — Não acredito!

A abracei forte, a barriga impedia muita coisa, mas quando eu a abracei finalmente me senti em casa.

— Surpresa, Hermi! — disse, sorrindo e apertando as suas bochechas.

— Ele chutou. Chloe, ele chutou! — ela gritou e eu gritei junto, sempre quis sentir um bebê chutar e agora o bebê da minha amiga chutou por minha causa.

— O que isso significa? — perguntei, entrando em casa e colocando a mala no chão. Tudo estava diferente, a posição do sofá, a poltrona do esquecimento já nem existia mais, carrinho de bebê no meio da sala e Hermione comprou uma mesa nova para a cozinha.

— Ele sempre chuta quando o meu coração acelera. — ela deu um tapinha em meu ombro e sentou-se no braço do sofá, apoiou as mãos no queixo e me encarou, piscou os grandes olhos castanhos, como se estivesse esperando que eu dissesse algo. E antes que eu pudesse falar ou perguntar qualquer coisa, Artur parou na porta, colocou as malas no chão e respirou fundo. Olhou para dentro do pequeno apartamento e colocou as mãos na cintura, passou a língua pelos lábios e me olhou.

— Nossa, ainda está igual quando eu vim aqui com o encanador e você escrevia coisas sobre sexo! — ele se aproximou e foi em direção a Hermione. — E você mudou bastante. Eu também gostava de conversar sobre a Chloe e tomar uma cerveja bem aqui neste sofá.

— É legal te ver também, vizinho. Desde que você sumiu do mapa eu tenho boas noites de sono. Não tem cama batendo contra a parede, gritos e nem gemidos.

— Nem me lembre. Bons tempos. — falou, logo levantou as mangas da camisa social e eu cerrei os olhos para o olhar. — Isso foi antes de conhecer você, meu bem.

— Então, Hermi. Como andam as coisas por aqui? — perguntei.

— Tudo tranquilo. Eu engordei uns onze quilos, o Will dorme em sua cama e o seu irmão vem aqui de vez em quando ver se você chegou, ele sempre reclama da sua falta de amor por ele.

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