Capítulo 24.

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Eu já havia deixado claro ao meu irmão, ao Will, Hermione e, principalmente ao Vitor que, por mais que fosse o meu aniversário, eu não queria comemorações e nem falsidade de textos em redes sociais, todos concordaram e estranharam, porque eu amo o dia do meu aniversário e era lei ter uma comemoração.

Mas Vitor insistiu, disse que teria que me dar um presente, senão não se perdoaria pelo resto da sua vida, falou ele, que nada compensaria as duas últimas semanas, que foram maravilhosas e não desgrudamos um instante. Acho que agora é oficial, somos mesmo um casal, mesmo sem pedido de namoro ou algo do tipo, e nem precisamos, acho que o que sentimos um pelo outro já basta, o que estamos vivendo juntos também.

Estar longe da revista é entediante e estranho, mas me bateu um alívio saber que a Eduarda mudou-se do prédio e não recebi mais nenhuma mensagem do blogue, acho que ela recebeu o que queria depois que saiu a nota sobre a minha "demissão". Eu me sinto cada vez mais insuficiente por não estar fazendo nada, parada, sem cuidar do meu futuro, tenho inúmeras ideias sobre boas matérias, mas colocá-las em prática agora, seria em vão. Tampouco posso escrever ou criar um blogue, contrato exclusivo e eu não quero ser demitida de verdade. Mas, estou conseguindo me distrair escrevendo textos no Tumblr, sempre gostei de escrever, e pelo visto, as pessoas estão gostando, e isso está fazendo eu me sentir menos incapaz.

Estar longe de Artur continua sendo difícil, mas agora mais cômodo. Consegui me acostumar com ausência, com a saudade, acho que o que realmente sinto falta são das coisas que vivemos, não dele em si.

Droga, e eu quero enganar quem?

Vai fazer quase um mês que ele não manda uma carta, uma mensagem, ou um fast-food do nada, sem e-mails e sem ligações. Eu sempre soube que Artur tinha um gênio forte, era orgulhoso e nunca precisou correr atrás das pessoas, ele era o meu oposto, um escorpiano nato. Mas, por outro lado, haviam coisas que mexiam com ele, e mesmo sem deixar o orgulho de lado, ele fazia questão de um gesto carinhoso para demonstrar que se importava, mesmo nunca admitindo.

Sinto tanta falta dele!

— Você está pronta? — Vitor perguntou, entrando no banheiro exalando o seu perfume gostoso e levantando as mangas da camisa.

— Só estou passando um batom, espera. — o encarei enquanto passava o indicador dando batidinhas em meu lábio inferior. — Por que está vestindo assim? Falei que não queria nada de especial hoje.

— Você sabe que merece. — ele revirou os olhos. — E prometeu pelo menos jantar comigo.

— Prometi? — arqueei uma sobrancelha.

— Ontem à noite, enquanto você estava em meu colo, minhas mãos em seus cabelos e os seus lábios em meu pescoço... você sabe, não é? — ele deu um sorriso de canto e se encostou na porta do banheiro.

— Isso não vale, a minha palavra nesse momento não conta. — dei uma risada e deixei o batom sobre a enorme pia de mármore. — Mas eu preciso ir em casa, me vestir. Não posso ir com o seu moletom.

— Você continua linda, meu amor. — ele beijou a minha testa e segurou a minha mão, eu o olhei como uma criança encarava o príncipe encantado na Disney, a sua barba contornava tão bem o seu rosto, era algo tão angelical... inexplicável.

[...]

Após sairmos do elevador do prédio, procurei a chave da casa na bolsa, Vitor encarou a porta do apartamento ao lado e engoliu seco, suspirei, ele cada vez mais interessado e suspeito. O problema de dormir em sua casa, é revirar as coisas pela madrugada procurando provas para acusá-lo de ser o Tyler e não encontrar, e depois disso, ver o seu sorriso sincero pela manhã fazia a minha consciência pesar.

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