17.

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Tenha uma ótima noite.

O lugar é lindo. Fiquei encarando o teto parada no meio do lobbie.

-Boa noite. A senhorita gostaria de algumas fichas ou uma bebida?- Um homem  uniformizado de garçom disse parado ao meu lado.

-Não, muito obrigada.- Levantei a taça com a bebida que já havia pegado de um garçom distraído.

-Ok, tenha uma ótima noite.- Ele sorriu educadamente.

-Obrigada.- Sorri de volta. Caminhie lentamente até o bar e sentei na cadeira alta de frente para o barman.- Um martini, por favor.- Pedi cruzando as pernas.

-Azeitona?- Ele perguntando terminando de preparar a bebida, o local não estava muito cheio.

-Sim, por favor.- Falei olhando para ele. Seu rosto era bonito, ele parecia tranquilo.

-Aqui está.- Ele colocou a bebida na minha frente em cima de um apoio. E olhou para trás de mim. Desconfiada olhei também e não havia ninguém.

-Obrigada.-Me esforcei para sorrir mais uma vez, mesmo desconfiada.

Aquele sonho me fez pensar no quão frágil posso ser e principalmente no meu limite. Não sou indestrutível. Depois de tudo que já passei, todas as falhas, todo sucesso, nada valia mais do que a paz de uma boa noite de sono. O tempo afasta e atrai essas lembraças, vai demorar cada vez mais para elas voltarem de novo. Eu conto com isso. Enquanto elas não forem, deveriam ser passado, terei que lutar pela minha paz.

-Gostaria de outra bebida?.- O barman perguntou limpando o balcão.

-Não, obrigada. Já vou voltar para o quarto.- Parei de girar o palitinho com a azeitona e virei a bebida.-Boa noite.- Ele marcou no meu nome a bebida. Subi para o quarto.

O corredor estava vazio assim como o elevador.

Passei o cartão no leitor da porta e esperei a porta abrir. Me senti levemente tonta, estranho bebi apenas duas bebidas. Fechei a porta coloquei o cartão na comoda e andei em direção ao banheiro.

Liguei o chuveiro, no celular o horário indicava 01:02 da manhã. 

Entrei debaixo da água, meu corpo relaxou ao entrar em contato com o calor que a ela transmitia. Limpei o corte na bochecha, um tom rosado desceu até o ralo. Tomei um banho rápido. Me sequei e sai do banheiro. Mitch estava apagado, atravessado na cama. Peguei a mala e tirei uma camiseta, um conjunto de roupa intima e por último um short confortável. Voltei para o banheiro coloquei a roupa a tempo do banheiro ser invadido por um sonâmbulo.

-Mitch.-Falei estalando os dedos na frente de seus olhos. Quando percebi que ele não responderia sai do banheiro antes de ver o que não devia com ele nessas condições.

O barulho da pia chamou minha atenção. Mitch saiu ainda cambaleando de sono com as mãos e o rosto molhados. "Será?" pensei.

-Dá próxima vez, te acordo estalando os dedos no seu rosto também.- Ele resmungou para na porta do banheiro. Ele estava com uma calça de moletom sem camisa.

-Então você está acordado.- Encarei ele.

-Sim.- Ele respondeu seco.

-Podia ter avisado.- Respondi sentando no sofá. Minha visão escureceu um pouco, fiquei tonta, quando abri os olhos as coisas estavam distorcidas e girando.

-Livie?-Ele disse ao perceber minha mudança brusca de reação.

-Droga. Literalmente.-Resmunguei me recostando no sofá. Pisquei várias vezes, eu conhecia essa sensação. Alucinógenos. 

-Você está bêbada?-Ele se aproximou e abaixou na minha frente.

-Não, eu tenho cara de que fica bêbada durante uma missão?-Ele inclinou a cabeça pensando.-Obrigada pelo voto de confiança.

-Você está pálida.-Ele continuava me encarando.

-Acho que me drogaram.-Respondi olhando para ele, apesar dos elefantes coloridos que estavam perto de sua orelha. Me segurei para não rir.

-Você acha?-Ele disse pausadamente.

-Não grita comigo. Minha cabeça está explodindo.- Apoiei minha cabeça em minhas mãos azuis e cumpridas.

-Agora está completo. Como você deixou isso acontecer? Você é uma agente a anos!- Ele me acusou levantando. Tentei endireitar meu corpo mais o elefante da orelha dele havia descido e me puxava para o chão. 

Ele me pegou antes que eu caísse.

-Eu não deixei nada acontecer. Só achei que estávamos seguros.-Respondi depois que ele me apoiou de novo no sofá. 

Ele ficou parado pensativo ou pelo menos eu acho, já  nada naquele lugar estava parado.

-Não fecha a afeição, o elefante azul não gosta quando você faz cara feia.- Falei replicando o que o elefante me disse.

-Elefante azul? E por um acaso ele sabe como acabar com o efeito de drogas?- Ele perguntou sério voltando a ficar perto de mim.

-Vou ver com ele.- Falei encarando o elefante. Ele não me respondeu, em vez disso correu para porta. Barulho de batidas.-Covarde! -Gritei apontando para a porta.

-Fica quietinha aqui.-Mitch falou indo em direção a porta.

-Sim senhor.-Caí no sofá.-Como se eu pudesse sair correndo igual o elefante.- Resmunguei.

Mitch parou atrás da porta, pegou sua arma e engatilhou ela. Ao abrir a porta não tinha ninguém. Só um biscoito gigante.

-Por que te deram um biscoito gigante e não me deram nada?.- Falei olhando para ele.

Micth colocou metade do corpo para fora no corredor.

-Nada.- Ele entrou no quarto fechou a porta e empurrou a comoda para frente dela.

-Biscoito?- Lembrei ele da minha presença.

-Isso é um bilhete.- Ele foi se aproximando.

-O que está escrito no "bilhete"?- Tentei sentar de novo, falhei.

-"Estamos observando, sabemos o que vocês fizeram com a nossa equipe."-Mitch leu.

-Que merda.- Respondi.-Nada de biscoito pra mim.-Fiz bico.

-Depois me preocupo com isso.- Ele colocou o biscoito na estante e veio na minha direção. Me pegou no colo e colocou na cama. Deitei e fiquei vendo ele andando de um lado para o outro. Ele só parou quando já havia água, um balde, uma bebida para dar energia e remédios para dor.

-Vai me apagar e me deixar aqui.-Eu estava ficando mais tonta que antes.

-Essa é a impressão que você tem de mim?- Ele ficou um pouco mais sério.

-O elefante voltou, ele não confia em você.- Respondi.

-Bom, ele tem razão. Mais nesse sentido.- Ele apontou para o quarto.-Ele está errado, não vou fugir, isso é só para ter certeza que você não vai ter uma overdose.-Ele falou sério sentando em uma cadeira perto da cama, se sentou com as pernas abertas.

-Foi no máximo uma pilula. Eu sobrevivo.

-Claro que sim. Te deixei sozinha por meia hora..-Ele balançava a cabeça.

-Qual é, me drogaram. Oras bolas, que terrível. Para com isso, somos adultos. A culpa é de quem me drogou não minha e muito menos sua.- Me espreguicei.

-Quem te disse isso? O elefante azul?.-Ele jogou baixo.

-Não, foi o vermelho que fica no seu nariz. Ele é mais racional e certinho, parece mais com você-Ele riu da piada. 

Ficamos em silêncio até que eu apaguei.

Zona de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora