27.

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Processo.

A minha sessão foi a primeira.

Cheguei ao corredor da ala psiquiátrica e fui em direção a sala 12. Sentei na cadeira em frente a sala e esperei para a consulta.

-Livie.- Uma senhora disse parada na reta da porta enquanto a segurava aberta.

Levantei. 

-Me acompanhe, por favor.- Ela disse encarando a ficha. 

Caminhei firme, olhando para frente seguindo a sombra do cabelo dela.

-E bom ver que você não precisa de uma camisa de força. Agentes da sua área não duram mais do que três missões sem enlouquecer.- Ela disse tranquila abrindo a porta da sala.- Quantas missões você já fez?- Ela apontou o sofá, me sentei ao mesmo tempo ela estava a minha frente cruzando as pernas ao se apoiar em sua poltrona de couro.

-Com a missão atual?- Olhei para ela brevemente, que assentiu com a cabeça.

-Por favor.

-Cerca de dez.-Parei para contar na sétima, o número sete me perseguia. Sete anos, sete messes, sétima missão.

-Você chegou a comentar sobre uma praga com o número sete.- Ela disse me encarando.

-Você conseguiu entender alguma coisa. Durante aquela sessão?- Minha primeira sessão com ela depois de perder ele, em tese um desastre de lágrimas.

-Claro que sim, minha sétima paciente da semana. Falando da praga do número perfeito de Deus que te atormenta.-Não pude evitar o susto quando ela disse sétima paciente. Tentei lembrar da época, em algum lugar dentro de tormenta e luto havia uma frase de Stan que desacreditou o que ela falou.  

-"Ela estava de licença."-Repeti.

-Quem?- Ela perguntou sem entender minha linha de raciocínio. 

-Você. Na época.- Respondi, ela sorriu.

-Você ainda tem perseguição por esse número.-Ela anotou alguma coisa na prancheta.-Achei que um suposição seria o suficiente para fazer com que você voltasse aquele dia.-Ela me encarou com um semblante sério. Por ser psicóloga e psiquiatra era difícil saber o que ela realmente estava avaliando naquele momento meu físico afetado pelos traumas ou o psicológico igualmente fudido.

-Essa coisa da prancheta é muito passivo agressivo.-Me ajeitei no sofá.

-Passivo ou não. O assunto é você. Agora, me conta o que aconteceu nessa missão.-Ela perguntou respirando fundo.

-Nada demais.-Respondi.

-Já fizemos isso antes, muitas vezes. O suficiente para mim saber quando você está mentindo.

-Você sabe exatamente o que aconteceu lá, eles te contam antes de me mandar para cá. E debaixo dessa prancheta, tem uma arquivo com o meu nome nele e com tudo que você precisa evitar ao abordar o assunto.- Segurei a almofada com uma mão e algo duro com a outra.

-Tudo bem. Estamos em um lugar seguro e sabemos que preciso escutar de você para poder te liberar. Agora, solta a almofada é a kunai que está na sua mão apontada para o meu pescoço.

Olhei para as minhas mãos e soltei ambas as coisas, a kunai quicou no chão e por fim ficou estática enquanto o travesseiro ficou parado assim que se chocou com o chão.

-Desculpa.- Falei olhando para as minhas mãos.

-Tudo bem, sei como é a volta dessas missões.- Ela disse pegando ambos os objetos do chão e levando para a sua mesa.

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