28.

281 43 46
                                    

Completo Babaca.

Acompanhei a correria Mitch estava deitado na maca inconsciente. Quando nos aproximamos da porta da emergência já dentro do centro médico uma médica me parou.

-Daqui para frente somente pessoal autorizado.- A doutora disse nitidamente irritada.

-É muito grave?- Não consigo evitar a preocupação que surge em meu peito me sufocando.

-Não avaliei a situação ainda e quanto mais tempo eu passar aqui batendo boca com você vai demorar mais ainda para que eu faça a avaliação.- Ela rosnou com o corpo virado em direção a porta que separava a enfermaria da emergência.

-Tá fazendo o que aqui ainda então?.- Fechei o rosto e ela se virou passando como um furacão pela porta em direção a sala de cirurgia.

Ouvi passos apressados atrás de mim.

-Cadê o Mitch? Sabe o que pode ter acontecido?.-Clara parou ao meu lado ofegante.

-Ele está lá dentro, não sei o que aconteceu. Estava na sessão e quando sai ele passou por mim já na maca.- Fiquei alguns segundos tentando ver alguma coisa pela janela da porta que dava para o centro cirúrgico.

-Acho que agora é a vez do Rafael.- Ela respirou fundo e estabeleceu um ritmo adequado.- De ir para a sessão, não para a cirurgia.- Ela completou.

- Ele estava na tenda tática.- Me virei para ela.

-Acabei de vir de lá.- Ela respondeu.-Por ordem do Evandro para saber o que aconteceu. Não podemos perder mais nenhum, depois de amanhã será a última missão.- Ela levantou uma das mãos apoiadas na cintura e olhou o relógio.

-Quanto tempo você acha que demora para uma avaliação de trauma?

-Depende muito, pode levar horas. Com todos os exames e resultados pode demorar até 24 horas para ter um diagnóstico completo.

-Droga.- Passei minha mãos entrelaçando meu dedos no cabelo enquanto respirava fundo olhando para o teto, isso não era bom.

-Ele vai ficar puto se morrer.

-Sério? Agora não é uma boa hora.- Encarei ela irritada com o comentário.

-Desculpa, eu juro que tem um contexto para o comentário. Ele falou que só vale a pena morrer por dois motivos, por alguém que ama ou trabalhando com o que se ama.

-Nada suicida da parte dele.- Me sentei na cadeira mais próximo e cruzei os braços. - Como chegaram nesse assunto?- Ela se aproximou amarrando o cabelo.

-História do passado.-ela fez uma pausa dramática ao se sentar do meu lado.-Vai dizer que não concorda com ele?- Ela me deu um empurrãozinho com o ombro.

-Falando como pessoa que foi o amor de alguém que ficou. Com toda certeza não vale a pena, quem faz isso não faz ideia do quanto o outro vai sofrer independente da situação.

-Esqueci desse detalhe. Vou procurar alguém que saiba o que aconteceu.- Ela se arrependeu de tocar no assunto e se levantou, fico feliz que isso seja tratado com mais naturalidade como foi feito agora. Além do mais, em outro dia eu concordaria com ela.

-Okay, vou ficar aqui.- Abaixei a cabeça a apoiando nas mãos.

Escutei passos de alguém familiar se aproximando, olhei para cima e Rafael estava parado com as mãos na cintura. Eu perdi a noção de tempo enquanto fiquei naquela posição, a sessão durava certa de uma hora e meia.

-Tudo bem?-Ele apoiou a mão na parte de trás da minha cabeça e olhou para o meu rosto quando levantei a cabeça.

-Tudo sim. - Dei um sorriso fraco.

Zona de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora