Zona de Guerra

20.

Conflito Armado.

Passei por quase cinco tendas até achar quem eu queria. Evandro.

-Livie, está tudo bem com você?- Ele perguntou olhando para mim de canto de olho.

-Você sabe que não. Preciso saber qual vai ser o próximo passo.- Me aproximei.

-Daqui a pouco nos reuniremos e discutiremos o próximo passo.- Ele respondeu pegando algumas papeladas ainda sem olhar na minha direção diretamente.

-Se a outra equipe voltar. Não é mesmo.- Parei na sua frente.

-Esqueço que você sabe demais dessa parte burocrática.- Ele respondeu suspirando, parecia exausto.

-Gosto de me preparar. Pode falar.

-Ok.- Ele suspirou e foi andando, o segui. Paramos de frente para uma parede com algumas imagens e pontos vermelho.

-Eu conheço esse lugar.-Era o mapa do hotel que passamos a noite.-Não acho uma boa ideia mandar o Mitch ou eu para lá de novo.-Cruzei os braços, estava tudo mapeado.

-Muito pelo contrário, ele faz questão de voltar lá para o próximo passo.-Evandro disse tranquilamente.

-Como assim faz questão?- Perguntei inocentemente.

-Ele não gostou nem um pouco do que eles fizeram, e ele sabe que isso faz parte de uma coisa ainda maior.-Evandro apontou para a imagem de um homem jovem. -Ele é um dos cabeças do tráfico de mulheres, coligação direta com o chefe da facção vermelha.-Finalmente ouvi a motivação que eu precisava.

-Tráfico de mulheres e uma facção. Esse é o centro da operação.-Apontei para o ponto vermelho no centro da parede e olhei para todas as linhas que cruzavam com ele.

-Acho que não era para você saber disso.-Evandro disse com as sobrancelhas juntas e uma afeição de que fez arrependimento. - Você descobriria cedo ou tarde.

-Não, não era.-Viramos em direção a porta de onde a voz vinha. Stan estava parado na porta.

-O que está fazendo aqui? Era para estar treinando ou ajudando os outros.- Ele disse bravo.

-Tenho direito de saber o motivo do meu esforço, afinal fui cobaia ou melhor isca. Eu não sirvo só para vocês falarem mal de mim para a única pessoa que eu acreditei ser confiável daqui.-Stan se sentiu ofendido.

-Como assim? Do que você está falando?-Evandro tentou disfarçar.

-O Mitch veio aqui apenas para fins estratégicos. Ele prestou atenção no local, mais do que você.-Stan rebatei.

-Claro, ele não foi drogado.- Rebati.

-Isso não vem ao caso.-Evandro deixou escapar.

-Então vocês sabiam que isso podia acontecer?-Fico cada vez mais irritada com o posicionamento deles.

-Livie...-Stan tentou me acalmar.

-Vocês sabiam e assumiram o risco deles terem nos matado naquele lugar.- Falei olhando incrédula para ambos.- Ou melhor, me matado ou me levado para deus sabe lá onde.- A raiva me tomou.- Maldito momento em que eu decidi que você séria mais útil vivo do que morto.- Ergui a pistola e apontei para a cabeça de Evandro. Ele arregalou os olhos e abriu a boca em pavor, suas mãos se levantaram em sinal de rendição.

-li-li-livie...Não faz isso.-ele gaguejou movendo a mão para apertar o botão de emergência.

-Levanta as mãos.-Falei com sangue os olhos.-Uma vida por outra, ou melhor dizendo. Várias vidas por uma.-Cuspi as palavras.

-Livie não me obrigue a fazer isso.-Stan disse levantando uma pistola e apontando para mim.

Pisquei sem acreditar no que ele estava fazendo. Eu não valia nada aqui.

-E claro, união masculina...Sua filha de criação vale menos do que um engravatado que sacrifica agentes como quem troca de cueca.-Falei olhando para ele com lágrimas nos olhos.

-Não pensa assim. Ele é útil.-Stan falou. Abaixei a arma e encarei ele.

-Até quando? Vale mesmo a pena?. Quer saber, que se foda. Você escolheu seu lado.- Falei guardando a arma. Parei na porta.- Não fique surpresa quando foi ele com a mão no gatilho da arma que estará apontada para a sua cabeça Stan.

-Não faz isso com você.-Stan disse abaixando a arma.

-Não faz muita diferença vocês já estão mortos por dentro.

-Não estou.-Stan começou.

-Estamos mesmo, não vale a pena terminar o serviço da idade.- Evandro o encarou com repreensão. Algo estava errado ali.

-Isso não muda o fato de que a sua morte traria paz para muitas pessoas. Inclusive eu, só não vou te caçar. Tem muita gente doida para colocar a sua cabeça em uma bandeja.- Respondi olhando no fundo dos olhos dele.

-Livie. Conversamos depois, sai da sala por favor.-Stan pediu sem ao menos olhar na minha cara, foi um favor que ele me fez.

-Com prazer.

-Você tem o bom senso e a inteligência do seu pai, mais também tem o comportamento explosivo da sua mãe. Eles viveram em conflito mais se me permite te dar um conselho... deixa o seu pai ganhar.

-Considere isso a última coisa que você vai me dizer.