Todos estavam presentes no funeral.
Os gritos da Clara ainda ecoavam na cabeça de Livie e Ema. Seus braços arranhados e os cabelos ainda molhados eram os vestígios visíveis da noite anterior. Já os vestígios internos eram incontavelmente maiores e mais dolorosos. E não falo dos tiros, costelas quebradas ou roxos espalhados pelo corpo. Eu falo da dor da perda.
Clara se encontrava sentada na grama ao lado do caixão, naquela situação Mitch não conseguia sequer sentir raiva das tentativas falhas do Rafael de matar ele ou a Livie agora que o mesmo se encontrava em um caixão com várias flores brancas sob o seu corpo, ele parecia em paz.
Tudo havia sido esquecido, apagado como um dia após uma noitada na qual você tomou o maior porre da sua vida e esqueceu completamente o que tinha acontecido. Um corte seco. Ele seria enterrado como alguém honrado após Livie decidir não delatar os acontecimentos ao exército por respeito a sua família e a forma que ele renunciou sua vida por todos sem exceção.
Os óculos escuros não foram o suficiente para conseguiam disfarçar os olhos roxos, sejam de tanto chorar ou de algum murro que deixou sua marca registrada por ali horas atrás.
Todos se sentaram nas cadeiras brancas em volta do caixão enquanto acontecia a cerimônia. Livie segurava a mão de Mitch com uma força absurdacomo se dependesse daquilo para se manter de pé, Ema apoiou sua cabeça no ombro de Isac e Clara foi consolada pela Srª Clarisse, mãe do Rafael. Seus murmúrios foram ficando cada vez mais abafadas com o caminhar da cerimônia. O único som no qual Livie focou foi o vento e os pingos da garoa fina caindo na grama verde recém aparada.
As horas passaram se arrastando, o oposto da noite anterior quando cada segundo passava voando.
Noite passada.
-Droga Livie. - Rafael gritou de cantinho e saiu correndo na direção dela.
Todos estavam no último andar. Havia sobrado apenas Mitch e Livie, ou pelo menos era o plano.
Quando Rafael correu Mitch perdeu o foco por um segundo. Ainda assim foi possível criar uma estratégia, como naquele dia em que ele invadiu o campo de tiro e avançou atirando em tudo que se mexia torcendo para o Rafael fosse o único que não havia seguido o plano e estava dois andares abaixo do combinado.
Segundos antes do Helicóptero começar a atirar Rafael conseguiu chegar na Livie e se jogar em cima dela indo os dois para o chão.
- O que caralhos você pensa que está fazendo porra? - Ele gritou puto em meio ao tiroteio que Mitch estava provocando.
-Sai de cima caralho. -Livie se levantou e correu em direção ao sofá com uma faca na mão.
Sem entender nada Rafael confiou nela e começou a dar cobertura.
-Espero que você tenha um plano. - Ele gritou quando Mitch o encarou do outro lado. Ambos se encararam dando de ombros sem entender nada.
Livie seguiu quieta abrindo o sofá de ponta a ponta. Tirando de lá de dentro uma bazuca.
Ela sorriu e colocou a munição no armamento.
-Não quero saber como conseguiu isso agora. Só usa logo. - Rafael comentou agora dando cobertura para o Mitch se aproximar.
-Como?- Ele nem ao menos completou a frase. Livie atirou no vidro que se estilhaçou.
Ela se ajoelhou no chão para ter apoio e mirou no Helicóptero o piloto conseguiu avistá-la, mais não foi o suficiente para arremeter. O tiro foi certeiro no meio da aeronave. Os três correram para o sentido contrário, Livie, Rafael e por último Micth fechando a porta corta fogo.
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Zona de Guerra
ActionApós uma missão mal executada, problemas surgem na vida de Livie como uma cascata, forçando-a a enfrentar decisões cruciais. Ela se vê diante de um dilema: retornar à sua paixão de sempre, sem carregar as mágoas do passado, ou mergulhar de cabeça na...