Capítulo 9

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Pov Sabina

Joalin é incrivelmente incompreensível, quanto mais eu tento entender essa mulher, menos eu a entendo.

Ela comia calada e isso estava me irritando, mas permaneci comendo calada também.

— Está irritada? – Ela enfim se manifestou.

— Eu realmente queria te entender, você as vezes me trata bem, em outras parece ter nojo de mim. – Respondi.

— Ei não use palavras pesadas, eu não tenho nojo de você, bem pelo contrário, te acho uma mulher incrível, privilegiada, mas ainda sim incrível.

— Então tem raiva de mim por que eu tenho condição financeira?

— Não exatamente, mas nossas condições financeiras nos separam em uma enorme barreira.

Foi como uma luz no meu cérebro, ela é orgulhosa demais para aceitar que eu pague algo para ela.

— Não é exatamente minha condição financeira que constrói essa barreira.

— E é o que então?

— O seu orgulho!

Me levantei da mesa, coloquei os restos de comida no lixo e coloquei o prato sobre a pia.

— Eu não sou orgulhosa Sabina...

Ela falou com uma voz extremamente calma.

— Joalin, eu realmente não queria discutir com você, estamos nos conhecendo, eu realmente queria ter uma aproximação com você, será que podemos parar com essas discussões sem nexo algum e tentar nos entender como duas mulheres adultas?

Ela soltou uma longa respiração.

— Okay... – Ela levantou da mesa e colocou o prato na pia. — Me desculp... – Coloquei um dedo sobre seus lábios.

— Sem desculpas Joalin Loukamaa...

— Okay... – Ela falou baixinho quase em sussurro, meu corpo inteiro arrepiou.

Me virei para a pia e comecei a lavar a louça que tínhamos sujado, me surpreendi quando vi Joalin pegar o pano de prato para secar, Josh jamais fez isso em momento algum. Eu preciso parar de ficar comprando os dois.

— Você tem um rádio na cozinha? Isso é tão coisa de gente velha Sabina, minha mãe tem um também.

Eu comecei a rir.

— Em minha defesa é a babá do Samuel quem mais usa ele.

Joalin apertou play e começou a tocar um forró, ela me olhou e logo começou a rir, com aqueles lindos dentinhos encantadores.

— Então você gosta de Alceu Valença senhora Sabina Hidalgo?

Dei de ombros, eu realmente gosto, estava tocando Flor de tangerina.

Me surpreendi com uma mão na minha cintura e a boca dela próxima a meu ouvido. Por Deus mulher, não faz isso...

— Dança comigo?

Limpei minhas mãos que estavam com sabão e me virei de frente para ela. Peguei o pano de prato que estava em seu ombro para secar as mãos, depois joguei sobre os pratos.

Joalin tocou minha cintura e a outra mão afundou no meu cabelo, ela era uma boa dançarina e conduzia muito bem, seu rosto estava colado no meu pescoço.

Que pegada é essa? Não lembrava que ela tinha uma pegada tão boa.

Juntei ainda mais os nossos corpos, nossas cinturas se moviam juntas quase em sincronia.

— E não é que você realmente sabe dançar Hidalgo?

— Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe.

— Então que tal vocês começar a me contar?

Ela segurou minha mão, me girou e colou novamente nosso corpos.

— É mais divertido se você for descobrindo sozinha.

Ela parou de dançar e me encarou seria.

— Também ia te contar um segredo, mas é mais divertido se você descobrir sozinha. – Joalin falou olhando diretamente para minha boca.

Será que eu não sei que segredo é esse meu bem? Tive vontade de olhar para baixo, mas me contive.

— Agora eu quero saber qual é esse segredo...

Nossas bocas estavam incrivelmente perto, mordi meu lábio inferior para reprimir a vontade de beijar os dela.

— Vai ficar na curiosidade...

Ela me puxou para próximo ao corpo dela com uma certa brutalidade, eu colidi direto com seu peito.

Não seria uma má ideia ela me fuder aqui mesmo. Eu devo estar ficando molhada com apenas uma dança. O que raios deu em mim?

Joalin tinha voltado a dançar, meu cérebro passou tempo demais raciocinando aquela pegada, para que eu pudesse reagir e acompanhá-la nos movimentos.

— Sabina eu realmente sinto muito por ter sido grossa com você aquele dia de madrugada.

— Sem problemas, já passou.

— Eu vi sua mensagem antes de você apagar. Cancelou o jantar com seus pais?

Fiquei procurando uma resposta, que eu não tinha.

— Quer que eu seja honesta?

— Por favor!

Parei de dançar e me afastei um pouco dela.

— Eu estava irritada por você ter sido grossa, estava com minha amiga, ela tomou o celular da minha mão excluiu minha resposta e enviou a que você recebeu por último.

Imaginei que Joalin ficaria triste ou irritada, me ela começou a rir.

— Adoro sua amiga, ao menos sei o nome dela.

Ela segurou novamente minha mão e me puxou para próximo a ela novamente.

— Você não ficou irritada por isso?

— Claro que não, quem sairia comigo por livre espontânea vontade?

— Eu?

— Você não aceitou Hidalgo, essa sua resposta é inválida.

— Não gosto que você fica se diminuindo, mal te conheço e já sei que é uma garota incrível.

— Talvez você pense assim, exatamente por que mal me conhece.

— Vou ter oportunidade de te conhecer melhor e descobrir isso sozinha?

— Te asseguro que você não vai demorar a tirar suas próprias conclusões.

Eu encostei minha cabeça no peito dela e ficamos quase paradas em um abraço, com uma música boa tocando ao fundo.

— Você não faz ideia do quanto é importante para mim, se soubesse, não se diminuiria tanto.

— Está falando isso por causa que te ajudei com Samuel no trem. Qualquer pessoa com algum pingo de humanidade faria a mesma coisa que eu fiz Sabina.

As vezes eu queria ter encontrado ela logo depois que descobri minha gravidez, mas talvez era para ser exatamente assim. Se ela continuar tão presente na minha vida e na minha casa, um dia eu realmente quero contar a verdade.

Espero que ela me entenda e não passe a me odiar. Eu não tinha o que fazer na época, ainda tentei procurá-la, mas nunca tive nenhum rastro.

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Sob O Domínio do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora