Prólogo• O Baú

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Março, Dia 1, quarta-feira.

Eu sou o protagonista da minha vida.

Acho que, se não fosse por mim, provavelmente tudo seria uma bagunça.

Por exemplo: a turma de futebol da minha escola. Se não fosse por mim, o único que os salvaria seria, talvez, o meu melhor amigo, Marcus.

Sem querer ser rude, é claro.

Marquei mais um gol para o meu time e o jogo acabou.

― E os Gaviões ganham de lavada: 8 a 3! ― o narrador do jogo avisou e eu sorri, vitorioso.

― Parabéns, Capitão! ― gritou Marcus vindo até mim, tirando a sua camisa suada e me dando um abraço de lado. Seus cabelos loiros e ondulados grudavam na testa por conta do suor e sua pele brilhava em baixo das luzes da quadra.

Sorri como resposta e tirei a minha camisa, deixando os fios negros do meu cabelo caírem sobre a minha testa.

Deixei o meu time comemorando a vitória no centro da quadra e fui até o treinador.

― Você foi muito bem, Eric. Continue assim. ― ele disse sorridente. O homem a minha frente também estava suado. Deixando os seus músculos à mostra, ele usava uma camiseta da cor do time Gavião: azul.

― Obrigado, treinador. ― respondi sorrindo e me afastando.

Logo encontrei Dandara na arquibancada conversando com outras garotas, mas quando me avistou, desceu as escadas e ficou à minha frente.

― Parabéns, Mill! ― a garota de cabelo loiro e olhos de avelã disse. Ela é a irmã mais nova do Marcus e também a minha melhor amiga. "Mill" é um apelido que ela criou pra mim no nono ano, quando eu disse que nunca tive um apelido (meu nome não era bom pra essas coisas)

― Valeu. ― respondi sorridente, coçando a nuca.

― Eu até ia te abraçar, mas você está todo suado. ― Dandara fez uma careta e eu ri.

― Ah, é? ― a peguei de surpresa e a abracei.

― Ah, Mill! ― ela repreendeu rindo, enquanto saía dos meus braços. ― Eric Müller, eu vou te matar! ― avisou e eu dei uma gargalhada.

― Então acho melhor eu ir. ― falei me afastando antes que ela corresse atrás de mim.

Fui até o vestiário, tomei um banho gelado e rápido. Depois vesti uma calça jeans, uma camisa branca que realçava bem os meus músculos e calcei os meus tênis pretos.

Saí da escola pelo estacionamento ― que ficava próximo a quadra de futebol ― indo em direção a minha bicicleta.

O céu já estava escuro. Devia ser umas sete horas. O intercolegial geralmente terminava tarde, mas não tanto assim.

Eu estava andando com as mãos no bolso quando avistei um objeto no escuro. Andei até ele, me abaixei e assoprei a superfície, que estava com poeira, me fazendo tocir um pouco. Segurei o material e percebi que era um baú.

Andei até a claridade para enxergar aquilo melhor e vi que havia uma carta com o baú. Tentei abri-lo, mas foi em vão.

Dei de ombros e levei o objeto de madeira comigo até o estacionamento ― sou uma pessoa curiosa e algum dia isso vai me matar.

Quando cheguei na minha bicicleta, coloquei o baú na mochila, guardei a carta no bolso da calça e pus a alça nas costas.

Pluguei o fone no celular e deixei tocar a música. Passava uma som agitado, como rock, então deixei me levar pelo ritmo.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora