34• A Verdade Dói

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Eu já tinha arrumado a minha mochila para dormir fora.

Agora, eu e meu pai estamos entrando no prédio de Alexandre.

― Vou avisar a Sra. Lopez que você  chegou ― o porteiro disse, pegando o telefone e eu assenti.

― Está tudo na sua mochila? ― Pedro perguntou me olhando.

― Sim, está tudo aqui ― segurei os girassóis com mais firmeza.

― E o violão?

Levantei o objeto ao lado do meu corpo e meu pai sorriu.

Estou levando o violão porque Alexandre queria me ouvir tocar. E eu também quero mostrar o que já aprendi para o Fernando Lopez amanhã.

― A Violeta disse que você pode subir ― o porteiro avisou e eu me despedi de Pedro.

Subi pelo elevador, depois passei pelo corredor e parei em frente ao apartamento de Violeta, onde dei três leves batidinhas.

Depois de alguns segundos, a detetive abriu a porta com um pouco de dificuldade, assim deixando uma pasta cinza cair no chão.

― O que é isso? ― perguntei pegando o objeto caído e a mulher a minha frente deu um leve empurrão com o pé na porta para que a mesma desse espaço para eu passar.

― Um novo caso ― se sentou no sofá no meio da papelada e eu lhe entreguei a pasta cinza. ― Suponho que essas flores não sejam para mim ― olhou para as minhas mãos e eu sorri.

Fechei a porta do apartamento e me aproximei de Violeta.

― Como ele está? ― retruquei ajeitando a mochila nas minhas costas e a detetive suspirou.

― O levei no médico. Ele vai fazer terapia toda segunda-feira, das quatro às seis. Vai se atrasar um pouco para o grupo de apoio, mas não tem problema ― olhou para os papéis à sua volta. ― Ele começou a tomar remédios ― me encarou com os olhos tristonhos e eu apertei os lábios.

― Sinto muito.

― O terapeuta disse que, por ele fazer muitas atividades durante a semana e sempre se empenhar, será mais difícil da... depressão piorar ― pôs a mão no peito e eu suspirei. ― Enfim, Ale está no quarto.

Sorri e andei até lá. A porta já estava aberta, então só dei três leves batidinhas.

Abelinha estava sentado, estudando, e se virou para mim.

― Oi... ― adentrei o quarto e me sentei na cama. Deixei o vilão ao meu lado e segurei com mais firmeza as flores.

― Oi... ― fechou o livro e se sentou de frente para mim, olhando para o buquê nas minhas mãos.

― Ah... ― me ajoelhei na sua frente e estendi os girassóis. ―... para você.

Ele sorriu e agarrou os girassóis. Os deixou em cima da mesa de estudos, se virou para mim e fitou meus olhos.

Nós estávamos tão próximos.

― Como... ― a minha voz falhou e Alexandre soltou uma risada fraca. ― ... como está o seu coelho?

― Podemos não falar sobre isso? ― revirou os olhos e eu apertei os lábios.

― Claro, desculpe.

Me afastei e me sentei na cama. Ficamos um tempo nos encarando em silêncio, então decidi pegar o meu violão e comecei a tocá-lo.

As notas eram doce enquanto soavam pelo quarto. Arrisquei uma espiadinha no garoto e vi um sorriso em seus lábios.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora