31• Preconceito

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Subimos na moto e a liguei. Ficamos um tempo em silêncio, até que Alexandre soltou um suspiro.

― Semana que vem seria o aniversário da minha avó. Ela iria fazer 88 anos ― concluiu e eu o olhei sobre o ombro.

― Sinto muito ― respondi e ele esboçou um sorriso fraco. ― Ela devia ser bem legal.

― Eu nunca tive uma relação muito boa com ela ― olhou para os seus dedos cruzados sobre o colo. ― Mas ela foi a primeira a descobrir que eu... gosto de garotos e garotas ― levantou a cabeça e olhou para frente. ― Ela me apoiou muito.

Sorri fraco.

― Por que não a mencionou nas cartas?

A olhei de soslaio e ele apertou os lábios.

― Seria doloroso demais.

[...]

Eu e Abelinha acabamos chegando no meio da segunda aula.

Agora estou no intervalo, sentado sozinho, até que meus três amigos se aproximam.

― Qual será o motivo pelo qual você se atrasou? ― Marcus perguntou sarcástico e eu revirei os olhos. ― Lorran, você tem alguma ideia? ― fitou o garoto ao seu lado.

― Realmente não faço ideia ― encarou a loira ao meu lado. ― Você sabe, Dandara?

Ela riu, mas logo ficou séria.

― Agora é sério, Mill. Por que você se atrasou?

Ela me fitou curiosa e eu engoli em seco.

― Alexandre precisava se distrair um pouco ― respondi e a minha melhor amiga revirou os olhos.

― Pra você é Alexandre isso, Alexandre aquilo ― resmungou e eu franzi a testa. ― Você acabou de conhecer ele!

― A Dand tem razão ― o loiro concordou e eu o encarei confuso. ― Relaxa um pouco.

― Mas eu... ― fui interrompido por Lorran.

― Você nunca agiu desse jeito ― ele deu uma pausa e eu apertei os lábios. ― O que ele tem pra precisar de você toda hora?

Olhei ao redor e a minha atenção foi voltada para Cardoso, que mais uma vez, pertubava Alexandre.

Eu ia levantar, mas a garota ao meu lado pousou a sua mão sobre a minha, como se pedisse para eu continuar sentado.

Permaneci ali, até que vi Cardoso segurar o braço da Abelinha com brutalidade.

Minha reação foi tirar a mão de Dandara sobre a minha, me levantar e correr até o garoto de cabelos cacheados.

― O que você pensa que está fazendo, Cardoso? ― perguntei, empurrando o garoto para trás e alguns olhares se voltaram para mim.

― Conversando com o quatro olhos, não posso? ― rebateu, se aproximando com um sorriso ladino. ― Ele é sua propriedade?

Ele me empurrou de volta e eu quase caí no chão.

― Alexandre, se afasta ― pedi, sem olhar para ele.

― Para com isso, Müller ― ele pediu e Cardoso me encarou.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora