Subimos na moto e a liguei. Ficamos um tempo em silêncio, até que Alexandre soltou um suspiro.
― Semana que vem seria o aniversário da minha avó. Ela iria fazer 88 anos ― concluiu e eu o olhei sobre o ombro.
― Sinto muito ― respondi e ele esboçou um sorriso fraco. ― Ela devia ser bem legal.
― Eu nunca tive uma relação muito boa com ela ― olhou para os seus dedos cruzados sobre o colo. ― Mas ela foi a primeira a descobrir que eu... gosto de garotos e garotas ― levantou a cabeça e olhou para frente. ― Ela me apoiou muito.
Sorri fraco.
― Por que não a mencionou nas cartas?
A olhei de soslaio e ele apertou os lábios.
― Seria doloroso demais.
[...]
Eu e Abelinha acabamos chegando no meio da segunda aula.
Agora estou no intervalo, sentado sozinho, até que meus três amigos se aproximam.
― Qual será o motivo pelo qual você se atrasou? ― Marcus perguntou sarcástico e eu revirei os olhos. ― Lorran, você tem alguma ideia? ― fitou o garoto ao seu lado.
― Realmente não faço ideia ― encarou a loira ao meu lado. ― Você sabe, Dandara?
Ela riu, mas logo ficou séria.
― Agora é sério, Mill. Por que você se atrasou?
Ela me fitou curiosa e eu engoli em seco.
― Alexandre precisava se distrair um pouco ― respondi e a minha melhor amiga revirou os olhos.
― Pra você é Alexandre isso, Alexandre aquilo ― resmungou e eu franzi a testa. ― Você acabou de conhecer ele!
― A Dand tem razão ― o loiro concordou e eu o encarei confuso. ― Relaxa um pouco.
― Mas eu... ― fui interrompido por Lorran.
― Você nunca agiu desse jeito ― ele deu uma pausa e eu apertei os lábios. ― O que ele tem pra precisar de você toda hora?
Olhei ao redor e a minha atenção foi voltada para Cardoso, que mais uma vez, pertubava Alexandre.
Eu ia levantar, mas a garota ao meu lado pousou a sua mão sobre a minha, como se pedisse para eu continuar sentado.
Permaneci ali, até que vi Cardoso segurar o braço da Abelinha com brutalidade.
Minha reação foi tirar a mão de Dandara sobre a minha, me levantar e correr até o garoto de cabelos cacheados.
― O que você pensa que está fazendo, Cardoso? ― perguntei, empurrando o garoto para trás e alguns olhares se voltaram para mim.
― Conversando com o quatro olhos, não posso? ― rebateu, se aproximando com um sorriso ladino. ― Ele é sua propriedade?
Ele me empurrou de volta e eu quase caí no chão.
― Alexandre, se afasta ― pedi, sem olhar para ele.
― Para com isso, Müller ― ele pediu e Cardoso me encarou.
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Trancado a Sete Chaves
Ficção AdolescenteEm pausa/em andamento/em revisão *** +16 Um garoto descolado, com uma caixa de madeira e à procura de sete chaves. Essa é a vida divertida do estudante Eric Müller. *** Pode ter gatilhos como: ansiedade, depressão, bullying, violência, gordofobia e...