29• Coisa de Adolescente

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Tivemos a aula de francês das quatro às seis. Eu até aprendi bastante coisa.

Quando a aula terminou, levei Alexandre para casa. Violeta já estava lá. Ela ficou desconfiada, então tive que explicar que também fui para o CEFA.

De noite, na hora do jantar, contei ao Pedro sobre o curso de francês e o quanto eu aprendi lá.

Percebi que ele ficou interessado em me matricular, então lhe disse onde ficava.

Quando falei que dava para fazer a matricula pela internet, meu pai deu uma risada curta.

― E amanhã é aula de quê? ― Pedro retrucou, enquanto terminava de lavar a louça.

Enquanto ele lavava os pratos, eu secava os talheres e os guardava.

― Violão. ― Guardei um garfo na gaveta. ― Se eu aprender a tocar algo, vou me encontrar com o Fernando Lopez. ― Acrescentei e Pedro me fitou. ― Ele é músico e também o tio de Alexandre.

― Fernando Lopez? ― Perguntou e eu assenti. ― É, eu conheço ele. Pelo menos, conhecia. ― Se corrigiu e eu levantei uma sobrancelha. ― Ele é um cara legal.

Terminamos e eu sequei as mãos.

― Mas por que você se encontraria com o Fernando Lopez?

Meu pai largou o pano de prato e me encarou, de braços cruzados.

― Eu e Alexandre fizemos uma aposta. ― Comecei a andar até a porta da cozinha, o olhando sobre o ombro. ― Coisa de adolescente.

Ele riu.

― Coisa de adolescente...

[...]

No dia seguinte...

Dia 22, quarta-feira.

Parei em frente à escola e olhei ao redor, ajeitando a alsa da mochila no meu ombro direito.

Dandara se aproximou e parou ao meu lado.

― Ei ― A olhei. ―, cadê o Alexandre?

Os ombros da loira penderam e eu cruzei os braços.

Ela ficou quieta e eu me preocupei com isso.

― Algum problema? ― Inclinei a cabeça um pouco para o lado e ela levantou o olhar.

― Eu não sei, acho que ele não quer conversar.

― Onde ele está? O que houve?

Dand apontou para um lugar um pouco distante de nós e avistei o meu alvo. Ele estava sentado sozinho, em um banco, lendo um livro e com fones de ouvido.

Marcus se aproximou dele e começou a falar, mas o mesmo nem levantou a cabeça para fitar o rapaz.

― Mas está tudo bem. Todo mundo tem um dia ruim. ― Dandara disse e eu comecei a me afastar, andando em direção ao Alexandre.

― O que aconteceu? ― Perguntei para o Marcus assim que me aproximei deles.

Ele apenas deu de ombros e se afastou.

― Alexandre.

Ele levantou a cabeça e o meu coração errou uma batida ao ver lágrimas secas nas suas bochechas.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora