32• Olhos Castanhos

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As aulas já tinham passado e agora estou no corredor, saindo da escola, ao lado dos meus amigos.

― Você sabe que aquilo foi perigoso, Mill ― Dandara retrucou. ― Você podia ter recebido suspensão de dias.

― Mas isso não aconteceu ― rebati e a garota ao meu lado revirou os olhos.

― O que vai acontecer com você e o Cardoso? ― Lorran perguntou, olhando pra mim de soslaio.

― Nossos pais terão que vir amanhã aqui na escola ― fiz uma careta.

Saímos da escola e avistei Alexandre se afastando, mais à frente.

― Até amanhã, gente ― falei para os meus amigos e me afastei.

Andei até o garoto de cabelos cacheados e parei ao seu lado. Quando percebeu a minha presença, me olhou e sorriu.

― Você... se sente bem em ir à aula de karatê? ― perguntei, enquanto andávamos lado a lado.

― Eu vou à aula ― ele respondeu e eu bufei, porque aquela não foi a minha pergunta.

Eu perguntei se ele estava bem.

Podemos ir juntos... ― comecei a falar, mas Abelinha me cortou.

― Não precisa ― rebateu, andando mais rápido e ficando mais à frente. ― Eu... te vejo na aula de karatê.

Ele me olhou por cima do ombro e sorriu. Acenei, assentindo e o garoto se afastou.

[...]

Eram exatamente cinco horas quando cheguei na aula de karatê.

Quando meu pai me matriculou, ele aproveitou e comprou meu karatê-gi ―só faltava a faixa que, até o momento, não sabia qual seria a cor.

Olhei ao redor e vi Alexandre com um karatê-gi, amarrando uma faixa roxa na cintura.

Eu ia andar até ele, mas Kalel me interrompeu.

― Então você se interessou por karatê? ― ele perguntou, parando a minha frente com as mãos atrás do corpo. Ele também vestia o uniforme e na sua cintura tinha uma faixa preta.

― É, pois é ― respondi sorridente, coçando a nuca.

― Bem, posso treinar você e, com base nisso, já posso lhe entregar a sua primeira faixa.

Seus olhos sorriram e ele maneou a cabeça, para que eu o seguisse.

[...]

Com certeza não ganhei uma faixa boa.

Treinamos durante uma hora e agora eu iria fazer um último treino.

― Sua última chance ― avisou o Sr. Lima. ― Mas, nessa última, não serei eu ― ele chamou Alexandre e o mesmo se aproximou. ― Será ele ― pousou a mão no ombro do menino de faixa roxa.

Engoli em seco e ele sorriu.

― Boa sorte! ― o professor exclamou, se afastando.

Abelinha deu um passo a frente e olhou nos meus olhos.

― Eu estou com raiva ― ele disse, em um tom de voz passivo, começando a se aproximar de mim e eu me preparei.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora