Dia 13, segunda-feira.
― Ele já disse ao menos o nome dele? ― Perguntou Dandara ao meu lado.
― Nadinha. ― Respondi com os cotovelos apoiados no joelho e com o rosto entre as mãos.
Estamos na parte de frente da escola, apenas esperando o sinal tocar. Eu e Dandara estamos falando sobre a Pessoa Misteriosa.
― Você acha que ele estuda aqui? ― Retrucou a loira e eu a fitei.
― Acho que sim, considerando que eu encontrei o baú embaixo da arquibancada da nossa escola. ― Respondi e a minha amiga levantou um sobrancelha. ― Enfim, tenho as minhas suspeitas.
― É mesmo?
Olhei para o garoto de cabelos cacheados que se aproximava e a loira fez o mesmo.
Dessa vez os seus cabelos estavam sem tranças e usava um casaco preto.
― Você acha que é ele? ― Perguntou Dandara ajeitando a sua saia azul marinho do uniforme, assim que o garoto passou por nós.
― Talvez. ― Respondi fitando a menina ao longe. ― Você sabe o nome dele? ― Perguntei me virando para a loira ao meu lado.
― Não, mas acho que começa com a letra A. ― Respondeu e eu sorri de lado pela informação.
― Felizes para a prova de hoje? ― Perguntou Marcus de um jeito irônico, se aproximando com Lorran ao seu lado.
― Mal posso esperar. ― Respondi no mesmo tom sarcástico.
[...]
Me sentei em uma das cadeiras do refeitório e Lorran se juntou à mim.
― Alguma novidade? ― Comecei, dando uma mordida no meu sanduíche.
― Ah, a minha prova de física até que estava fácil. ― Respondeu ajeitando a gola da sua camisa.
― Estou falando sobre o aplicativo de namoro. ― Corrigi e o garoto ao meu lado levantou as sobrancelhas.
― Sem novidades. ― Informou, pousando os cotovelos na mesa e apoiando o rosto entre as mãos.
― Como assim? Nem uma conversa? Nada?
― Nada.
― Relaxe e espere um pouco.
[...]
Depois de passar a tarde toda estudando, tirei o baú de seu esconderijo e me sentei na cama.
Abri a caixa e tirei o envelope de número seis.
― A janta está pronta! ― Gritou Pedro do primeiro andar.
― Já estou indo!
Peguei a carta amarelada e comecei à lê-lá:
CARTA SEIS
Você provavelmente está com pena de mim depois de ter lido a carta cinco, mas não fique! Eu imploro.
Eu lido com isso desde os 12 anos de idade, então sei o que fazer e como me virar em relação à isso.
Minha mãe, Violeta, me ajudou bastante nos últimos anos.
Ela não fica muito tempo em casa, por causa do trabalho como detetive, mas sempre que pode, minha mãe conversa comigo e saímos para passear.
A Violeta tinha mais tempo para mim antes de trabalhar como alguém que investiga casos todos os dias.
Tínhamos o dia da besteira, que ocorria toda sexta-feira, à noite. Nessa data, podíamos comer porcarias como hambúrgueres e pizzas.
Hoje, o dia da besteira não existe mais.
Um tempo depois, quando a minha mãe e meu pai se divorciaram, ela começou à ser chamada como detetive Lopez, e não como Santiago (sobrenome do meu pai).
A Violeta está bem com o trabalho que tem, e isso me deixa feliz.
Mas tenho medo de perde-lá, por isso, toda noite, a espero voltar do trabalho e lhe dizer "eu te amo", pois nunca se sabe se será o último dia.
Admiro o trabalho dela, e até tenho um pouco de interesse.
Quando eu tinha 15 anos, minha mãe me deixou ir até a delegacia que ela trabalha para ver como era. Todos me receberam bem.
O detetive Martins, que é meio que um ajudante da Lopez, me informou como ele e a minha mãe conseguiam desvendar um caso. Foi bem legal.
E quando fui falar com os outros policias, não deixei de reparar o jeito que o ruivinho ― apelido do Martins ― olhava para a minha mãe. Seus olhos brilhavam.
Lembro de ter achado graça da cena e tê-lo informado que ela era solteira e estava disponível para um novo romance.
Ele riu e foi falar algo com ela.
Não sei se eles estão ficando, mas creio que não. Eles são bem amigos, mas acho que não rola nada.
Afinal, a minha mãe ainda gosta um pouco do meu pai. E ele também gosta dela.
Não sei porque eles não ficam juntos logo. Drama de adultos.
Enfim, essa foi a carta seis!
Falei bastante, não é?
Bom, até a carta 7!
Atenciosamente, Pessoa Misteriosa.
Sorri ao terminar de ler. Que bom que os pais dela ainda se amam.
― Eric! ― Meu pai me chamou da cozinha.
― Estou indo! ― Falei rindo, guardando a carta e deixando o baú em baixo da cama.
Me levantei e saí do quarto.
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Trancado a Sete Chaves
Teen FictionEm pausa/em andamento/em revisão *** +16 Um garoto descolado, com uma caixa de madeira e à procura de sete chaves. Essa é a vida divertida do estudante Eric Müller. *** Pode ter gatilhos como: ansiedade, depressão, bullying, violência, gordofobia e...