Cheguei em casa e me deparei com um Pedro zangado e de braços cruzados.
Engoli em seco.
― Eu... acabei se receber uma ligação do seu colégio ― ele informou, se aproximando de mim. ― Eu pensava que você tinha parado com isso ― me olhou, desapontado, e eu encolhi os ombros. ― Pensei que você... não arranjava mais briga. Achei que você tinha mudado.
― Eu mudei! ― apontei para mim e o meu pai suspirou.
― Então por que você brigou com um tal de Cardoso? ― inclinou a cabeça para encarar os meus olhos verdes.
― Ele... irritou o Alexandre ― fitei o homem à minha frente e o mesmo olhou para o lado, refletindo aquilo. ― Ele o chamou de coisas horríveis.
Pedro logo virou o seu rosto, com as sobrancelhas levantadas.
― Ele está bem?
Apertei os lábios.
― Eu acho que não ― levantei a cabeça e Pedro me abraçou. ― Aquilo fez eu me lembrar de coisas não muito legais, o senhor sabe...
― Eu sei ― apoiou a sua cabeça sobre a minha. ― E eu entendo.
No dia seguinte....
Dia 24, sexta-feira.
Entrei no prédio de Alexandre e falei com o porteiro. Ele telefonou para o apartamento de Violeta e disse que ela me deixou subir.
Subi pelo elevador, andei pelo corredor e a detetive estava já saindo da sua casa quando eu me aproximei.
― Sra. Lopez! ― acenei e ela me olhou, quase fechando a porta do apartamento.
― Ah, oi, Eric. Bom dia ― enfiou as mãos no bolso da calça e deixou a porta aberta. ― Ale está terminando o café da manhã.
― Ótimo ― sorri. ― Hm, como está o Lopez?
O sorriso de Violeta se desfez.
― Ele... não está nada bem ― pousou uma mão no peito. ― Mas... obrigada por apoiar o meu filho. Você está ajudando bastante ― sorriu fraco e eu retribui o gesto. ― Amanhã ele vai na casa do tio, para se distrair, sabe? ― me encarou e eu assenti. ― E... Ale queria ouvir você tocando violão ― franzi a testa. ― Algo sobre... uma aposta.
Ri ao ouvir aquilo.
― Mas enfim, tenha um bom dia, Eric ― a senhora Lopez se despediu e se afastou.
Sorri e entrei no apartamento. Fechei a porta atrás de mim e ouvi um barulho estranho.
Vinha do quarto da Alexandre.
Estremeci e corri para lá. Parei no batente da porta ao ver um garoto no banheiro, sentado em frente ao vaso sanitário.
― Alexandre! ― gritei, correndo até ele e me ajoelhando ao seu lado.
Ele levantou o rosto e me fitou com os seus olhos marejados.
― Não é a primeira vez ― Abelinha avisou e eu levantei as sobrancelhas.
― Alexandre, eu... ― parei de falar, pois não sabia o que dizer.
Ele sofria de bulimia.
― Há quanto tempo? ― olhei para ele e arrumei o seu cabelo.
Ele apertou os lábios.
― Há quanto tempo?
― Desde o início do ano ― olhou para baixo e eu me assustei com a sua resposta.
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Trancado a Sete Chaves
Genç KurguEm pausa/em andamento/em revisão *** +16 Um garoto descolado, com uma caixa de madeira e à procura de sete chaves. Essa é a vida divertida do estudante Eric Müller. *** Pode ter gatilhos como: ansiedade, depressão, bullying, violência, gordofobia e...