33• Bulimia

1 0 0
                                    

Cheguei em casa e me deparei com um Pedro zangado e de braços cruzados.

Engoli em seco.

― Eu... acabei se receber uma ligação do seu colégio ― ele informou, se aproximando de mim. ― Eu pensava que você tinha parado com isso ― me olhou, desapontado, e eu encolhi os ombros. ― Pensei que você... não arranjava mais briga. Achei que você tinha mudado.

― Eu mudei! ― apontei para mim e o meu pai suspirou.

― Então por que você brigou com um tal de Cardoso? ― inclinou a cabeça para encarar os meus olhos verdes.

― Ele... irritou o Alexandre ― fitei o homem à minha frente e o mesmo olhou para o lado, refletindo aquilo. ― Ele o chamou de coisas horríveis.

Pedro logo virou o seu rosto, com as sobrancelhas levantadas.

― Ele está bem?

Apertei os lábios.

― Eu acho que não ― levantei a cabeça e Pedro me abraçou. ― Aquilo fez eu me lembrar de coisas não muito legais, o senhor sabe...

― Eu sei ― apoiou a sua cabeça sobre a minha. ― E eu entendo.

No dia seguinte....

Dia 24, sexta-feira.

Entrei no prédio de Alexandre e falei com o porteiro. Ele telefonou para o apartamento de Violeta e disse que ela me deixou subir.

Subi pelo elevador, andei pelo corredor e a detetive estava já saindo da sua casa quando eu me aproximei.

― Sra. Lopez! ― acenei e ela me olhou, quase fechando a porta do apartamento.

― Ah, oi, Eric. Bom dia ― enfiou as mãos no bolso da calça e deixou a porta aberta. ― Ale está terminando o café da manhã.

― Ótimo ― sorri. ― Hm, como está o Lopez?

O sorriso de Violeta se desfez.

― Ele... não está nada bem ― pousou uma mão no peito. ― Mas... obrigada por apoiar o meu filho. Você está ajudando bastante ― sorriu fraco e eu retribui o gesto. ― Amanhã ele vai na casa do tio, para se distrair, sabe? ― me encarou e eu assenti. ― E... Ale queria ouvir você tocando violão ― franzi a testa. ― Algo sobre... uma aposta.

Ri ao ouvir aquilo.

― Mas enfim, tenha um bom dia, Eric ― a senhora Lopez se despediu e se afastou.

Sorri e entrei no apartamento. Fechei a porta atrás de mim e ouvi um barulho estranho.

Vinha do quarto da Alexandre.

Estremeci e corri para lá. Parei no batente da porta ao ver um garoto no banheiro, sentado em frente ao vaso sanitário.

― Alexandre! ― gritei, correndo até ele e me ajoelhando ao seu lado.

Ele levantou o rosto e me fitou com os seus olhos marejados.

― Não é a primeira vez ― Abelinha avisou e eu levantei as sobrancelhas.

― Alexandre, eu... ― parei de falar, pois não sabia o que dizer.

Ele sofria de bulimia.

― Há quanto tempo? ― olhei para ele e arrumei o seu cabelo.

Ele apertou os lábios.

― Há quanto tempo?

― Desde o início do ano ― olhou para baixo e eu me assustei com a sua resposta.

Trancado a Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora