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meses depoisAquilo doía.
Os gemidos sofridos que escapavam pelos meus lábios e eu não fazia questão de segurar deixavam claro o quanto estava doendo. Minha mão apertava a de Philippe com força, enquanto ele repetia que ficaria tudo bem, parecendo um pouco perdido sobre o que fazer naquele momento.
Ele não tinha muito o que fazer, na verdade. Aquela parte era comigo e com o Enrique, que parecia estar com bastante pressa para sair.
Os nove meses não demoraram para chegar e a minha ansiedade para entrar em trabalho de parto foi predominante nas últimas semanas. Agora que eu havia entrado, estava louca para sair e ter logo aquele bebê.
As contrações estavam cada vez piores e o espaço de tempo entre elas iam diminuindo.
— Isso dói! — Falo.
— Daqui a pouco vai passar. — Philippe falou e passou a mão em minha testa, secando o meu suor. — Você está sentindo alguma coisa sem ser as dores das contrações?
Apesar da dor, eu sorri. Gostava de como ele era todo preocupado sobre como eu estava me sentindo, a todo momento.
— Não, está tudo bem. — Respondo e o olho. — Um neném vai sair de dentro de mim e eu quero chorar de dor, mas tirando isso... — Dou de ombros.
Philippe riu e eu fiz careta ao sentir outra contração, mas dessa vez seguro o gemido de dor que quis sair.
— Daqui a pouquinho isso passa. — Afirmou e deixou um beijo em minha testa, ignorando completamente o suor. — Você está indo muito bem. — Sussurrou com o rosto próximo ao meu.
O mini sorriso em meu rosto sumiu devagar e, por um breve momento, o meu olhar desceu para a boca de Philippe.
Provavelmente a dor estava mexendo também com o meu cérebro, o confundindo e fazendo com que eu pensasse, mesmo que bem rapidamente, que queria sentir os lábios de Coutinho nos meus e imaginando o quão bom aquilo poderia ser.
Pela primeira vez aquele dia, eu agradeci por sentir uma contração. A dor fez com que saísse do transe que entrei e eu desviei a atenção de Philippe, encarando o teto branco da sala de hospital.
— Vamos começar, Ferri? — Ouço a voz da minha médica e confirmo rápido com a cabeça, apertando mais a mão do homem ao meu lado.
*
Um enorme sorriso estava estampado no meu rosto, enquanto eu olhava para todos os detalhes do rosto de Enrique e fazia carinho no mesmo.
— Ele é lindo. — Philippe falou encantado e eu o olhei rapidamente, logo voltando a atenção para o bebêzinho em meus braços.
— Muito lindo. — Sussurro.
O parto pareceu ter durado anos e eu cheguei a pensar que não seria capaz de dar a luz, sem contar na dor que eu sentia. Aquilo tudo desapareceu quando eu escutei o choro baixo de Enrique.
No lugar da expressão de dor, se abriu um sorriso e as lágrimas de felicidade e alívio desceram pelo meu rosto.
Quando me entregaram ele, me senti a mulher mais feliz e realizada do mundo.
— Igual ao pai. — Coutinho disse convencido e eu ri baixo para não atrapalhar o sono de Enrique.
— Você se acha. — Falo, olhando para ele, que sorria.
Para ser sincera, acho que não o vi sem um sorriso no rosto desde o momento em que seu filho nasceu. Dava para ver de longe o quão feliz ele estava e aquilo só fazia eu ter mais certeza ainda de que o bebê, que naquele momento estava aconchegado e dormia tranquilamente em meu colo, teria o melhor pai do mundo só pra ele.
— Obrigado. — Sussurrou, se aproximando mais de mim e passando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. Devolvi um olhar curioso para ele. — Por ter topado isso e por ter se empenhado tanto para que o Enrique viesse ao mundo saudável e bem.
Me perdi na imensidão dos castanhos dos olhos de Philippe e fiquei sem o responder, mas o meu rosto se aproximou mais do dele. Sua respiração contra o meu rosto fazia com que eu não conseguisse pensar direito e a mesma vontade de mais cedo voltou.
A vontade de o beijar. Beijar o marido da minha amiga.
O sentimento de culpa tomou o meu corpo quando eu percebi o que estava fazendo e me afastei rapidamente, olhando para Enrique. A pequena ação de olhar o pequeno fez com que eu me sentisse ainda pior, então o entreguei para Philippe.
— O que foi? Está tudo bem? — Perguntou confuso e eu confirmei com a cabeça, ainda sem o olhar. — Rapha...
— Está tudo bem. — Digo, colocando um falso sorriso no rosto e me forçando a olhar para ele. — Você não precisa me agradecer, fico feliz por ter realizado o seu sonho e da Ainê, mesmo que... bom, você sabe.
Coutinho deu um meio sorriso e olhou para o filho, fazendo carinho no mesmo.
— Ela estaria muito feliz. — Sussurrou.
Não o respondi, desviando o olhar para um ponto qualquer do quarto de hospital e me encolhendo sobre a maca, ainda com o sentimento de culpa por chegar a pensar em beijar Philippe.
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Recomeço ━━ Philippe Coutinho
Fanfiction✿*:・゚ ㅤ A dor de perder o grande amor da sua vida é inexplicável, e Philippe Coutinho estava a sentindo, além de também acusar a si mesmo como o culpado pelo acidente de carro que sofreu com a mulher, Ainê Coutinho, onde esta acabou perdendo a vida...