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Sabia que estava apertando a mão de Raphaelle com mais força do que o necessário, mas não conseguia soltar

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Sabia que estava apertando a mão de Raphaelle com mais força do que o necessário, mas não conseguia soltar. Era como um apoio. Sentir o carinho que ela fazia nas costas da minha mão com o seu polegar, fazia com que eu me distraísse e esquecesse, ao menos que por meros segundos, que estava dentro de um carro.

Parecia uma criança assustada. Daquelas que pegava trauma de algo e então chorava sem parar quando acabava entrando em contato com o que a traumatizou.

Eu não estava chorando, mas confessava que sentia vontade.

Agradeci muito, em silêncio, quando o motorista do táxi parou na frente da clínica e eu pude finalmente descer do veículo e puxar o ar com força, um pouco ofegante, como se eu estivesse ficando sufocado lá dentro.

— Está tudo bem. — Raphaelle sussurrou e eu senti sua mão em meu braço, fazendo carinho ali. — Respira devagar, já descemos e não vai acontecer nada.

Obedeci o pedido dela e puxei o ar devagar, o soltando de maneira mais lenta ainda e sentindo um peso sair dos meus ombros.

— Desculpa pela sua mão. — Murmuro envergonhado, vendo a mesma um pouco vermelha.

— Ah, relaxa! Eu vou devolver isso na sua, na hora do parto. — Brincou e eu sorri de leve. — Vamos? Já está quase dando o horário que marcamos.

Confirmo rápido com a cabeça e a sigo até a entrada da clínica, logo avistando as paredes claras já conhecidas por mim e alguns banners sobre gravidez e outras coisas relacionadas ao tema.

A clínica era especializada em tal assunto e, depois de muita pesquisa da parte de Ainê e Raphaelle, as duas concordaram que aquela era a melhor para que pudéssemos dar início ao procedimento e iniciar as tentativas.

E logo de primeira conseguimos.

Minha mulher estaria feliz com aquilo. Apenas de imaginar o enorme sorriso em seu rosto com a notícia, o meu coração se apertava e eu tinha vontade de ir para o refúgio do meu quarto e ficar lá para sempre, na companhia de suas fotos.

Chegava a me perguntar se algum dia eu me acostumaria com a falta dela ou me conformaria com sua morte.

A resposta era sempre não.

*

Segundo a médica que nos atendia desde o começo daquilo tudo, o bebê estava em ótimo estado e ela afirmou, também, que Raphaelle estava bem o suficiente para não corrermos risco de ser uma gravidez com complicações.

Ainda assim, passou cuidados que a gestante deveria tomar durante aquele início e nós dois a ouvimos atentamente.

Após aquilo, fomos embora da clínica.

— O que você acha que vai ser? — Raphaelle perguntou e eu a olhei, desviando a atenção do volante do carro, que era guiado pelo taxista.

Minha mão estava entrelaçada à dela e, como na ida, seu carinho me acalmava um pouco.

— Menino ou menina? — Continuou.

— Confesso que quero muito um garotinho. — Sorrio. Provavelmente o sorriso mais largo e sincero que eu havia dado nos últimos dias. — Mas o que vier, eu vou amar incondicionalmente.

— Sei que não tenho direito algum nisso de "querer", mas uma garotinha seria legal. — Disse também sorrindo. — E se for gêmeos?

Arregalo os meus olhos, completamente assustado com a pergunta e com a imagem que a minha mente fez de eu segurando um bebê em cada braço e os dois chorando sem parar.

— Eu iria ficar maluco! — Digo e Rapha ri, me fazendo sorrir outra vez.

— Imagino você gritando: Josefina, Joseval, venham comer! — Falou brincalhona.

Uma gargalhada escapou pelos meus lábios e eu tive que tombar a cabeça para trás, imaginando a cena e rindo daqueles nomes.

— Eu não vou chamar os meus filhos de Josefina e Joseval! — Afirmo ainda rindo e volto a atenção para o rosto de Raphaelle, que tinha um sorriso estampado no mesmo.

— Algum problema com esses nomes? Você é josefóbico, por acaso? — Perguntou.

— Longe de mim. — Digo sorrindo. — Só acho que tais nomes não vão combinar com o meu bebê, independente do sexo. Posso encontrar outros melhores no Google.

— Impossível. — Falou. — Não há nomes melhores do que Josefina e Joseval.

— Você tem um gosto meio ruim para nomes. — Falo e ela dá de ombros.

— Puxei da minha mãe. — Comentou. — Quem nomeia a filha de Raphaelle com PH e dois L's?

— Quem nomeia o filho de Philippe com PH e dois P's?

Raphaelle explodiu em uma gargalhada e eu ri, a observando até a mesma se recuperar.

— Que mães horríveis nós dois temos. — Disse no fim.

Iria a responder, mas reparei que o carro havia estacionado e eu avistei a frente da minha casa assim que olhei pela janela do veículo.

Sorrio, vendo que eu ao menos havia reparado o tempo passar enquanto conversava e ria com Raphaelle. Risadas essas que eu já não dava a algumas semanas.

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eu já falei que fico empolgada em começo de fanfic?

Recomeço ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora