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A água morna bateu contra o meu corpo e eu senti meus músculos relaxarem

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A água morna bateu contra o meu corpo e eu senti meus músculos relaxarem. Fechei os olhos e tentei achar ali algum tipo de conforto, mas só me veio a vontade de chorar.

Vinha me segurando para não fazer aquilo desde a hora do almoço, mas agora eu poderia deixar as lágrimas rolarem pela meu rosto sem pudor algum.

Quando percebi que sentia coisas por Philippe eu me culpei mais do que tudo. Torcia para que fosse coisa da minha cabeça e pedia para que passasse o mais rápido possível, porque eu não queria trair a minha amiga. E então, depois de tanto me torturar com aquilo e pedir perdão para Ainê, decidi ouvir o meu coração e ficar com Philippe.

E me arrependia daquela decisão todas as vezes que alguém insinuava que eu havia "roubado" o marido da minha amiga.

Amava ficar com Philippe. Gostava dele e eu queria que desse certo, mas sempre que aquilo acontecia eu só queria acabar com tudo o que tínhamos e ficar longe.

Era que eu estava fazendo, ficando longe. O caminho de volta para casa foi silencioso e o resto do nosso dia também, onde o evitei o máximo possível para que ele não tentasse perguntar se estava tudo bem e eu chorasse como um bebê.

Depois de um tempo colocando tudo para fora através das lágrimas, pude voltar a focar no meu banho e o terminar.

Saio do banheiro e procuro uma roupa confortável, colocando um dos meus pijamas. Deixo o quarto minutos depois e caminho até o de Enrique, o encontrando dormindo calmamente no berço.

Dou um meio sorriso e deixo um cheiro em sua cabeça.

Me viro para sair do quarto e assim que passo pela porta me bato no peito de Philippe, que apareceu de repente.

— Você vai fingir que não estou bem na sua frente como fingiu o dia inteiro? — Perguntou e eu suspirei fundo, levantando o meu olhar para ele. — Podemos conversar?

— Philippe, eu não...

— Eu sei que o que a minha mãe falou te deixou chateada. — Começou e eu o interrompi antes que ele continuasse.

— O que ela falou, o que a mãe da Ainê falou, o que todos os familiares de vocês dois devem estar falando de mim... — Digo, como se estivesse contando. — Não é como se eu já não estivesse me acostumando.

Fecho a porta do quarto de Enrique e me encosto na parede ao lado, cruzando os braços.

— Você não tá.

— É claro que não, Philippe! — Falo e sinto um bolo se formar em minha garganta. — De tanto falarem, já estou voltando a achar que isso tudo é um erro e não vamos dar certo nunca, porque eu não vou nem conseguir olhar para o seu rosto sem me sentir a pior pessoa do mundo.

— Rapha...

— Eu já me senti culpada o suficiente todos esses meses até nos envolvermos e não quero sentir aquilo de novo. — O interrompo, com a voz embargada.

— Você não precisa. — Afirmou e se aproximou, segurando em meus braços e fazendo carinho nos mesmos. — Você não tem que se sentir culpada de nada, porque isso não é errado. Nós dois queremos isso e nós dois estamos livres.

— Coloca isso na cabeça dos outros.

— Nós não precisamos provar nada para ninguém, meu bebê. — Sussurrou. — Você gosta de mim e eu gosto de você.

— Eu sei. — Digo no mesmo tom e sinto meu queixo tremer, como um aviso de que logo, logo eu começaria a chorar. — Também sei que não precisamos da aprovação de ninguém, mas não é fácil ser xingada e julgada apenas por estar com a pessoa que eu gosto. Eu não quero isso.

— Você quer dizer que quer terminar comigo? — Perguntou baixo, parando com o carinho em meus braços.

— Eu não quero terminar, eu só não quero... — Me interrompo, começando a chorar. — Não quero me sentir assim, Philippe.

Seus braços me rodearam e ele me puxou para um abraço apertado, deixando alguns beijos no topo da minha cabeça. Aproveitei para relaxar sentindo o cheiro de seu perfume e o calor do seu corpo no meu.

Não era necessário Philippe fazer muito para conseguir me acalmar.

— Vai ficar tudo bem. — Sussurrou. — Nós podemos passar por essa juntos, já passamos por outras coisas.

— Já. — Murmuro, concordando.

— Prometo que vai ficar tudo bem. — Deu a palavra, segurando em meu rosto e fazendo com que eu o encarasse. — Ok?

— Ok. — Sussurro.

Philippe sorriu e fez carinho em meu rosto, me dando o selinho mais delicado do mundo e me puxando para outro abraço.

— Eu quase borrei as calças achando que você iria querer terminar. — Contou e eu gargalhei. — É sério. Vamos combinar de nunca dizer essa palavra outra vez?

— Combinado. — Digo e levanto o meu rosto, juntando nossos lábios. — Terminar é uma palavra proibida agora.

— Está bem, nada de falar "terminar".

— Philippe!

— Uh, foi mal! — Disse, arregalando os olhos. — A partir de agora.

Nego com a cabeça e ele sorri, enchendo o meu rosto de beijos e fazendo com que um sorriso bobo aparecesse no mesmo.

Eu iria confiar nele e viveria aquele nosso momento com a maior intensidade possível, acreditando que tudo irá mesmo ficar bem.

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Recomeço ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora