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A dor de perder o grande amor da sua vida é inexplicável, e Philippe Coutinho estava a sentindo, além de também acusar a si mesmo como o culpado pelo acidente de carro que sofreu com a mulher, Ainê Coutinho, onde esta acabou perdendo a vida...
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Raphaelle dormia profundamente, ainda com a mão na curva do meu pescoço. Eu costumava dormir primeiro nas nossas noites juntos, sentindo o carinho que ela fazia em minha nuca, mas aquela foi diferente e a morena pegou no sono antes de mim.
Passo a ponta do meu dedo pelo seu rosto, ouvindo ela suspirar e se aconchegar mais na cama. Sabia o quanto ela estava cansada e as olheiras abaixo de seus olhos demonstravam bem aquilo, mas ainda assim ela era linda.
Fecho os olhos por um breve momento e suspiro, repreendendo o pensamento e afastando o meu dedo do seu rosto.
Não sabia o que estava acontecendo comigo nos últimos dias. Raphaelle vivia em meus pensamentos e a falta que eu estava sentindo de dormir ao lado dela me causava insônia.
Aquilo era estranho. Nunca havia sentido tanta vontade de estar perto de alguém sem ser a Ainê e sentia como se estivesse a traindo estando deitado com Raphaelle naquele instante, mesmo que não passasse daquilo.
Não me lembrava em que momento eu tinha deixado aquilo acontecer, quando eu havia me aproximado tanto dela que não conseguia a deixar longe, mas sentia que não era certo.
Suspiro outra vez, tirando a mão dela do meu pescoço e deixando um beijo demorado em sua bochecha.
Ajeito o cobertor sobre o seu corpo e me levanto, saindo do quarto.
*
— Você levantou cedo hoje? — Raphaelle perguntou e eu levantei o olhar, a encarando pela primeira vez aquela manhã.
Estávamos sentados à mesa, tomando café. Quando ela chegou nos cumprimentamos com um "bom dia" breve e logo depois o silêncio tomou conta do ambiente.
Olho confuso, não entendendo a pergunta.
— É que quando acordei você não estava mais na cama. — Explicou.
Eu deveria ter respondido a pergunta com qualquer coisa, pois agora eu não fazia ideia do que falar para explicar o que aconteceu. A verdade é que eu não sabia como dizer que havia me sentido culpado por estar com ela, mesmo que não estivéssemos fazendo nada demais.
— Ahn... — Murmuro, limpando a garganta. — É, eu acordei um pouco cedo hoje. — Digo baixo.
Raphaelle me encarou, inclinando de leve a cabeça para o lado. Limpo a garganta outra vez e desvio o olhar do dela, encarando a omelete em meu prato.
— Entendi. — Sussurrou.
O silêncio voltou, mais desconfortável do que antes. Um tempo depois ouvimos o choro baixo de Enrique, que foi uma bela oportunidade para que eu me levantasse do meu lugar e pedisse licença, saindo da cozinha.
Não demorei para chegar ao quarto do meu filho, vendo ele com o rosto vermelhinho.
— O que foi, meu amor? — Pergunto, o pegando no colo. — Você não gosta de ficar sozinho?
Caminho devagar pelo quarto, balançando o menino em meus braços até ele se acalmar. Quando aconteceu, eu me sentei na poltrona, o aconchegando em meu peito e fazendo carinho em suas costas.
Ser pai era incrível. O sentimento era indescritível e eu seria capaz de tudo para proteger o meu Enrique.
— Bebê, o papai te ama muito. — Sussurro, deixando um beijo no topo de sua cabeça. — Muito mesmo.
[...]
Passo as mãos pelo meu rosto com força, levando elas até o meu cabelo e o puxando de leve, querendo tirar Raphaelle da minha cabeça pelo menos por alguns segundos.
Nós dois mal nos falamos hoje e mesmo eu gostando dos nossos momentos em silêncio, aquele era incrivelmente desconfortável.
— O que está acontecendo comigo? — Murmuro, me sentando na cama e encarando a porta do meu quarto.
Podia a ver ali, perguntando se eu queria conversar com o bebê. Havia se tornado rotina ela aparecer na porta do meu quarto dizendo aquilo e depois nós dois dormindo juntos.
Era inegável o quão bem sua companhia me fazia.
Suspiro fundo e em um impulso levanto da cama, caminhando para fora do meu quarto e não demorando para alcançar a porta do quarto de Raphaelle. Paro na frente da mesma, pensando se eu deveria mesmo fazer aquilo.
Não cheguei a completar o pensamento, batendo na porta. Escuto atentamente, esperando por alguma resposta, mas não ouvi nada.
— Rapha? — Chamo e mordo o lábio em nervosismo. — Você quer conversar com o bebê? — Faço a mesma brincadeira da noite anterior.
O silêncio dominou todo o corredor, até a voz de Raphaelle o quebrar, de maneira abafada, mas em bom som o suficiente para que eu escutasse: