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Saio do banheiro e seco rapidamente o meu cabelo, colocando uma roupa leve para ficar em casa e saindo do quarto logo depois

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Saio do banheiro e seco rapidamente o meu cabelo, colocando uma roupa leve para ficar em casa e saindo do quarto logo depois.

A casa estava silenciosa, já que só eu estava ali.

Encontro o meu celular e o pego, sentindo a preocupação tomar todo o meu corpo assim que vi várias ligações perdidas de Rebecca na tela do aparelho. Começo a ligar para ela no mesmo segundo, temendo ter acontecido algo com Enrique.

O combinado era ela ir buscar o garoto na escolinha aquele dia, já que iriam tomar sorvete juntos no final da tarde.

Alô? — A voz de Rebecca soou em meu ouvido.

— Oi. — Digo rápido. — Está tudo bem? Aconteceu alguma? Cadê o Enrique? — Disparo.

Rapha, oi! — Falou. — Calma, não precisa se preocupar. Está tudo bem, nada aconteceu e o Enrique está ótimo.

— Você me ligou várias vezes. — Falo após suspirar aliviada e coloco uma mão na cintura, começando a andar pela sala.

Sim, eu sei, é que eu vou me atrasar um pouquinho para sair do trabalho hoje e não queria que o Enrique ficasse me esperando sozinho na escolinha. — Explicou.

— Ele ainda está lá? — Pergunto confusa.

Não, eu pedi para a minha mãe...

Paro de ouvir o que Rebecca dizia e de andar, escutando apenas a minha mente ecoar o "minha mãe" que a tia do meu filho havia dito.

Imaginar o meu Enrique nas mãos daquela mulher fez com que toda a preocupação voltasse, juntamente com o medo de alguma coisa acontecer. Talvez ela não fosse doida a ponto de machucar uma criança, mas eu temia o que ela poderia dizer a ele.

— O que o meu filho está fazendo com a sua mãe, Rebecca? — Pergunto séria.

Rapha, me desculpa. Eu garanto que a minha mãe não vai fazer nada com o Enrique, eu só recorri a ela porque não estava conseguindo falar com você ou com o Philippe.

— Então desse você um jeito de ir o buscar, como combinamos! — Falo.

Desligo a ligação antes de ouvir uma resposta e pego a chave do meu carro, saindo apressada de casa.

*

Respiro fundo pela milésima vez e toco com firmeza a campainha da grande casa na minha frente, segurando por mais tempo que o necessário.

Era estranho estar ali outra vez, agora que eu não era mais bem cima à residência. Lembrava claramente de quando vinha com Ainê e todos me tratavam como se eu fizesse parte da família, uma pena que tudo desandou quando ela se foi.

A porta se abriu e eu dei um passo para trás, encontrando Inês.

— O que está fazendo na porta da minha casa? — Perguntou.

— Cadê o meu filho? — Retruco.

— Filho da Ainê. — Corrigiu. — O meu neto está conhecendo a família por parte materna dele, se você puder me dar licença... — Falou, tentando fechar a porta.

Seguro na mesma, impedindo que aquilo acontecesse.

— Não, eu não posso. — Digo. — Eu vim buscar o Enrique e só saio daqui com ele.

— Garota, quem você está pensando que é? — Perguntou com desdém. — Não passa de uma dissimulada, falsa, que não esperou nem a "melhor amiga" ser enterrada antes de ficar com tudo o que era dela.

Respiro fundo, ignorando todas as palavras proferidas e olhando para trás dela à procura de Enrique.

— Você não vai tomar o meu neto também, Raphaelle.

— Não tem como eu te tomar o que não é seu. — Falo, a encarando. — Você pode gritar aos quatro ventos que é a avó dele, mas não é. Você nunca se importou com o Enrique. Jamais bateu na porta da casa onde moramos e falou "vim ver o meu neto", "vim pegar o meu neto para passear", ou ao menos mandava mensagem perguntando como ele estava.

— Isso porque...

— Porque você não quis! — A interrompo. — Se você quer me atingir de alguma maneira para me "castigar" por ter seguido a minha vida depois da morte da Ainê, pode falar tudo o que quiser sobre mim e me xingar de todos os nomes, mas não usa o meu filho pra isso.

— Eu nunca usaria o filho da Ainê para atingir uma sem importância como você. — Falou. — Vai embora da minha casa.

— Não vou. — Digo entredentes e me aproximo mais dela. — Quero o Enrique agora!

— Ok. — Murmurou e a minha expressão mudou para confusa pela resposta. Não era o que eu estava esperando. Achava que ela insistiria mais em ficar com ele e me mandaria embora novamente. — Enrique!

Logo eu escutei os passos dele e olhei para trás de Inês, vendo o meu menino se aproximar.

— Oi, vovó. — Falou sorridente.

— Enrique. — Chamo e tento me aproximar dele, sendo impedida pelo corpo de Inês, que entrou na minha frente. — Vamos pra casa, meu amor.

Ele me encarou com os olhinhos arregalados e olhou para Inês em seguida.

— Você quer ir com ela, Enrique?

— É claro que ele quer ir comigo! — Digo. — Vem com a mamãe, Enrique. — Chamo, estendendo minhas mãos para ele.

O menino continuou parado, sem saber se olhava para mim ou para Inês. Sinto o meu queixo tremer e respiro fundo para não começar a chorar.

— Enrique. — Chamo novamente. — Vamos.

Como resposta, ele negou com a cabeça e se escondeu atrás da mulher à minha frente.

— Passar bem, Raphaelle. — Ouço e antes que eu pudesse responder a porta bateu, se fechando.

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Recomeço ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora