05

3.3K 304 79
                                    

*

— Bom dia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Bom dia.

Pulo de susto assim que ouço a voz de Raphaelle e me viro rapidamente, a encontrando sentada no sofá. Ela assistia alguma coisa, enquanto passava um creme em sua barriga, fazendo movimentos circulares sobre a mesma.

Dou um leve sorriso, encarando a elevação que continuava a crescer naquela parte de seu corpo.

— Bom dia, Raphaelle. — Digo. — Dormiu bem?

Ainda não havia me acostumado com a presença da morena na minha casa, mesmo que a iniciativa e a insistência para que ela fosse passar um tempo ali tivesse sido minha.

Após o ocorrido do quase aborto espontâneo, fiz questão de a deixar por perto.

Já fazia algumas semanas, mas eu ainda me assustava quando ouvia a sua voz de repente na casa silenciosa e chegava a lembrar de quando era a Ainê quem quebrava o silêncio, sempre soltando um grito ou gargalhada repentina.

Sem contar quando ela começava a falar sem parar sobre todas as coisas do mundo e eu a olhava atentamente. Não atento ao que saía de sua boca, mas sim nela, a admirando.

Ainda chorava de madrugada com saudades dela.

— Sim, e você? — Devolveu a pergunta.

— Também. — Digo baixo. — Já tomou café da manhã? Posso preparar algo pra você.

— Ah, não precisa. — Respondeu e me olhou com um enorme sorriso no rosto. — Eu tomei um café da manhã daqueles, estamos cheios até agora.

Rio e balanço a cabeça de maneira afirmativa.

— Isso é ótimo. — Sorrio. — Vou comer alguma coisa também. Não estou com um bebê na barriga, mas a minha fome também é de duas pessoas.

— Isso é gula. — Falou rindo e eu mostrei a língua, caminhando até a cozinha em seguida e a deixando na sala.

Apesar de ainda não ter me acostumado, era bom não ficar sozinho naquela casa sendo acompanhado apenas pelos pensamentos ruins que haviam tomado conta da minha cabeça nos últimos meses.

Ficar com Raphaelle havia melhorado a maneira como eu lidava com a dor de uma perda.

Juntos, tentávamos nos reerguer e cuidar daquele bebê, que ainda estava dentro dela.

*

Brinco com o meu cabelo, encarando o teto do meu quarto e sendo afastado dos meus pensamentos por batidas leves na porta do cômodo. Olho para lá, franzindo o cenho e me sentando na cama.

— Entra. — Peço.

Logo Raphaelle colocou a cabeça para dentro do quarto e eu me estiquei, acendendo a luz do abajur, que junto à luz fraca que entrava pela janela, iluminou o cômodo e me fez ter uma visão melhor do rosto da mulher.

— Você estava dormindo? — Perguntou receosa.

— Não. — Respondo. — Está tudo bem? Você está sentindo alguma coisa? — Pergunto preocupado e faço menção de me levantar, mas Rapha levantou a mão, acenando que eu não precisava fazer aquilo.

— Está tudo bem. — Afirmou e entrou um pouco mais no quarto. — Não estou conseguindo dormir, então vim ver se sou a única com esse problema.

— Garanto que não. — Rio baixo.

Ficamos em silêncio e ela pressionou os lábios, olhando para todo o quarto, como se já não o conhecesse.

A observo, vendo ela andar devagar pelo cômodo e parar próxima a escrivaninha, pegando um quadro e o analisando. Forçando um pouco as vistas eu reconheci a foto que Ainê guardava com enorme carinho.

Ela e a amiga vestidas de caipira, em uma festa junina que havíamos ido juntos.

— Sinto muita saudade dela. — Raphaelle sussurrou e alisou a foto, como eu fazia quando tentava matar um pouquinho da falta que eu sentia de poder sentir a pele da minha mulher em contato com a minha.

— Também sinto. — Digo baixo.

A morena colocou o quadro sobre o móvel e voltou a se virar para mim, me encarando. Quando eu estava prestes a perguntar se ela precisava de algo, a mesma falou:

— Você quer conversar com o bebê?

Meu cenho se franziu devagar e eu inclinei a cabeça para o lado, olhando curioso para ela.

— Como? — Pergunto, sem entender.

— Bom, eu vi na internet que é sempre bom ir conversando com o neném, mesmo ele ainda dentro da barriga. — Contou e brincou com as próprias mãos. — Já converso com ele, todos os dias, mas você não.

— Não é um pouco cedo?

— Ele pode sentir você. — Falou.

Olho para a sua barriga, que estava coberta pela blusa folgada do pijama que ela usava.

— Está bem. — Murmuro e me ajeito na cama, dando espaço para que ela se sentasse ali.

Raphaelle deu um meio sorriso e caminhou até lá, se deitando devagar na cama e ajeitando a cabeça sobre alguns travesseiros. Suas mãos levantaram um pouco a blusa, deixando a elevação da barriga livre da vestimenta.

Torno a me remexer na cama, me deitando de maneira que conseguisse ficar bem próximo daquela parte do seu corpo.

— O que eu falo? — Pergunto baixo.

— Qualquer coisa que você quiser. — Respondeu no mesmo tom e eu mordi o lábio.

Levo minha mão para sua barriga, fazendo um carinho leve ali com as pontas dos dedos. Vi alguns pelinhos daquela região do corpo de Raphaelle se arrepiar e dei um meio sorriso por aquilo, continuando com os movimentos.

— Oi, amor do papai... — Sussurro, começando.

**
🥺

Recomeço ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora